Ibovespa Futuro sobe com bom humor internacional e na expectativa pelo futuro de Temer

Votação da segunda denúncia contra o presidente está entre os destaques desta semana

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Acompanhado o mercado internacional, os contratos futuros de Ibovespa de dezembro se recuperavam da queda na véspera e registravam alta de 0,21%, aos 77.165 pontos, às 9h16 (horário de Brasília) desta segunda-feira (23), em uma semana chave para o governo com a votação da denúncia contra Michel Temer na Câmara.

A denúncia será apreciada na quarta-feira (25) e o presidente está encontrando maior dificuldade com os parlamentares. O governo hoje teme uma rebelião de membros da base aliada, o que pode comprometer o resultado. Embora corra poucos riscos de ver a formação de 342 votos contra si, o peemedebista sabe que o desempenho nesta votação dirá muito sobre sua capacidade para conduzir alguma agenda de reformas em novembro, apesar de serem searas completamente distintos.

Preocupado com o apoio, Temer se reuniu na noite do domingo (22), no Palácio da Alvorada, com ministros da área política e lideranças da base aliada no Congresso Nacional, discutindo estratégias para garantir a rejeição da segunda denúncia, com a presença do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e o líder do governo na Casa, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Para reter apoio, o governo de Michel Temer vai endurecer o discurso com sua base aliada e oferecer o apoio da máquina federal nas eleições de 2018 apenas aos deputados que votarem para barrar a segunda denúncia contra o presidente, afirma o jornal Folha de S. Paulo de hoje. 

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Vale destacar que a votação da segunda denúncia é vista como crucial para a reforma da previdência, conforme aponta a Eurasia, isso porque o número de parlamentares que votarem a favor de Temer deve servir como um bom termômetro para a viabilidade da reforma, apesar das últimas sinalizações da base de que ela ainda resiste a essas mudanças estruturais. De acordo com a consultoria, o presidente Michel Temer deve perder o suporte de apenas alguns deputados na votação da segunda denúncia em relação ao número de apoio na primeira votação em agosto, quando 263 deputados votaram a favor dele (227 votaram contra em agosto, sendo necessários 342 votos contra Temer para a denúncia passar). Contudo, se trinta ou mais parlamentares desertarem, a probabilidade para a reforma da Previdência deve diminuir, diz a Eurasia, em relatório.

No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em novembro registrava valorização de 0,02%, aos 3.197 pontos, com o mercado na expectativa pela escolha para novo presidente do Federal Reserve e ainda refletindo expectativa com plano fiscal de Donald Trump. Enquanto isso, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operam praticamente estáveis, cotados a 7,24% e 8,88%, respectivamente.

Bolsas mundiais

Em dia de alta nos mercados internacionais, o destaque ficou por conta do Japão, com o índice Nikkei subindo forte após o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, vencer as eleições deste domingo (22) com uma vantagem que abre caminho para uma polêmica reforma da Constituição pacifista do país.

Na Europa, os investidores digerem os balanços do terceiro trimestre de 2017, mas seguem cautela de olho na questão da Catalunha, com separatistas planejando resposta à decisão da Espanha de anunciar medidas para reduzir autoridade do governo da região. No sábado, o governo espanhol decidiu  destituir o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, todos seus conselheiros, e convocar eleições em no máximo seis meses em aplicação do Artigo 155 da Constituição com o objetivo de neutralizar a tentativa de independência do governo catalão. As medidas devem agora ser aprovadas pelo Senado – uma votação está prevista para 27 de outubro.

Entre as moedas, o dólar se fortalece contra a maioria das demais divisas com investidores aguardando escolha para novo presidente do Federal Reserve e ainda refletindo expectativa com plano fiscal de Donald Trump. No mercado de commodities, os metais em Londres sobem e se recuperam de queda semanal, enquanto o petróleo oscila entre leves ganhos e perdas após a Opep dizer que todas as opções estão em aberto para reequilibrar o mercado. 

Às 9h16, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro (EUA) +0,12%

*S&P 500 Futuro (EUA) +0,11%

*Nasdaq Futuro (EUA) +0,20%

*CAC-40 (França) +0,52%

*FTSE (Reino Unido) +0,18%

*DAX (Alemanha) +0,46% 

*FTSE MIB +0,30%

*Hang Seng (Hong Kong) -0,64% (fechado)

*Xangai (China) +0,11% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,11% (fechado)

*Petróleo WTI +0,12%, a US$ 51,90 o barril

*Petróleo brent -0,17%, a US$ 57,64 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,32%, a 459 iuanes

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -0,74%, a US$ 62,00 a tonelada

Agenda econômica

O destaque da agenda doméstica na semana fica para o Copom: o Banco Central deverá anunciar uma redução de 75 pontos-base na taxa básica de juros, recuando de 8,25% para 7,5% ao ano. Contudo, os investidores deverão observar com atenção o comunicado a ser apresentado, que trará novas indicações sobre os próximos passos da política monetária brasileira. Os investidores ainda observam o resultado fiscal do governo central, previsto para quinta-feira (26). O número será divulgado após surpresa positiva da arrecadação do mesmo mês, que veio acima das expectativas.

No exterior, após o final da semana ser de alta dos juros e dos yields dos treasuries norte-americanos em meio à aprovação do orçamento de 2018 pelo Senado, o mercado continua na expectativa pelo nome a ocupar a presidência do Federal Reserve. Por lá, as falas da atual chairwoman da autoridade monetária local, Janet Yellen, proferidas na noite desta sexta-feira, poderão repercutir na abertura dos mercados na segunda-feira (23). A agenda de indicadores americana da próxima semana é extensa e destaca o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, a ser divulgado na sexta-feira (27), às 10h30 (horário de Brasília). O indicador deve trazer novas sinalizações sobre o nível de recuperação da maior economia do mundo e interferir nos rumos das decisões de política monetária do Fed.

Ainda na pauta externa, destaque para a agenda de divulgação de PMIs (Purchasing Managers’ Index) nos Estados Unidos e na Europa, na terça-feira (24), para os dados do PIB do Reino Unido, na quinta-feira às 6h30. Também no velho continente, destaque para a reunião do Banco Central Europeu, que deve manter os juros. Por fim, no noticiário internacional, vale destacar a eleição na Argentina: a coalização Cambiemos, do presidente Mauricio Macri, conseguiu 42% dos votos, enquanto o Kirchnerismo obteve 21,75%. A ex-presidente Cristina Kirchner também conseguiu se eleger para o Senado com 37,2% dos votos. “Desta forma, por conta deste desempenho Macri se qualifica como favorito para eleições presidenciais de 2019. Além disso, amplia sua maioria no Congresso para dar continuidade à sua agenda reformista”, aponta a LCA Consultores.

De olho em 2018

Falando nas eleições de 2018, os jornais dos últimos dias destacam as movimentações para o pleito presidencial. Segundo a Folha de S. Paulo, uma eventual candidatura do apresentador Luciano Huck à presidência em 2018 passou a entrar no radar de investidores, analistas de mercado e de diversos partidos. Na última semana, o apresentador tornou-se assunto central em conversas de analistas, uma vez que ele representaria o pensamento liberal para a economia, sem conservadorismo nos costumes. No mundo político, aponta a publicação, o movimento é semelhante, uma vez que pesquisas que chegaram a ele e a partidos indicam forte potencial de voto no Nordeste – confira mais clicando aqui. 

Já Lula começa a sua caravana por Minas Gerais ao lado do empresário Josué Gomes, filho de José de Alencar (seu vice e fundador da Coteminas, agora presidida por Josué) e pretende reerguer uma ponte com o empresariado, como avançar com alianças para além de sua basem, segundo informações da Folha. Já em entrevista ao jornal El Mundo, o ex-presidente disse que, se eleito, fará referendo para revogar muitas das medidas de Temer e disse que é um crime ter lei que limita investimentos do estado por 20 anos referindo-se ao teto de gastos.

Ainda falando sobre o ex-presidente, atenção à pesquisa Datafolha que mostra que, se depender do eleitorado evangélico, a candidatura de Jair Bolsonaro e de Marina Silva é impulsionada, enquanto Lula perdeu força (veja mais aqui). 

Noticiário corporativo

Pelo radar corporativo, as empresas listadas na B3 dão início à temporada de divulgação de balanços referentes ao exercício do terceiro trimestre. Ao menos 20 companhias prestarão contas com seus acionistas entre os dias 23 e 27 de outubro, com destaque para Vale (VALE3; VALE5), Usiminas (USIM5), Ambev (ABEV3) e Santander (SANB11), com o pontapé inicial sendo dado pela Fibria (FIBR3). Para ver a lista completa com as datas, clique aqui.

O egípcio Tarek Farahat, escolhido para presidir o conselho de administração da JBS após o afastamento do empresário Joesley Batista, em maio, renunciou ao cargo na sexta. Em seu lugar, assumirá o irlandês Jeremiah O’Calleghan, que também é diretor de relações com investidores da empresa. Sobre a Oi, o juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, decidiu adiar por 15 dias a AGC (Assembleia Geral de Credores) prevista para esta segunda-feira – encontro agora deve ocorrer em 6 de novembro. A Vale e a Samarco (joint venture entre a mineradora e a BHP Billiton) defendem que as medidas reparatórias que tomou após sua lama de rejeitos destruir 650 km de ecossistemas, inclusive um acordo com o governo federal, justificam a absolvição da empresa por parte dos crimes ambientais a que responde em ação penal. Mesmo sem vender ativos, CSN volta a negociar dívidas de R$ 10 bilhões com bancos.

Por fim, no InfoTrade, destaque destaque para o Dólar Futuro, que consolidou novo fundo, mas precisa romper uma importante resistência nesta semana para engatilhar uma tendência de alta de curtíssimo prazo – confira a análise completa.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.