Ibovespa Futuro tem leve queda após disparada da véspera; dólar futuro sobe a R$ 5,22

Pré-market mostra perdas diante de uma realização dos expressivos ganhos na sessão anterior

Ricardo Bomfim

(Austin Distel/Unsplash)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta quarta-feira (2) corrigindo parte da disparada da véspera, que levou o índice à vista a renovar máxima desde fevereiro. No noticiário, os investidores ficam atentos à decisão do governo do Reino Unido de liberar a vacina da Pfizer/BioNTech para imunizar sua população. Espera-se que a vacinação já comece na próxima semana.

Na agenda americana, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, volta a falar no Congresso dos EUA. O Fed divulga à tarde o seu Livro Bege, enquanto os dados de criação de vagas do setor privado (ADP) saem dois dias antes do relatório de emprego.

Por aqui, a fala do presidente Jair Bolsonaro de que o auxílio emergencial não será prorrogado e a data de 16 de dezembro para a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pelo Congresso animaram os investidores na véspera, embora ainda haja dúvida sobre outras votações no Congresso. O CDS brasileiro, que é uma espécie de seguro contra a possibilidade de calote de uma dívida pública, caiu para menos de 160 pontos.

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Entre os indicadores, a produção industrial cresceu 1,1% em outubro na comparação com setembro, número um pouco abaixo da mediana das projeções dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para expansão de 1,4%.

Em seis meses de alta, o crescimento acumulado foi de 39,0%, eliminando a perda de 27,1% que havia sido acumulada entre março e abril levando a produção industrial ao nível mais baixo da série. Mesmo com o desempenho positivo nos últimos meses, o setor industrial ainda se encontra 14,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

Às 09h10 (horário de Brasília), o índice futuro para dezembro caía 0,15%, aos 111.235 pontos.

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O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 registrava alta de 0,36%, a R$ 5,227.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai um ponto-base a 3,09%, DI para janeiro de 2023 tem queda de três pontos-base a 4,73%, DI para janeiro de 2025 opera estável a 6,51% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de um ponto-base a 7,32%. Em destaque, a produção industrial de outubro no Brasil subiu 1,1% na base mensal, ante estimativa de alta de 1,4%.

Outro tema monitorado pelo mercado é a negociação em torno de um novo pacote de estímulos para a economia americana, sem o qual o governo pode ter seu funcionamento prejudicado. O financiamento de quase todas as agências do governo americano expira em 11 de dezembro.

Na terça, congressistas representantes da Câmara, dominada pelos democratas, e do Senado, dominado pelos republicanos, apresentaram a proposta de um pacote de estímulos no valor de US$ 908 bilhões, que prevê verbas para a distribuição de vacinas, testagem e acompanhamento de pessoas contaminadas, além de auxílio a pequenos negócios, incremento no seguro-desemprego.

A proposta chegou a gerar certo otimismo, mas foi descartada pelo líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnel, que afirma querer aprovar uma lei de estímulo econômico “direcionada”. McConnel apoia gastos em torno de US$ 500 bilhões.

Caso novos gastos não sejam aprovados até 11 de dezembro, o governo americano pode passar por um novo “shutdown”. Isso ocorreu entre 22 de dezembro de 2018 e 25 de janeiro de 2019, quando democratas e republicanos, também sob a gestão Trump, não foram capazes de chegar a um acordo sobre o orçamento para o ano fiscal que se iniciava.

Quando o governo passa por um “shutdown”, órgãos considerados não essenciais têm o funcionamento paralisado ou reduzido. Trabalhadores de atividades essenciais, como controladores de tráfego, por exemplo, precisaram trabalhar sem receber, e processaram o governo americano. Mesmo com a rejeição da proposta mais recente de um pacote de estímulo, investidores continuam com esperança de que o Congresso aprove um novo pacote fiscal antes do recesso.

Agenda no Congresso e aumento na conta de luz 

Sem acordo sobre novo programa social e com poucas perspectivas de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial seja votada ainda este ano, o Brasil voltará ao Bolsa Família em janeiro de 2021, afirmou à Bloomberg um integrante da equipe econômica na condição de anonimato. O Ministério da Economia insiste em desindexação para financiar programa social, enquanto a PEC emergencial não deve ser votada este ano, disse a fonte.

Ainda em destaque, na véspera, Davi Alcolumbre, presidente do Senado, afirmou que o Congresso analisará LDO 2021 em 16 de dezembro. Também estão previstos na pauta o exame de 22 vetos presidenciais. Sem a aprovação da LDO pelo Congresso não pode haver recesso parlamentar, previsto para ocorrer de 23 de dezembro a 1º de fevereiro.

Ainda no radar, questionado por um internauta no Facebook na terça-feira sobre o aumento na conta de luz na véspera com a vigência da bandeira vermelha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que, se nada fosse feito pelo governo, o país poderia enfrentar um apagão.

O aumento busca frear o consumo de energia, já que a falta de chuvas tem baixado o nível dos reservatórios de hidrelétricas, pressionadas pela retomada da demanda.

“As represas estão em níveis baixíssimos. Se nada fizermos, poderemos ter apagões (…) O período de chuvas, que deveria começar em outubro, ainda não veio. Iniciamos também campanha contra o desperdício”, afirmou o presidente.

Na segunda-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a reativação do sistema de bandeiras tarifárias nas contas de luz a partir de dezembro, estabelecendo para o mês que vem a bandeira vermelha patamar 2, elevando os custos pagos pela população.

Além disso, em discurso ao visitar obras da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, em Foz do Iguaçu, Bolsonaro descartou prorrogar o auxílio emergencial. “Temos internamente os nossos problemas. Ajudamos o povo do Brasil com alguns projetos por ocasião da pandemia. Alguns querem perpetuar tais benefícios. Ninguém vive dessa forma”, disse.

Vacinação no Brasil e exposição de dados pessoais

O Ministério da Saúde divulgou na terça-feira uma proposta preliminar sobre como deverá se dar a vacinação contra a covid no Brasil. O órgão não divulgou a data exata de início da campanha de imunização, mas a previsão é de que ela ocorra entre março e junho de 2021.

A vacinação deverá ocorrer em duas doses, com base nos acordos garantidos pelo governo brasileiro para obter a vacina desenvolvida entre Universidade de Oxford e Astrazeneca, e pela aliança Covax Facility, um pool internacional que tem nove vacinas candidatas e pretende desenvolver e distribuir aquelas comprovadamente eficazes.

Ela será dividida em quatro etapas. A primeira delas terá como prioridade profissionais de saúde, idosos a partir de 75 anos e indígenas. Pessoas com mais de 60 anos vivendo em asilos ou instituições psiquiátricas também serão priorizados.

Nessa primeira etapa, devem ser vacinados cerca de 13 milhões de brasileiros, ou 6% da população.

Na segunda etapa, a prioridade deverá ser sobre pessoas com entre 60 e 74 anos, que também são especialmente suscetíveis à doença. Em seguida, o foco será sobre pessoas com comorbidades, que também têm risco de agravamento da doença.

A quarta etapa terá como foco professores, membros de forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população privada de liberdade.

Ao fim da quarta etapa, o governo pretende já ter vacinado 109,5 milhões de brasileiros, ou 51,4% da população.

Além disso, o governo passa por novos questionamentos com relação à proteção garantida aos dados de brasileiros.

Na semana passada, o Estadão reportou que pacientes com diagnóstico de covid-19 tinham tido seus dados pessoais expostos. Nesta quarta-feira, o jornal estampa como reportagem de capa uma investigação que indica que os dados de 243 milhões de brasileiros registrados no SUS ou clientes de planos de saúde foram expostos.

O número é maior do que a população brasileira atual, de cerca de 210 milhões de pessoas, porque constam também registros de pessoas mortas. Entre as informações vazadas estão número do CPF, nome completo, endereço e telefone.

Novamente, os dados foram expostos devido a exposição indevida de login e senha de acesso ao sistema que armazena os dados cadastrados de brasileiros junto ao Ministério da Saúde.

Radar corporativo

A C&A informou na terça-feira que estima em aproximadamente R$ 120 milhões crédito fiscal relacionado a uma ação que discutia a inexigibilidade do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) nas operações internas da Zona Franca de Manaus, e na qual obteve decisão favorável.

Com o trânsito em julgado na véspera, a varejista de moda disse que teve reconhecido o direito de reaver, mediante compensação, valores relacionados ao período de abril de 2011 a abril de 2018, devidamente corrigidos. Também obteve direito a uso do benefício do Reintegra (Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras).

Na terça, o presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a empresa vai investir em tecnologias para reduzir a pegada de carbono de suas atividades de extração de petróleo, e não deve realizar aportes em energias renováveis nos próximos cinco anos.

Castello Branco já havia afirmado diversas vezes que a Petrobras não possui vantagem comparativa em renováveis e que diversas metas ambientais estabelecidas por suas rivais europeias são fantasiosas.

A fintech de crédito para empresas de pequeno e médio portes Weel informou nesta terça-feira que atingiu R$ 1 bilhão em financiamentos, movimento acelerado durante a recessão provocada pela crise com a pandemia da Covid-19.

Segundo o presidente da Weel, Simcha Neumark, parte relevante deste montante foi concedida nos últimos meses, através do Peac (programa emergencial de apoio às empresas) do BNDES.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.