Ibovespa sobe 2,15% com esforço anti-coronavírus; dólar cai a R$ 5,10 após atuação conjunta Fed-BC

Mercado registrou alívio devido ao noticiário um pouco melhor e às medidas governamentais para conter a pandemia

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (19) em um pequeno alívio diante das fortes quedas recentes. Os investidores aqui acompanharam a redução no pessimismo lá fora. Os índices Dow Jones e S&P 500 subiram cerca de 1% com estímulos e notícias levemente melhores sobre a pandemia de coronavírus.

Da parte das medidas para mitigar os efeitos da Covid-19 na economia, o Bank of England (banco central da Inglaterra) cortou os juros em 15 pontos-base para 0,1% ao ano. A autoridade monetária também elevou sua compra de títulos da dívida britânica em 200 bilhões de libras, para 645 bilhões de libras.

Na noite da véspera, o Banco Central Europeu (BCE) lançou um pacote de 750 bilhões de euros para prover liquidez aos mercados. “Tempos extraordinários pedem medidas extraordinárias”, disse Christine Lagarde presidente do BCE, que era contrária a injetar dinheiro nos mercados.

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O Ibovespa fechou com alta de 2,15% a 68.331 pontos com volume financeiro negociado de R$ 34,195 bilhões.

Enquanto isso, o o dólar comercial registrou queda de 1,8%, a R$ 5,102 na compra e R$ 5,1041 na venda. O câmbio refletiu o anúncio do Federal Reserve de que irá emprestar dólares aos bancos centrais do Brasil e outros oito países para aliviar a tensão nos mercados.

Além do Brasil, as operações fornecerão empréstimos de até US$ 60 bilhões aos bancos centrais da Austrália, Coreia do Sul, México, Cingapura e Suécia e de US$ 30 bilhões em bancos centrais na Dinamarca, Noruega e Nova Zelândia. Os novos swaps permanecerão em vigor por pelo menos seis meses.

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O dólar futuro para abril teve baixa de 0,56% a R$ 5,079.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 disparou 53 pontos-base a 5,77%, o DI para janeiro de 2023 subiu 45 pontos-base a 6,96% e o DI para janeiro de 2025 registrou ganhos de 28 pontos-base a 7,98%.

Os investidores também monitoraram também as falas do presidente americano Donald Trump. Ele disse que que a entidade reguladora de medicamentos do seu país vai acelerar o processo para aprovação de terapias contra a Covid-19 enquanto uma vacina está sendo desenvolvida. Ele citou especificamente o medicamento Remdesivir, ainda em fase de experimentação.

No mundo todo, o número de casos da doença atingiu 220.691, com 8.957 mortes. Só a Itália registrou 475 mortes em um único dia. Por outro lado, em Hubei, província chinesa que foi o epicentro da doença, nenhum novo caso de infecção por Covid-19 foi registrado ontem, pela primeira vez desde que a pandemia começou.

Ontem, a Bolsa de Valores de Nova York informou que temporariamente vai suspender o pregão viva-voz e manter negociações apenas na via eletrônica para cumprir as medidas de segurança de evitar aglomerações.

Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa de juros básica Selic em 0,5 ponto percentual para 3,75% ao ano. Os integrantes do comitê falaram em “cautela” e disseram que “neste momento [o Banco Central] vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar”, o que foi visto como um corte “hawkish”.

Conforme destaca o Credit Suisse, no geral, o comunicado divulgado após a reunião do Copom sugere que o Banco Central será mais sensível à evolução do cenário macroeconômico em suas próximas reuniões.

“No ambiente atual, o principal objetivo da autoridade monetária deve ser o de garantir a estabilidade do mercado financeiro, pois o impacto da redução da taxa de juros na atividade econômica deve ser menor do que usual e menos eficaz para compensar os efeitos negativos da crise da Covid-19”, avaliam.

Estando os mercados financeiros mais calmos, os economistas veem algum espaço para maior flexibilização da política monetária como resultado da alta probabilidade de deterioração dos indicadores de atividade econômica próximos meses.

“Como resultado, esperamos agora que o Copom reduza a Selic em mais 50 pontos base, com a taxa Selic caindo para 3,25% ao ano ano, com estabilidade da taxa de juros nesse nível até meados de 2021”, avaliam.

Coronavírus: política e economia

A Câmara aprovou o decreto que reconhece calamidade pública até 31 de dezembro e permite o descumprimento da meta fiscal. Ele é base para as medidas de estímulo anunciadas pela equipe econômica. Também foi aprovada a MP 899, que permite renegociação de dívidas e também foi usada como suporte para algumas das medidas já anunciadas pelo governo. O Senado precisa votá-la na semana que vem para manter a eficácia da medida.

Já o presidente Jair Bolsonaro mudou o tom e mudou seu discurso sobre o coronavírus, reconhecendo a gravidade do momento, ressaltou ter tido apoio incondicional da Câmara e do Senado na aprovação de medidas de enfrentamento e classificou como “movimento espontâneo da população” e “expressão da democracia” o panelaço contra seu mandato que estava marcado para o fim do dia.

Vale destacar que o São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Distrito Federal registraram panelaços na noite desta quarta contra o presidente Jair Bolsonaro. Além de bater panelas, as pessoas gritavam “fora, Bolsonaro”, expondo um maior desgaste do presidente em meio à crise do coronavírus.

A expectativa é por mais impactos na economia. A Prefeitura de SP determinou o fechamento do comércio até 5 de abril, enquanto o governo do estado paulista ordenou o fechamento de todos os shoppings e academias da grande São Paulo.

Em meio ao cenário de desaceleração econômica,  o JPMorgan fez a revisão mais drástica para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para este ano entre grandes bancos, passando de uma estimativa de alta de 1,6% para queda de 1% (a primeira contração anual desde 2016) e projetando uma “profunda recessão” no primeiro semestre. O Goldman Sachs também cortou sua estimativa para 2020, passando de expansão de 1,5% para queda de 0,9%.

Noticiário corporativo

A Lojas Renner anunciou a interrupção do funcionamento de suas lojas na Grande São Paulo a partir desta quinta, diante da pandemia do novo coronavírus. Em fato relevante, a companhia informou ainda que o horário de funcionamento de suas demais unidades será reduzido, mas não deu detalhes.

A Petrobras informou na noite de ontem que iniciou a fase vinculante para a venda dos blocos de Golfinho e Camarupim, em águas profundas na Bacia do Espírito Santo. Segundo a estatal, os interessados receberão carta-convite para participar do processo. Em outro comunicado, a petrolífera informou que adiou para 30 de abril o prazo de entrega das propostas dos interessados em comprar sua participação de 51% na Gaspetro.

Já a Tecnisa registrou prejuízo líquido de R$ 59,627 milhões no quarto trimestre de 2019, queda de 7,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os números de, Cyrela, Copasa, EzTec, Marisa e Tenda serão divulgados após o fechamento do mercado, enquanto a Braskem anunciou que vai adiar a data de divulgação dos resultados.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.