Ibovespa Futuro cai com nova decepção em torno do pacote de estímulos nos EUA

Pré-market mostra perdas depois do índice à vista se descolar do exterior e subir na véspera

Ricardo Bomfim

(Gearstd/Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta quinta-feira (15) depois de subir na contramão das bolsas internacionais na véspera. Hoje, os investidores seguem repercutindo a frustração pela declaração do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, que apontou ser difícil sair um acordo para o pacote de estímulos à economia americana antes das eleições presidenciais de novembro.

Também no radar, na quarta-feira, o Federal Reserve reforçou a sinalização de que pretende manter a taxa de juros próxima a zero até 2023 -ela já está neste nível desde a intensificação da pandemia, em março. Mas não indicou nenhuma medida de estímulo adicional.

Às 09h13 (horário de Brasília), o índice futuro para dezembro tinha queda de 1,02%, aos 98.220 pontos.

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O dólar futuro com vencimento em novembro registrava ganhos de 0,79%, a R$ 5,639.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe três pontos-base a 3,24%, o DI para janeiro de 2023 avança seis pontos-base a 4,62%, o DI para janeiro de 2025 tem alta de sete pontos-base a 6,43% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de nove pontos-base a 7,46%.

Entre os indicadores, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cresceu 1,06% em agosto, na comparação com julho, abaixo da projeção mediana dos economistas compilada pela Bloomberg, que apontava para uma expansão de 1,7% no mês. O dado é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB).

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No Brasil, o noticiário é marcado por ação da Polícia Federal que encontrou R$ 100 mil junto ao vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, Chico Rodrigues. Além disso, na quarta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes voltou a defender um imposto sobre transações financeiras.

Já a Moody’s sinalizou a mudar nota de crédito se o Brasil não retomar ajuste fiscal em 2021 (veja mais clicando aqui).

Dinheiro com vice-líder do governo no Senado

Uma ação da Polícia Federal realizada na quarta-feira (14) em Boa Vista, encontrou R$ 100 mil na casa do vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR). Rodrigues emprega como assessor parlamentar Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro que tem livre trânsito no Palácio do Planalto e é especialmente próximo do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A investigação está sob sigilo, mas dados foram vazados para a imprensa. Segundo informações repassadas ao jornal O Estado de S. Paulo, Chico Rodrigues chegou a esconder R$ 30 mil na cueca durante a abordagem, mas o valor foi encontrado.

A investigação apura suposto sobrepreço de quase R$ 1 milhão em contratações feitas com dinheiro público.

A PF afirmou que busca a “desarticulação de possível esquema criminoso voltado ao desvio de recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares”.

A Controladoria-Geral da União também faz parte da investigação. Ela afirmou que a operação Desvid-19 em Roraima apura o “desvio de recursos públicos por meio do direcionamento de licitações” para combate do novo coronavírus. As contratações suspeitas de irregularidades teriam sido realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde, e envolveriam cerca de R$ 20 milhões.

No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que daria uma “voadora no pescoço” de envolvidos em corrupção. Uma semana antes, o presidente havia afirmado que a Lava Jato acabou por supostamente não haver casos de irregularidades em sua gestão.

Em nota à imprensa, Rodrigues afirmou que tem “um passado limpo e uma vida decente”. E que “A Polícia Federal cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado. No entanto, tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate ao Covid-19 para a saúde do Estado”.

Guedes defende novo imposto

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira que, na prática, “os bancos já cobram uma CPMF hoje”. Ele usou o termo CPMF, referente à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, para se referir ao projeto de imposto sobre transações financeira e pagamentos eletrônicos que deseja implementar.

Em seminário organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, Guedes afirmou que “a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) é que mais subsidia e paga todos os economistas brasileiros para dar consultoria contra esse imposto, mas a Febraban está fazendo isso porque querem beber água onde os bancos bebem”.

Guedes afirmou que as taxas cobradas por transferências, como o TED, são “dez vezes” maiores do que o imposto que deseja estabelecer.

“Vejam aí as transferências que vocês fizeram mês passado, e vão ver que os bancos cobram 2%, 1%, 3%. A exceção é o grande cliente. Mas o pequeninho que fazer a transferência para o colégio, o dentista, fazendo TED, essas transferências bancárias, você vai ver que banco cobra 2%, 1%, 3%”, afirmou.

Ainda em destaque, a vice-presidente e analista sênior do rating do Brasil na Moody’s Investors Service, Samar Maziad, disse ontem que a agência de classificação de risco espera algum avanço na agenda de reformas ainda este ano ou no começo de 2021, como forma de enfrentar os efeitos gerados pela pandemia, como a rápida elevação da dívida pública.

“A manutenção do rating incorpora esse aumento (de gastos), mas também prevê a retomada do ajuste fiscal em 2021”, disse Samar, em evento organizado pela agência. “Se o apoio a reformas diminuir, haverá impacto negativo em nosso cenário.”

Radar corporativo

Esta quinta-feira marca o início da temporada de resultados com os números da CSN, após o fechamento do mercado. Já a Natura teve seu rating elevado pela S&P de BB- para BB. A Caixa Econômica Federal anunciou na quarta-feira que pretende reduzir taxas sobre financiamento imobiliário a partir de 22 de outubro. Também pretende estender programa de carência na compra de imóveis novos e a opção de pagar parcialmente prestações por até seis meses.

A canadense Nutrien, do setor de insumos e serviços agrícolas, anunciou na quarta-feira a assinatura de um acordo para compra dos registros de mais de 100 defensivos da brasileira BRA Agroquímica.

O grupo argentino de comércio eletrônico MercadoLibre Inc. anunciou que deve bater recorde de R$ 4 bilhões de investimento no Brasil em 2020, e que planeja ampliar esse valor em 2021.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.