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O Ibovespa fechou com leve queda de 0,08% nesta segunda-feira (27), aos 105.711 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira oscilou no fim do dia, após notícias ainda pouco elucidativas sobre a questão da reoneração dos combustíveis pelo Governo Federal.
Mais cedo, ganhou destaque a notícia de que o ministério da Fazenda irá voltar com os impostos a partir da próxima quarta. Porém, ainda há algumas indefinições no radar: a gasolina será mais onerada do que o etanol, por ser combustível fóssil, mas os percentuais ainda não estão definidos.
Investidores, desde então, tentam entender qual serão os impactos da medida e aguardam por mais informações.
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De qualquer forma, a curva de juros brasileira caiu em bloco. As taxas dos DIs para 2024 recuaram 9,5 pontos-base, a 13,37%, e as dos DIs para 2025, 15 pontos, a 12,62%. Os contratos para 2027 foram a 12,85%, com mais 19 pontos, e os para 2029, a 13,21%, com mais 20 pontos. Os DIs para 2031 perderam 17 pontos, com menos 13,37%.
“Hoje é um dia de fechamento de taxas, sendo que a principal notícia, muito esperada pelo mercado, era a questão da reoneração dos combustíveis. A Medida Provisória foi prorrogada por dois meses, com PIS/Cofins zerados no começo do ano, e isso ia acabar amanhã. O Governo devia decidir se ia ou não voltar com os impostos. A Fazenda, segundo assessoria, falou que os impostos irão voltar, garantindo as expectativas de arrecadação para o ano com esse imposto”, explica Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
Os especialistas destacam que apesar de uma possível alta do preço dos combustíveis pressionar a inflação no curto prazo, a reoneração tira pressão das contas públicas, sendo que imposto que foi desonerado (PIS/Cofins) tem peso importante na arrecadação federal.
Além disso, há uma visão no mercado de que a Petrobras tem algum espaço para diminuir os preços nas distribuidoras sem alterar a sua política, em meio à desvalorização do petróleo – o que diminuiria a pressão inflacionária do retorno dos tributos.
“O mercado gostou da notícia e a curva de juros ficou mais reta. Os contratos mais longos cederam mais do que os mais curtos. É uma sinalização de força do Haddad [ministro da Fazenda] e uma política fiscal mais ortodoxa”, comenta Fabio Guarda, gestor da Galapagos Capital. “Além disso, como o Jean Paul Prates [presidente da Petrobras] falou em reunião, podemos vislumbrar que pode haver cortes do preço da gasolina na bomba. Há algum espaço. Estimamos que pode haver um corte de quase R$ 0,60”.
Entre as maiores altas do índice, ficaram as companhias ligadas ao setor de etanol e cana-de-açúcar. As ações preferenciais da Raízen (RAIZ4) avançaram 5,54% e as ordinárias da São Martinho (SMTO3), 5,20%.
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Ações ligadas ao mercado interno, com o recuo da curva de juros, também foram destaques. As ordinárias da Via (VIIA3) subiram 2,04% e as preferenciais da Alpargatas (ALPA4), 2,75%.
Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset, pontua ainda que, apesar da sinalização de hoje, o dia foi negativo ao se analisar o baixo volume de negociações – de apenas R$ 17,4 bilhões.
“Hoje o índice teve volatilidade pequena, com volume ainda baixo, quase metade do que vinha sendo negociado há seis meses atrás. É um destaque negativo. Acho que há um baixo interesse do investidor estrangeiro, sendo que esse era o grande player recentemente. Agora já temos fluxo negativo neste ano”, diz o especialista.
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Investidores estrangeiros, em meio ao cenário externo e interno, estão preferindo não se expor tanto a investimentos no Brasil.
O dólar fechou em leve alta frente ao real, de 0,16%, a R$ 5,206 na compra e a R$ 5,207 na venda. No exterior, a moeda americana perdeu força frente a outras divisas de países desenvolvidos, com o DXY recuando 0,53%, aos 104,66 pontos.
Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,22%, o S&P 500, 0,31% e o Nasdaq, 0,63%.
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“Mercado externo inicia a semana com alguma recuperação da queda da última semana, com bolsas da Europa e Estados Unidos operando no positivo. Contudo, o mercado dá sinais que favorecem a continuação do movimento de correção e acredito em mais recuos ao longo da semana”, fala Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear Corretora. A última semana foi de fortes baixas para o mercado, em meio às revisões para cima na taxa terminal de juros do Federal Reserve após dados fortes de inflação e da economia.