Ibovespa fecha em queda de 1,82% e zera ganhos da semana passada com temor sobre inflação; dólar sobe 0,78%

De acordo com analistas, preocupações com a inflação voltaram a pesar sobre os negócios, somadas à atividade fraca; varejistas foram as mais impactadas

Mitchel Diniz

(Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – O retorno do feriado foi negativo para o Ibovespa, que zerou os ganhos acumulados na semana passada. O índice mais uma vez foi pressionado para baixo por ações do varejo, que já tinham levado um tombo na semana passada e voltaram a ter um desempenho ruim nesta terça-feira (16). A Bolsa brasileira descolou outra vez do exterior, numa sessão marcada por alta expressiva dos índices em Nova York e valorização do dólar em relação a outras moedas.

A temporada de balanços corporativos chega a seus últimos dias, mas, segundo analistas, os investidores deixaram os resultados em segundo plano, repercutindo mais uma vez os temores de inflação mais alta e juros maiores ainda.

“A inflação é um fator que pesa significativamente no mercado. Estamos vendo ela se disseminar e percebemos um movimento de aumento na curva de juros, subindo consideravelmente, o que leva a crer que teremos continuidade de aperto monetário com mais intensidade”, avalia Peterson Silva, estrategista da Ébano Investimentos.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O Relatório Focus, do Banco Central, elevou mais uma vez projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021. De 9,33% na semana passada, agora a expectativa mediana para a inflação deste ano está em 9,77%. Para 2022 a previsão subiu de 4,63% para 4,79%.

Já em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) as projeções foram mais uma vez reduzidas, de expansão de 4,93% para 4,88% em 2021; para 2022, foram reduzidas de 1% para 0,93%.

Já o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), dado que serve como um termômetro para o Produto Interno Bruto (PIB), veio com uma queda 0,27% em setembro na comparação com agosto. O mercado já esperava que o indicador retraísse, já que os últimos indicadores de indústria, varejo e serviços, também vieram ruins.

Continua depois da publicidade

A perspectiva de juros mais altos impacta diretamente o mercado de ações, já que a tendência é de competição com a renda fixa, que fica mais rentável quando a Selic sobe. Além disso, as empresas tem maiores custos de financiamento e menos acesso à crédito. Por isso, afeta toda a percepção de crescimento da economia, o que tem ficado evidente a cada semana nas pesquisas do Banco Central com o mercado financeiro.

“A cena política segue no foco e os investidores repercutem qualquer sinalização sobre o andamento da PEC dos Precatórios. As incertezas  aumentaram após declarações de senadores, sugerindo alterações no texto ao passar pela Casa, o que alongaria o prazo de tramitação da matéria”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA.

Ontem, o presidente afirmou também que a folga no teto de gastos a ser criada pela Proposta de Emenda à Constituição poderia, além de  financiar uma parte do Auxílio Brasil, também ser usada para reajuste dos servidores federais.

Diante de tantas incertezas, o Ibovespa fechou em queda de 1,82% aos 104.403 pontos. O volume negociado no dia ficou relativamente abaixo da média, em R$ 27,6 bilhões. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro de 2021 recuou 1,8% aos 104.985 pontos.

O dólar comercial acompanhou a valorização da moeda americana no exterior e fechou em alta de 0,78% R$ 5,499 na compra e R$ 5,500 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro de 2021 subiu 0,7% a R$ 5,515.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2023 avançou oito pontos-base a 12,03%; DI para janeiro de 2025 teve alta de 18 pontos-base 11,86%; e o DI para janeiro de 2027 subiu 15 pontos a 11,75%.

Ao contrário do Brasil, a economia dos Estados Unidos apresentou novos sinais de recuperação, um dos principais motivos da valorização do dólar hoje. As vendas no varejo americano avançaram 1,7% em outubro, na comparação mensal, vindo acima do esperado pelos economistas. O indicador de produção industrial avançou 1,6% no mesmo período, revertendo a queda registrada no mês anterior. O número também veio acima das projeções, que apontavam crescimento de 0,8%.

Em relação às Bolsas, o investidor olhou para os números menos pela ótica da inflação e mais pelo viés da recuperação. O Dow Jones avançou 0,15% para 36.142 pontos; o S&P teve alta de 0,39%, a 4.700 pontos; e a Bolsa de tecnologia Nasdaq avançou 0,76%, a 15.973 pontos.

O presidente americano Joe Biden resolveu outro entrave assinando a lei que estabelece o pacote de infraestrutura de US$ 1 trilhão, que inclui financiamento para transporte, banda larga e serviços. Biden também se reuniu virtualmente com o presidente da China, Xi Jinping. O encontro marcou a comunicação mais próxima entre os dois líderes desde que o presidente americano assumiu o posto em janeiro, e repercutiu bem nos mercados.

Na Europa, o PIB da Zona do Euro ficou em 2,2% no terceiro trimestre e 3,7% na comparação anual, em linha com as projeções. O índice Stoxx 600, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, fechou em alta de 0,17%.

Já os preços do petróleo tiveram desempenhos mistos. O barril do Brent subiu 0,54% para US$ 84,49 o barril. O WTI teve uma ligeira queda de 0,12% a US$ 80,78.

CDB com 300% do CDI? XP antecipa Black Friday com rentabilidade diferenciada para novos clientes. Clique aqui para investir agora!

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados