Ibovespa fecha em alta de mais de 2% às vésperas de Copom e Fed; dólar e juros tiveram forte queda

Expectativa de inflação mais baixa foi reforçada por queda no preço do diesel, favorecendo ativos de risco

Mitchel Diniz

(Shutterstock)

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O Ibovespa recuperou parcialmente as perdas acumuladas na última semana em uma sessão de muita volatilidade. O índice fechou em forte alta e ampla vantagem sobre as Bolsas em Nova York, que terminaram o dia com ganhos menos intensos. Perspectivas sobre inflação e juros continuam mexendo com os ânimos dos mercados, às vésperas das reuniões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.

A Bolsa brasileira começou o dia em baixa, mas acompanhou a virada dos preços do petróleo no mercado internacional. Isso deu fôlego à Petrobras (PETR3;PETR4), empresa de maior peso do índice depois da Vale (VALE3). A mineradora e os grandes bancos também subiram entre 2% e 3% hoje.

Uma série de notícias domésticas agitaram os negócios. A Petrobras reduziu preços de venda de diesel às distribuidoras em R$ 0,30 e o valor do litro cobrado das distribuidoras passará de R$ 5,19 para R$ 4,89. O ajuste promete refletir mais uma vez nos índices de inflação, por se tratar do combustível que precifica os fretes.

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O boletim Focus desta segunda-feira trouxe mais uma revisão de queda nos preços, prevendo inflação de 6% ao final de 2022. “O mercado assimilou isso de forma muito positiva, com juros futuros caindo em toda a curva, o que beneficia ativos de risco”, afirma Luiz Souza, especialista em renda variável da SVN Investimentos.

O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o programa de financiamento estudantil Fies voltará “com força” caso seja eleito. Empresas de educação dispararam na Bolsa, com Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) liderando as altas do Ibovespa hoje.

O mercado também teria reagido a um apoio do ex-ministro Henrique Meirelles ao petista. Meirelles foi presidente do BC durante o governo Lula e no governo Temer foi responsável pela implantação do teto de gastos. Seu apoio foi visto por alguns como uma pista da condução da política econômica do candidato, caso seja eleito. “O mercado não tinha certeza sobre como o Lula poderia levar a política econômica. Quando Meirelles diz que vai apoia-lo, já há alguma previsão de como vai ser”, diz Souza.

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Já Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, acredita que a notícia não fez preço. “Meirelles é respeitado, conhece bastante economia, mas essa é uma sinalização muito mais política do que uma sinalização para mercada. Não esperamos que isso faça preço porque tem outros fatores que pesam muito mais”, afirmou.

O Ibovespa terminou o dia em alta de 2,33%, aos 111.823 pontos. O volume financeiro da sessão de hoje ficou em R$ 24,5 bilhões.

Na contramão da Bolsa, o dólar comercial caiu forte, recuando 1,79% e fechando o dia valendo R$ 5,165 na compra e venda.

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Os juros futuros recuaram com as previsões de inflação mais baixa. O DIF25 recuava 8 pontos base no after hours, a 11,94%. Os contratos DIF27 e DIF29 caíam 13, para 11,58% e 11,69%, respectivamente.

“Vamos ter uma semana bem volátil, quarta-feira será turbulenta e na semana que vem tem as atas. A última coisa que o investidor pode esperar é uma calmaria agora”, afirmou Espinhel.

Nos Estados Unidos, a sessão também foi de volatilidade. Os investidores continuam focados na reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Banco Central dos EUA. Na quarta-feira sai decisão sobre a taxa de juros e a expectativa é que a taxa suba entre 75 pontos-base e até 1 ponto.

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No final do dia, as Bolsas americanas se consolidaram no terreno positivo. O Dow Jones subiu 0,64%, aos 31.019 pontos; o S&P 500 avançou 0,69%, para 3.899 pontos; e Nasdaq teve alta de 0,76%, fechando aos 11.535 pontos.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados