Ibovespa fecha em queda de 0,32% com petroleiras, mas se afasta das mínimas; dólar tem maior patamar desde janeiro

Com aumento de temor de recessão mundial, companhias de petróleo foram destaque entre as quedas desta terça-feira

Vitor Azevedo

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa fechou em queda de 0,32% nesta terça-feira (5), aos 98.294 pontos – longe, porém, da mínima do dia, de 96.499 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira no meio da tarde acompanhou o que foi visto nos Estados Unidos e viu sua queda arrefecer.

Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq, que caíram durante boa parte do dia, fecharam em altas de 0,16% e de 1,75%, respectivamente. O Dow Jones, porém, acabou o dia ainda no vermelho, com baixa de 0,42%.

A perspectiva de recessão mundial guiou o comportamento dos mercados no pregão de hoje.

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As notícias de que Pequim e Xangai, grandes cidades da China, podem enfrentar novos lockdowns, após novas testagens em massa e a detecção de novos casos de Covid-19, intensificaram o temor de que a economia do mundo pode não crescer em 2022.

Além disso, na zona do euro, dados mostraram que o crescimento dos negócios em todo o bloco desacelerou ainda mais no mês passado, com indicadores prospectivos sugerindo que a região pode entrar em declínio neste trimestre, já que a crise do custo de vida mantém os consumidores cautelosos.

“Hoje foi um dia de risk off generalizado, com o medo de recessão”, comenta Fábio Guarda, sócio e gestor da Galápagos Capital. “O petróleo caiu bastante, bem como as commodities metálicas e agrícolas”.

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A perspectiva de menor crescimento mundial derruba o preço das commodities, com investidores antecipando uma menor demanda por esses produtos menos faturados – o barril do petróleo Brent caiu 9,27%, a US$ 102,98.

Além disso, a crença de recessão leva, normalmente, fluxo de capital para os EUA, com investidores procurando segurança.

O DXY, índice que compara a força do dólar frente a outras moedas mundiais, avançou 0,95%, a 106,48 pontos, no maior nível desde novembro de 2002.

Frente ao real, o dólar comercial fechou em alta de 1,19%, a R$ 5,388 na compra e a R$ 5,389 na venda, no maior patamar desde janeiro. A divisa chegou a superar os R$ 5,40 no intraday.  “Os impactos foram maiores nas moedas de países exportadores de commodities. Real, dólar canadense, dólar australiano e a moeda sul africana foram destaques entre as quedas”, diz Guarda.

As companhias de commodities, particularmente petroleiras, pesaram na performance do Ibovespa – as ações ordinárias da PetroRio (PRIO3) e da 3R Petroleum (RRRP3) caíram, respectivamente, 6,85% e 6,20%, sendo as  maiores quedas percentuais; os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) foram destaque entre as baixas por peso, caindo 4,90% e 4,02.

Nos EUA, as quedas das commodities e o temor de recessão, no entanto, diminuíram a preocupação com a inflação e abriram espaço para um recuo da curva de juros – o treasury com vencimento em dez viu sua taxa recuar 7,1 pontos-base, para 2,833%. Com isso, investidores voltaram a aportar em companhias de crescimento, o que justifica Nasdaq e S&P 500 terem fechado no verde.

“Chama atenção uma reação positiva da Nasdaq, que teve forte alta. Há leitura do mercado de que juros no mundo talvez não subam tanto por conta da queda das commodities, que deve trazer a inflação para baixo. Isso favorece companhias que têm maiores fluxos de caixa no futuro”, explica Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed.

Curva de juros brasileiro não acompanha americana

Fábio Guarda aponta que a curva de juros brasileira não acompanhou o que é visto nos Estados Unidos.

“A curva de juros brasileira está na contramão do que é visto lá fora, andando de forma peculiar. Acho difícil falar, porém, que é apenas o risco fiscal e político pesando na curva, pois isso estaria fazendo preço também no dólar e no Ibovespa”, contextualiza.

Os DIs para 2023 tiveram suas taxas subindo um ponto-base, para 13,74%, e os para 2025 viram as suas subirem 11 pontos, para 12,88%. O rendimento dos contratos para 2027 subiram 10 pontos, para 12,81%, bem como o dos contratos para 2029, que foram a 12,94%. Por fim, os DIs para 2031 tiveram seus yields com alta de nove pontos, chegando a 12,99%.

Parte do mercado, no entanto, afirma que a movimentação da curva brasileira acompanha o temor de que a PEC dos Auxílios aumente ainda mais o rombo fiscal em 2022.

Mesmo com a alta dos juros, companhias ligadas ao mercado interno e de crescimento foram destaques entre as altas do Ibovespa.

As ações ordinárias das varejistas Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Petz (PETZ3) avançaram 11,74%, 11,48% e 8,65%, na sequência. Ações da Méliuz (CASH3) e Totvs (TOTS3) subiram, respectivamente, 7,27% e 3,89%.

“As taxas de juros brasileiras chegaram a subir 30 pontos-base pela manhã, mas agora a abertura é mais branda”, comenta Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos. “Empresas de varejo, principalmente discricionário, acompanharam o bom humor do repique no exterior, com expectativa de inflação mais fraca. Foi um dia positivo para empresas cíclicas”, finaliza.

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