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Ibovespa recua 1,40% com exterior e tem quarta semana consecutiva de queda; dólar sobe 0,58%, a R$ 5,27

Crise dos bancos regionais americanos e temor com saúde financeira do Credit Suisse foram destaques negativos da semana

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou com queda de 1,40% nesta sexta-feira (17), para os 101.982 pontos, acumulando uma baixa de 1,58% na semana – a quarta semana consecutiva de recuo do principal índice da Bolsa brasileira.

Hoje, e também nos últimos cinco pregões, quem ditou o ritmo do mercado brasileiro foi o cenário no exterior. As quebras de bancos americanos, e posteriormente o temor envolvendo o Credit Suisse, geraram uma série de incertezas, que aumentaram a aversão ao risco.

O DXY, ou o “índice do medo”, voltou a ter uma forte alta nesta sexta-feira, de 10,40%, aos 25,38 pontos.

“O tímido otimismo percebido no pregão de ontem e na abertura de hoje foi enfraquecido após o pedido de recuperação judicial do Silicon Valley Bank (SVB), que fez emergir novamente o temor sobre a crise no setor bancário internacional “, comenta Diego Costa, Head de Câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “A volatilidade deve persistir até a Super Quarta da próxima semana, onde os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos anunciarão suas decisões sobre juros”, comentou, mencionado o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), nos Estados Unidos,  e o Comitê de Política Monetária (Copom), no Brasil, com decisões na próxima quarta-feira (22).

Se de um lado a crise no setor financeiro aumenta a perspectiva de que o Federal Reserve irá ser mais brando em sua política monetária, uma vez que os juros altos pressionam as operações dos bancos, os dados de inflação, ainda muito acima da meta nos Estados Unidos, ditam que novas altas da fed fund são necessárias.

Nem mesmo as quedas dos treasuries yields ajudaram a performance dos índices americanos. Os títulos do tesouro para dois anos perderam 29,9 pontos-base, indo a 3,831%, e os para dez anos, 16,9 pontos, a 3,414%. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,19%, 1,10% e 0,74% no dia.

“O setor financeiro voltou a pressionar o Ibovespa, encerrando uma semana de fortes preocupações com bancos estrangeiros e possíveis reflexos sobre o mercado e a atividade econômica. Os papéis do setor bancário foram pressionados pelo pedido de recuperação do SVB Financial Group e as consequências do resgate do First Republic Bank”, destaca Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. “O vencimento triplo em Nova York (futuros de índice, opções de índice e de ações) e do vencimento de opções sobre ações na B3 trouxeram volatilidade extra ao pregão desta sexta”, acrescenta.

Entre as piores quedas por peso do Ibovespa ficaram as ações ordinárias e preferenciais do Bradesco (BBDC3), com menos 3,16% e 4,17%, respectivamente. As ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 1,71%, as preferenciais do Itaú (ITUB4), 2,87%, e as unitárias do Santander (SANB11), 3,97%.

“A gente viu hoje uma queda mais forte do setor imobiliário e de bancos, causada pela piora, lá fora, da aversão ao risco. Petróleo recuou forte, mas no Brasil as companhias juniores subiram por conta da notícia envolvendo a Petrobras [que afirmou não ver fundamentos para suspender desinvestimentos assinados]. Frigoríficos avançam em função da notícia de febre suína na China e, por fim, a Vale (VALE3) sobe de olho também na China“, destaca Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset

Além do cenário externo a Super Quarta, investidores brasileiros também se posicionam com cautela aguardando o novo arcabouço fiscal.

“No local, o novo arcabouço fiscal está no radar. Estamos na expectativa para ver como serão as novas regras. A proposta já está na mão do Lula e esperamos a palavra final”, comenta Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos. “O patamar alto de juros, por aqui, pode se alongar. Isso por conta de fatores como o embate envolvendo a autonomia do Banco Central do governo, que piorou o mercado como um todo”.

Hoje, contudo, a curva de juros brasileira fechou em queda. Os DIs para 2024 perderam sete pontos-base, a 12,96%, e os para 2025, 9,5 pontos, a 12,06%. As taxas dos contratos para 2027 e 2029 recuaram, respectivamente, 13,5 e 12 pontos, a 12,46% e 12,92%. Os DIs para 2031 perderam 10 pontos, a 13,15%.

O dólar, por fim, avançou 0,58% frente ao real, a R$ 5,270 na compra e na venda, acumulando alta de 1,2% na semana.