Ibovespa Futuro cai 1,5% e dólar volta aos R$ 4 com novos temores sobre economia global

Dados ruins na China e na Europa e inversão na curva de juros nos EUA voltam a gerar preocupações sobre o ritmo de crescimento mundial

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro tem forte queda nesta quarta-feira (14) pressionado pelos dados fracos na Europa, o sinal de alerta na curva de juros dos EUA e números ruins de produção industrial na China. A expansão do setor foi de 4,8% em julho na base anual, ante expectativas de 5,9%.

Com a decepção, fica limitada a guinada otimista assumida pelos mercados na véspera, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu adiar para dezembro a imposição de tarifas de 10% sobre US$ 40 bilhões em produtos da China como celulares, laptops e videogames.

Às 09h05 o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em agosto caía 1,47% a 101.915 pontos. Já o dólar futuro com vencimento em setembro subia 0,84%, voltando a superar os R$ 4. O dólar comercial, por sua vez, voltou a encostar nos R$ 4: no mesmo horário, avançava 0,72%, a R$ 3,9954 na venda. 

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Vale destacar que esta quarta-feira marca o vencimento de opções sobre os contratos futuros de Ibovespa, o que pode adicionar volatilidade ao índice. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 ficava estável a 5,40%, assim como o DI para janeiro de 2023, a 6,38%.

Além da China, na Europa também houve a divulgação de dados mais fracos. O PIB alemão teve contração de 0,1% no 2º trimestre e a produção industrial ajustada na zona do euro sazonalmente recuou 1,6% em junho na comparação com maio – retração acima da esperada pelo mercado, de 1,2%.

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Na comparação anual, a produção industrial recuou 2,6%, ante expectativa de declínio de 1,2%, conforme analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

Já o PIB da zona do euro, com ajuste sazonal, subiu 0,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação anual, o PIB ajustado sazonalmente cresceu 1,1% na área do euro.

Os números vieram em linha com as expectativas. Ainda segundo a Eurostat, o número de pessoas ocupadas aumentou 0,2% no segundo trimestre ante o primeiro, enquanto na comparação anual subiu 1,1%.

Em mais um sinal de alerta para a economia global, o yield (rendimento) dos títulos do Tesouro norte-americano de curto prazo, de 2 anos, ficou novamente acima do yield (a 1,634%) do título de longo prazo (10 anos), que ficou a 1,623%.

Essa mudança é vista uma indicação de recessão na economia; vale destacar que a última inversão nesta parte da curva foi em dezembro de 2005, dois anos antes da recessão causada pela crise do subprime. 

“Normalmente, a taxa do título mais longo oferece um retorno maior, como uma maneira de compensar o risco de longo prazo. Contudo, como vemos hoje que o título de curto prazo pagando mais que o de longo prazo, podemos concluir que há mais risco num título de curto prazo do que no de longo prazo, ou então que a economia precisará de constantes estímulos ao longo deste intervalo de tempo. Por isso, esse movimento tem sido um indicador antecedente de recessões muito preciso”, destacam em relatório Thiago Salomão e Matheus Soares, analistas da Rico Investimentos. 

Entre as commodities, o minério opera com leve alta, recuperando parte das perdas das últimas semanas. Já o petróleo opera em queda, por conta do desapontamento com os dados industriais chineses. 

Com o receio generalizado sobre o desempenho da economia global, a agenda econômica positiva é ofuscada. Os líderes de partidos do Senado definiram nesta terça-feira (13) o calendário da tramitação da proposta de reforma da Previdência. A agenda divulgada prevê que a Proposta de Emenda à Constituição seja votada no plenário em primeiro turno em 18 de setembro e, em segundo turno, no dia 2 de outubro.

“Consideramos muito boa a perspectiva de que – no máximo – até o fim de outubro se tenha a Reforma da Previdência finalizada e promulgada no Congresso Nacional”, aponta a equipe de análise da XP Política (veja mais clicando aqui). 

Noticiário corporativo

A Bolsa ainda reflete o último dia da temporada de resultados, que tem como destaques nesta manhã os números de  Embraer e Kroton.

A Embraer teve um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 26,1 milhões no segundo trimestre, revertendo perdas de R$ 485,0 milhões do mesmo período do ano passado. Já o resultado ajustado, onde excluem-se impostos diferidos e itens especiais apresentou prejuízo de R$ 57,6 milhões, ante perdas de R$ 21,4 milhões de um ano antes.

Já a  Kroton apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 266,696 milhões no segundo trimestre deste ano, representando queda de 44,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado foi impactado, especialmente, por despesas financeiras decorrentes da aquisição da Somos e um maior nível de depreciação derivado de investimentos realizados nos últimos anos.

Após o fechamento, empresas como JBS, Marfrig, Natura, Sabesp, Gafisa e Via Varejo também divulgam balanços.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.