Ibovespa cai mais de 2% pressionado por Vale, exterior e questão de combustíveis; dólar sobe a R$ 5,43

Noticiário internacional segue trazendo incertezas para o ambiente do mercado doméstico

Ricardo Bomfim

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa tem forte queda na sessão desta terça-feira (28) puxado pelas ações da Vale (VALE3), que caem mais de 3% e contribuem para empurrar o índice para baixo junto com questões como a pressão sobre a Petrobras (PETR3; PETR4) por conta dos preços de combustíveis.

Em relação à Vale, o papel reage às preocupações com a oferta de energia da China conforme as restrições ao uso do carvão no país começam a impactar indústrias como a siderúrgica. Importante lembrar que diversas empresas reduziram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) da China. Na segunda, o Goldman Sachs cortou sua expectativa sobre o crescimento do PIB do país de 8,2% para 7,8%. O Nomura reduziu sua previsão de 8,2% para 7,7%.

Hoje é um dia negativo também em Wall Street, onde os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuam na esteira do aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, que chegaram a 1,545% durante a noite, saindo de 1,482%. As apostas são de que o banco central americano realmente irá cortar seu programa mensal de estímulos.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Também no radar, o petróleo vira para queda após o barril do Brent bater brevemente os US$ 80 em meio a preocupações com a oferta devido aos furacões Ida e Nicholas, e com possibilidade cada vez maior de uma crise global de energia.

Há atenção ainda para discursos de Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, e de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no Senado americano. Powell disse que a economia dos EUA está longe de alcançar o pleno emprego, e que este é um componente importante dos critérios para elevar as taxas de juros.

Por aqui, os investidores repercutem a pressão sobre a Petrobras devido aos preços de combustíveis. Depois de 85 dias a estatal aumentou o valor do diesel nas refinarias de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,25 por litro, ou uma alta de 8,90%.

Continua depois da publicidade

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que os deputados buscarão alternativas para para evitar novos reajustes em combustíveis e no gás de cozinha. O tema será discutido na reunião do Colégio de Líderes prevista para a próxima quinta-feira. Segundo Lira, o Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7 e o gás a R$ 120.

Outro fator que impacta o mercado hoje é a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo a qual o Banco Central ponderou subir os juros para além do ajuste de 1 ponto que acabou adotando, mas chegou à conclusão que a dose era adequada.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB, a novidade do documento é deixar o cenário um pouco mais aberto para elevações da Selic em mais de um ponto. Para ele, quando a ata diz que “essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego” o BC mostra que não está olhando só para a inflação, mas também para como não penalizar tanto a atividade e o mercado de trabalho.

Continua depois da publicidade

“Entendo que ele faça duas altas de 1 ponto até o final do ano. Porém, com esse texto de hoje ele deixou mais aberto para que se as coisas até exatamente daqui um mês, no final de outubro, piorarem bastante em termos de inflação, expectativas e riscos fiscais, ele possa fazer uma alta maior”, avalia.

Depois do fechamento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participa de dois eventos, e às 14h30 (horário de Brasília) sai o resultado consolidado do governo central.

Às 12h46 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha queda de 2,02%, a 111.290 pontos.

Publicidade

Enquanto isso, o dólar comercial opera em alta de 1,11% a R$ 5,437 na compra e a R$ 5,438 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em outubro registra ganhos de 0,76% a R$ 5,438.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe três pontos-base a 7,18%, DI para janeiro de 2023 tem alta de 11 pontos-base a 9,19%, DI para janeiro de 2025 avança 11 pontos-base a 10,28% e DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de oito pontos-base a 10,66%.

Sobre o Fed, Powell preparou declarações nas quais afirma que a inflação pode persistir mais tempo do que o esperado. “A inflação está elevada e deve permanecer assim nos próximos meses antes de ficar moderada (…) Conforme a economia continua a reabrir e os gastos são retomados, vemos uma pressão sobre os preços, particularmente por conta de gargalos em alguns setores. Esses efeitos vêm sendo maiores e mais duradouros do que o previsto, mas vão arrefecer e, assim que isso ocorrer, a inflação deve recuar à nossa meta de prazo mais extenso, de 2%”.

Continua depois da publicidade

Os EUA passam também por um risco de paralisação do governo se um novo orçamento não for aprovado até quinta-feira, quando deve ser votado na Câmara o projeto de US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura proposto pelo presidente Joe Biden e já aprovado no Senado.

Já os mercados europeus digerem as incertezas em relação às eleições na Alemanha, após a votação no domingo. O Partido Social Democrata (SPD na sigla em alemão) obteve a maior parcela dos votos, 25,7%, enquanto que o bloco de tendências de direita de Angela Merkel, formado por União Democrática Cristã e União Social Cristã, obteve 24,1% dos votos.

Agora, é provável que as negociações entre esses dois grandes partidos e dois partidos menores, o Verde e os Democratas Livres, levem semanas, ou mesmo meses.

Publicidade

Anteriormente, o SPD rejeitou a possibilidade de formar uma nova grande coalizão com o bloco de direita. Ambos os partidos afirmam que ganharam as eleições, após os resultados.

Radar corporativo

Vale (VALE3)

A Vale emitiu comunicado ao mercado com detalhes sobre o incidente que deixou 39 funcionários presos no subsolo da Mina Totten em Sudbury, Ontário (Canadá).

“Na tarde de domingo, na mina de Totten, uma pá escavadeira que estava sendo transportada no acesso à mina subterrânea se desprendeu, bloqueando o shaft (aberturas para a passagem de tubulações) e, com isso, indisponibilizando o meio de transporte dos empregados”, aponta a companhia.

Segundo a mineradora, os empregados estavam na mina no momento do incidente e imediatamente dirigiram-se às estações de refúgio como parte do procedimento padrão.

A mineradora informou ainda que 19 trabalhadores que estavam presos em mina subterrânea no Canadá voltaram à superfície nesta manhã de terça-feira, e o restante está a caminho, segundo um comunicado.

Os trabalhadores resgatados estão em boas condições de saúde e “estão ansiosos para voltar para casa”, disse a mineradora.

Petrobras (PETR3;PETR4)

Na reta final do pregão da véspera, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, defendeu a política de preços da companhia durante coletiva de imprensa “surpresa”, o que agradou o mercado. Questionados sobre a defasagem atual entre os preços internacionais e aqueles praticados pela companhia, tanto Luna quanto dirigentes não descartaram novos reajustes nos combustíveis.

Diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella pontuou que, nos últimos meses, houve mudanças significativas no mercado internacional, mas que grande parte delas foi compensada por flutuações do câmbio no sentido contrário. No entanto, uma redução de oferta de petróleo, especialmente nos Estados Unidos, e uma perspectiva de elevação da demanda internacional de energéticos tem puxado os valores para cima.

Camil (CAML3)

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a aquisição da companhia de massas Santa Amália pela Camil, informou a empresa compradora na segunda-feira.

A operação, que marcou a entrada da Camil no setor de massas, foi anunciada ao mercado no mês passado, em um negócio de R$ 260 milhões. Com a compra, a Camil também assumirá o endividamento da Santa Amália da ordem de R$ 150 milhões.

Eneva (ENEV3)

A Eneva inaugurou na segunda-feira a Unidade de Tratamento de Gás (UTG) Azulão, no campo de mesmo nome em Silves (AM), que enviará o produto por carretas para a geração da usina térmica Jaguatirica II, em Roraima, informou a companhia.
O projeto integrado Azulão-Jaguatirica, cujo investimento total soma 1,8 bilhão de reais, torna possível a comercialização do gás do campo de Azulão, na Bacia do Amazonas, comprado há três anos pela Eneva da Petrobras, que o descobriu na década de 90 e o declarou comercial em 2004.

JSL (JSLG3)

A JSL aprovou a incorporação da totalidade das ações emitidas pela Fadel, comprada pela companhia em 2020.

(com Reuters, Bloomberg e Estadão Conteúdo)

Analista TOP 3 em rentabilidade de curto prazo compartilha seu método exclusivo na Bolsa

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.