Ibovespa Futuro tem leve queda com continuidade de correção em meio a aumento de casos de coronavírus

Ânimo com o progresso das vacinas esbarra na proliferação cada vez mais rápida da segunda onda para impactar os investimentos no mundo todo

Ricardo Bomfim

Painel de ações e gráfico (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta quinta-feira (12) prosseguindo com o movimento de correção do forte rali recente. O menor otimismo da sessão tem a ver também com o aumento nos casos de coronavírus nos Estados Unidos, que enfrentam a segunda onda da pandemia. As hospitalizações pela doença saltaram 10% em cinco dias no país.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), liberou a retomada dos estudos com a vacina chinesa contra a Covid-19, a Coronavac.

Ainda sobre vacinas, na quarta-feira à noite, a farmacêutica Moderna anunciou que os testes de fase três haviam acumulado casos o suficiente de contaminação pelo coronavírus para enviar os resultados preliminares a uma junta independente de monitoramento.

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Os investidores ficam atentos ainda às falas de presidentes de autoridades monetárias. O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e o presidente do banco central da Inglaterra, Andrew Bailey, discursam em fórum online às discursa às 13h45 (horário de Brasília).

Às 09h17, o índice futuro para dezembro caía 0,13%, aos 105.000 pontos.

O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava baixa de 0,12%, a R$ 5,387.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai quatro pontos-base a 3,35%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de seis pontos-base a 4,89%, o DI para janeiro de 2025 recua três pontos-base a 6,64% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de dois pontos-base a 7,44%.

Entre os indicadores, o volume de serviços no Brasil cresceu 1,8% em setembro frente a agosto, revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação sem ajuste sazonal com setembro de 2019 houve queda de 7,2% na atividade do setor, recuo menor que o esperado pelos economistas. A mediana das projeções compilada no consenso Bloomberg apontava para retração de 7,8%.

Testes com vacina voltam a ser liberados

Menos de 48 horas após ter suspendido testes no Brasil com a vacina chinesa Coronavac, produzida pela Sinovac, devido a um “evento adverso grave”, a Anvisa voltou a liberá-los.

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O recuo ocorreu após a imprensa divulgar que o evento se tratava do suicídio de um dos participantes do estudo, de 32 anos. A polícia investiga também uma possível overdose acidental. O Instituto Butantan, responsável pela vacina no Brasil, afirmou que pretende iniciar os testes imediatamente.

A suspensão havia pego o Instituto Butantan e o governo de São Paulo de surpresa, e fora comemorada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Twitter, que a tratou como uma vitória contra o governador de São Paulo João Doria (PSDB).

Ele afirmou “esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

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O caso levantou questionamentos sobre uma ação politizada da Anvisa. Bolsonaro pode ter Doria como opositor na Eleição presidencial de 2022, e desautorizou, em outubro, um anúncio do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, da compra de 46 milhões de doses da Coronavac do Instituto Butantan.

Na terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, deu 48 horas para que a Anvisa explicasse os critérios técnicos para a decisão de interromper os estudos. Antes de o prazo expirar, a Anvisa informou, por meio de nota, que recebeu documentos que garantem que a morte não tem relação com o imunizante.

“Importante esclarecer que uma suspensão não significa necessariamente que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança ou eficácia”, frisou a agência. “A suspensão e retomada de estudos clínicos são eventos comuns em pesquisa clínica e todos os estudos destinados a registro de medicamentos que estão autorizados no país são avaliados previamente pela Anvisa com o objetivo de preservar a segurança para os voluntários do estudo.”

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Bolsa Família, microcrédito e eleições

Ainda em destaque, o governo pretende criar um programa de microcrédito de até R$ 25 bilhões para trabalhadores informais que vão deixar de receber o auxílio emergencial. A vigência do programa expira no final de dezembro de 2020.

De acordo com informações publicadas em reportagem de capa do jornal O Estado de S. Paulo, o programa de microcrédito foi discutido na última terça-feira pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O empréstimo poderia ficar em entre R$ 1.500 e R$ 5.000.

De acordo com o jornal paulista, a Caixa Econômica Federal, banco oficial responsável pelo pagamento do auxílio, já teria condições de oferecer, hoje, R$ 10 bilhões para financiar a nova linha de crédito.

Outras medidas em estudo poderiam elevar o valor para R$ 25 bilhões. Uma delas seria aumentar os “depósitos compulsórios”, a parcela dos recursos que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central.

O Ministério da Economia também estuda reforçar as garantias que dariam suporte a esses empréstimos, por meio, por exemplo dos fundos garantidores FGO, administrado pelo Banco Central, e FGI, gerido pelo BNDES. O público de baixa renda tem dificuldade de acesso a crédito porque não tem como oferecer garantias.

Ainda segundo o Estadão, o Ministério da Economia avalia que não há espaço para continuar fornecendo dinheiro a fundo perdido a trabalhadores informais. A meta seria, portanto, criar a linha de crédito para que possam ter autonomia para trabalhar.

O governo também fomentaria que os trabalhadores se registrassem como Microempreendedores Individuais, de forma que passariam a contribuir com o INSS e obteriam acesso a benefícios previdenciários.

Em paralelo, o governo busca articular com o Congresso um programa que poderia substituir o Bolsa Família, chamado provisoriamente de Renda Cidadã. O desafio é fazê-lo sem estourar o teto de gastos. Também para criar novas formas de oferecer garantias, o governo precisaria encontrar maneiras de encontrar espaço fiscal no Orçamento de 2021.

Já segundo o jornal O Globo, nem auxílio nem Renda Cidadã: o governo planeja ampliar base do Bolsa Família em 2021. Fontes próximas ao presidente Jair Bolsonaro afirmam que ele não trabalha com a possibilidade de renovar o auxílio emergencial, hoje em R$ 300, e que termina em dezembro, e também teria desistido de vez de criar o Renda Cidadã neste ano.

Atenção ainda para as pesquisas eleitorais. A três dias do primeiro turno, o prefeito Bruno Covas (PSDB) ampliou a vantagem sobre seus adversários na disputa pela prefeitura de São Paulo, enquanto três candidatos brigam pela outra vaga para o segundo turno.

É o que mostra a sétima rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta quinta-feira (12). Segundo o levantamento, realizado entre os dias 9 e 10 de novembro, o atual prefeito paulistano conta com 34% das intenções de voto – o que corresponde a um salto de 8 pontos percentuais em apenas uma semana. Veja mais clicando aqui. 

Na véspera, o Datafolha também divulgou a pesquisa para a eleição municipal. O atual prefeito se mantém com vantagem, de 32%. Em segundo lugar, há empate técnico entre Guilherme Boulos, que desde a última pesquisa oscilou de 14% para 16%; Celso Russomanno, que oscilou de 16% para 14%; e Márcio França, que oscilou de 13% para 12%.

Já em Macapá, as eleições municipais foram adiadas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, atendendo a pedido do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá. Cidades do estado, incluindo a capital, sofrem com seu décimo dia de um apagão ocasionado pelo incêndio em três transformadores no estado. Ainda não há nova data para o pleito.

Radar corporativo

A JBS, encerrou o terceiro trimestre com resultado acima do esperado pelo mercado. A companhia, dona de marcas como Swift e Friboi, teve lucro líquido de R$ 3,1 bilhões de reais de julho a setembro, frente R$ 356,7 milhões no mesmo período do ano anterior, quando o resultado financeiro havia sido negativo em R$ 3,7 bilhões.

O desempenho foi impulsionado por forte desempenho nas unidades da empresa nos Estados Unidos e no Brasil, além de redução nas despesas financeiras.

A Via Varejo registrou lucro líquido contábil de R$ 590 milhões no terceiro trimestre de 2020, revertendo prejuízo de R$ 346 milhões apurado no mesmo período de 2019. O resultado não recorrente teve lucro de R$ 490 milhões, ante prejuízo de R$ 138 milhões na mesma base de comparação.

A Marfrig viu seu lucro crescer quase sete vezes no terceiro trimestre, chegando a R$ 674 milhões. No mesmo período de 2019, o lucro foi de R$ 100 milhões.

A Eletrobras registrou lucro líquido atribuível aos sócios controladores de R$ 84,983 milhões no terceiro trimestre de 2019, queda de 7,7 vezes, ou baixa de 87%, frente os R$ 651 milhões no mesmo período de 2019, principalmente por conta da queda de receita de geração.

A CCR teve forte queda no lucro ajustado do terceiro trimestre, de 71,9%, chegando a R$ 93,3 milhões entre julho e setembro. Impactou a companhia a alta do dólar e maiores despesas com depreciação de ativos perto do fim da concessão.

A empresa de tecnologia Locaweb informou lucro líquido no terceiro trimestre de R$ 7,8 milhões, um crescimento de 30,6% sobre os R$ 6 milhões vistos um ano antes. No critério ajustado, o lucro líquido ficou em R$ 12,5 milhões, alta de 30,4% sobre 2019.

A MRV registrou lucro líquido de R$ 158 milhões no terceiro trimestre, queda de 1,6% em um ano, mas aumento de 26,6% na comparação com o trimestre anterior.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.