Ibovespa fecha em queda de 0,92%, em dia marcado por aversão ao risco com Ucrânia e Fed; dólar sobe a R$ 5,50

Bolsas europeias registram fortes quedas, mas índices americanos conseguiram virar para o campo positivo na reta final do pregão

Vitor Azevedo

(Gearstd/Getty Images)

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O Ibovespa fechou em queda de 0,92% nesta segunda-feira (24), aos 107.937 pontos, apagando parte da alta da última semana, apesar de ainda avançar 3,87% até então em 2022.

O principal índice da bolsa brasileira acompanhou a performance da maioria das bolsas internacionais, que registram fortes quedas durante a maior parte do dia, com investidores de olho no aumento da taxa de juros nos EUA e nas tensões na fronteira da Ucrânia. O índice VIX, conhecido como “o índice do medo”, chegou a subir mais de 22%, em seu maior nível desde novembro de 2020.

“A principal razão para as quedas, principalmente para as companhias de tecnologia, é a elevação da taxa de juros. O mercado chega a precificar agora que pode haver até mesmo cinco elevações das taxas de juros norte-americanas em 2022 para controlar a inflação. Muito acima do que projetado pelo mercado até o fim do ano passado”, explica Henrique Esteter, especialista de mercados do InfoMoney.

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Amanhã, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), inicia sua reunião que definirá se a taxa Fed funds será alterada ou não, decisão que será publicada na quarta. “A expectativa é que não suba os juros, mas mude o tom de suas falas”, comenta Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

A expectativa de boa parte dos investidores é que o Fed deve anunciar novas fases do aperto na política monetária. A injeção de recursos na economia por meio da recompra de títulos deve acabar em março e, após isso, o Federal Reserve deve iniciar um ciclo de altas dos juros. A expectativa é de que já haja o anúncio de alta de juros para março.

Além disso, as tensões no leste europeu aumentam ainda mais o clima de insegurança. Após o presidente americano Joe Biden ordenar a saída de cidadãos estadunidenses da Ucrânia no final de semana, hoje o clima voltou a esquentar, com o o Pentágono afirmando que tem cerca de 8,5 mil soldados em estado de prontidão para auxiliar na região no caso de uma escalada russa na região.

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“Vemos um jogo político muito delicado em que nenhum dos lados cede. Um conflito armado não é bom porque não se sabe as dimensões desse tipo de embate. E a pior coisa para o investidor é a incerteza”, comenta Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance.

Os índices americanos, entretanto, fecharam em alta, virando para o campo positivo na reta final do pregão. O Dow Jones subiu 0,29%, a 34.364 pontos. O S&P 500 avançou 0,28%, a 4.410 pontos. A Nasdaq teve alta de 0,63%, a 13.855 pontos.

“A recente retração nos ativos de risco parece exagerada, e uma combinação de indicadores técnicos se aproximando do território de sobrevenda e o sentimento se tornando baixista sugere que podemos estar nos estágios finais dessa correção”, disse Marko Kolanovic, estrategista de ações do JP Morgan.

Na Europa, as baixas foram acentuadas. O DAX, da Alemanha, recuou 3,80%. O FTSE, do Reino Unido, caiu 2,63%. O STOXX 600, de todo o continente, retrocedeu 3,81%.

No mercado interno, juros cai e dólar sobe

No Brasil, investidores continuam monitorando as movimentações do Governo Federal, como por exemplo a PEC que pretende diminuir impostos sobre combustíveis e energia elétrica – que não está prevista no orçamento e que pode se tornar um gasto de mais de R$ 50 bilhões aos cofres públicos.

Além disso, nesta segunda-feira o Diário Oficial da União trouxe a sanção da Lei Orçamentária para 2022, com vetos parciais do presidente Jair Bolsonaro, que trouxeram uma economia de R$ 3,18 bilhões em relação ao projeto aprovado no Congresso.

O Ibovespa caiu mesmo com a curva de juros recuando em bloco. O rendimento do contrato DI com vencimento em janeiro de 2023 caiu sete pontos-base, para 11,82%. O para o mesmo mês de 2025 recuou oito pontos, para 11,10%. O DI vincendo no primeiro mês de 2027 caiu nove pontos-base, a 11,22%. Por fim, o para 2029 teve baixa de sete pontos, a 11,42%.

O dólar futuro subiu 0,36%, a R$ 5,493. O dólar comercial teve alta de 0,88%, negociado a R$ 5,503 na compra e na venda.

Apesar da queda de juros no Brasil, companhias de varejo e de tecnologia foram as principais quedas. As ações ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3) foram as que registraram as maiores quedas do Ibovespa, recuando 7,39%. As unitárias do Banco Inter (BIDI11) vêm em segundo lugar, com baixa de 7,28%. “É um movimento mais técnico. Investidores estão preferindo investir em outras classes de ativo, aquelas com retornos mais garantidos neste momento”, comenta Esteter.

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