Ibovespa fecha em queda, mas não apaga mês de forte alta puxada por indicadores e esperança de vacina

Já o dólar caiu 4% no mês marcado pela melhora no noticiário macroeconômico

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (31), mas não apagou a forte alta no mês. O índice subiu 8,26% em julho movimentado por indicadores econômicos e esperanças para a fabricação de vacinas contra o coronavírus.

No início do mês, foram quatro altas consecutivas começando no pregão do dia 1º e terminando no dia 6. Após os Estados Unidos criarem 2,5 milhões de empregos em maio, o país gerou mais 4,8 milhões de vagas em junho, o que reforçou as perspectivas de uma recuperação mais rápida da maior economia do mundo do que antes se esperava.

Por aqui, os dados das vendas do varejo de maio superaram as projeções com avanço de 13,9% e impulsionaram ainda mais o otimismo.

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A maior alta do Ibovespa no mês foi a de 2,32% registrada em 17 de março em meio a resultados promissores das vacinas de Oxford, da Sinovac, da Pfizer e BioNTech e da Moderna.

Já hoje o índice foi derrubado pelo cenário externo e pelos resultados corporativos divulgados nos últimos dias.

A Bloomberg noticiou que o presidente americano Donald Trump planeja assinar uma ordem para forçar a empresa chinesa ByteDance a vender seu controle no aplicativo TikTok.

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Se confirmado o movimento, será mais um capítulo na disputa entre Estados Unidos e China depois do fechamento de consulados dos dois lados que ocorreu este mês. Os EUA alegam que o controle dos chineses sobre o TikTok apresenta riscos à segurança nacional americana.

Apesar disso, as bolsas americanas subiram, com altas entre 0,4% e 1,5% dos índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq. Os ganhos foram impulsionados pela valorização de 10,5% das ações da Apple depois da companhia divulgar resultados acima do esperado no segundo trimestre.

No Brasil, por outro lado, a Petrobras registrou um prejuízo líquido de R$ 2,713 bilhões no segundo trimestre de 2020, revertendo o lucro de R$ 18,866 bilhões apresentado no mesmo período do ano passado. Não obstante o resultado ter sido bem recebido por analistas de mercado, os papéis sofreram com uma forte pressão vendedora hoje.

Em meio às quedas de Petrobras e bancos, o Ibovespa caiu 2,00% nesta sexta, a 102.912 pontos com volume financeiro negociado de R$ 34,265 bilhões. Foi a maior baixa do índice desde 26 de junho, quando o benchmark recuou 2,24%. Na semana, o Ibovespa subiu 0,52%.

Enquanto isso, o dólar comercial teve uma valorização de 1,15% a R$ 5,2155 na compra e a R$ 5,2185 na venda. No mês, entretanto, a moeda americana caiu 4,09% e na semana ficou em leve variação positiva de 0,16%.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu cinco pontos-base a 2,67%, o DI para janeiro de 2023 teve valorização de quatro pontos-base a 3,67% e o DI para janeiro de 2025 fechou estável a 5,19%.

O Congresso americano não chegou a um acordo sobre um plano de estímulo à economia americana, fortemente enfraquecida pela pandemia.

Entre os indicadores, hoje foi a vez da zona do euro medir o tamanho do impacto do coronavírus na atividade econômica da região. O PIB da França afundou 13,8% no segundo trimestre em relação a igual período de 2019. Esse foi o maior tombo já registrado pela economia francesa, mas ainda assim melhor que os 15,3% esperados. Já o PIB da União Europeia caiu 15%.

Ainda no radar, o índice de gerentes de compras (PMI, pela sigla em inglês) do setor industrial chinês subiu de 50,9 em junho para 51,1 em julho, sugerindo que a manufatura da segunda maior economia do mundo está se expandindo em ritmo mais veloz do que se imaginava, após sofrer o violento choque da pandemia.

Reforma tributária e marco do saneamento

A Agência Senado destaca que a Comissão Mista da Reforma Tributária retoma trabalhos nesta sexta-feira, citando senador Roberto Rocha (PSDB-MA), presidente do colegiado; ele também informou que na próxima quarta-feira, dia 5, às 10h, ocorrerá audiência pública com o ministro da Economia, Paulo Guedes. A Agenda da Câmara também prevê reunião remota sobre reforma tributária às 14h.

Já o  presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que espera que o Congresso Nacional decida logo sobre os vetos do presidente da República, Jair Bolsonaro, a artigo da lei que atualiza o novo marco legal do saneamento básico no Brasil. Segundo ele, o veto mais relevante de Bolsonaro descumpriu um acordo político feito com o Parlamento, apesar de ter sido correto do ponto de vista do mercado. “Do ponto de vista do acordo político, não cumpriu o acordo, e na política, a palavra é muito importante”, disse.

Bolsonaro vetou 12 pontos da lei. O veto considerado polêmico se deu sobre o artigo que autorizava municípios a renovar, por 30 anos, os contratos em vigor com as companhias de saneamento. A regra beneficiaria até mesmo cidades onde o serviço é prestado hoje sem um contrato formal. Com o veto, os governos locais serão obrigados a realizar licitações para substituir esses contratos.

A iniciativa da prorrogação foi fruto de acordo entre o Congresso e governadores, mas o governo federal alegou que o prazo de 30 anos era demasiado e acabaria postergando soluções importantes para o setor.

Destaques dos jornais

O avanço dos garimpos ilegais coloca em risco a segurança das linhas de transmissão que distribuem a energia da hidrelétrica de Belo Monte, com potencial de causar um apagão nas regiões que recebem a energia do empreendimento, segundo reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”.

Denúncias feitas pela Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE) mostram que os garimpos ilegais ao longo das linhas de transmissão removeram grandes quantidades e terra e que isso compromete a estabilidade do solo, o que poderia levar à queda das torres de transmissão. Na prática, isso significa um apagão e a interrupção da transmissão de boa parte da energia que alimenta os Estados da região Sudeste do País.

Em março de 2018, logo após a linha entrar em operação, uma pane provocou o desligamento da linha e causou um apagão que atingiu as regiões Norte e Nordeste e afetou também Sudeste, Centro-Oeste e Sul do País. Ao todo, 13 Estados foram atingidos, deixando 70 milhões de pessoas sem luz.

Já reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” mostra que a maioria das 2,8 milhões de empresas em atividade no Brasil teve dificuldades para realizar pagamentos de rotina na segunda quinzena de junho, em meio à pandemia da Covid-19. O levantamento tem como base dados do IBGE.

Essa dificuldade em realizar os pagamentos se encaminha para o aumento da inadimplência no país, já que a demanda continua baixa e os custos, altos para as empresas, segundo especialistas ouvidos pelo jornal.

De acordo com o IBGE, para 52,9% das empresas em funcionamento no país foi difícil manter a capacidade em realizar pagamentos de rotina no período estudado. Entre as pequenas companhias, com até 59 funcionários, essa proporção foi maior (53,2%) do que nas médias (42,1%), com até 499 empregados, e grandes (29,5%), com 500 ou mais pessoas.

Radar corporativo

A Petrobras registrou um prejuízo líquido de R$ 2,713 bilhões no segundo trimestre de 2020, revertendo o lucro de R$ 18,866 bilhões apresentados no mesmo período do ano passado.

O resultado poderia ter sido ainda pior, mas a empresa contabilizou no resultado do segundo trimestre o ganho tributário pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIB/Cofins, garantido por decisão judicial, que gerou um efeito de R$ 10,9 bilhões no resultado.

A receita de vendas da estatal caiu 29,9% na comparação anual, para R$ 50,898 bilhões. Já o Ebitda ajustado caiu 23,5%, passando de R$ 32,651 bilhões para atuais R$ 24,986 bilhões.

A companhia destacou que o segundo trimestre foi bastante impactado pela pandemia da Covid-19 e do colapso dos preços do petróleo.

A Petrobras não foi a única a registrar uma piora nos resultados. O grupo de medicina Fleury teve prejuízo de R$ 73,3 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de R$ 72,6 milhões apresentados um ano antes. O resultado foi afetado pela forte redução das atividades das clínicas diante do isolamento social.

Já o Ebitda somou R$ 19,6 milhões entre abril e junho, queda de 90,7% ante o mesmo período de 2019.

Enquanto isso, a receita líquida caiu 37,6%, para R$ 454,9 milhões, puxada pela redução anual de 36,9% dos atendimentos, para cerca de 800 mil, e de 48,9% no de exames, para 6,2 milhões.

A Fleury anunciou ainda a compra de uma fatia de 18,6% da Prontmed, que faz dados clínicos por meio de prontuários eletrônicos, e de 1% da Sweetch, startup israelense de prevenção e gerenciamento de doenças crônicas. Os valores não foram revelados.

Já a elétrica Engie Brasil registrou lucro líquido de R$ 765,8 milhões no segundo trimestre, alta de 98,7% no comparativo anual.

O Ebitda da empresa ficou em R$ 1,43 bilhão, avanço de 36,1% em um ano, enquanto a receita operacional líquida teve alta de 23,4% na mesma base, a R$ 2,69 bilhões.

No setor da construção, a Even registrou lucro líquido de R$ 26,8 milhões no segundo trimestre, alta de 21,8% na comparação com igual período de 2019.

A receita líquida de vendas e serviços caiu 37% na mesma base de comparação, para R$ 374,4 milhões, por conta do baixo volume de lançamentos entre abril e junho. Já o Ebitda ajustado somou R$ 57,7 milhões e a margem Ebitda ajustada cresceu 1 ponto percentual, para 15,4%.

E fora da temporada de balanços, o Magazine Luiza anunciou a conclusão da compra da Hubsales, plataforma por meio da qual fabricantes oferecem seus produtos diretamente aos consumidores.

A Hubsales é especializada nos setores calçadista e de confecções, com foco na região de Franca (SP), movimentando mais de R$ 100 milhões de reais e mais de 700 mil pedidos anuais. O valor do negócio não foi divulgado.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.