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Ibovespa fecha em alta de 2,19%, na contramão do exterior, com política em foco; dólar cai 1,85%, a R$ 5,35

Novas sinalizações do novo governo acalmam temores de maiores problemas fiscais após duas primeiras sessões do ano de forte aversão ao risco

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 2,19% nesta quinta-feira (5), aos 107.641 pontos, em sua segunda sessão de ganhos expressivos após cair cerca de 5% nos primeiros dois pregões do ano. No acumulado da semana, contudo, tem baixa de cerca de 1,91%. Na sessão, o principal índice da Bolsa brasileira foi na contramão do que foi visto nos Estados Unidos, beneficiado pelo noticiário interno.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 1,02%, 1,16% e 1,47% após a divulgação de dados macroeconômicos americanos.

“As bolsas americanas, reagiram mal ao dado de emprego do ADP, que costuma ser visto como uma prévia para o Payroll. O dado veio bem mais forte que o esperado, com uma criação de vagas de 235 mil, contra os 153 mil estimados pelos analistas”, expõe Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

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De acordo com o especialista, o temor com a publicação foi reforçado ainda mais pelo fato de ela ter saído logo após a ata do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês) publicada ontem e que mostrou que as autoridades monetárias estadunidenses ainda veem um risco assimétrico de alta para a inflação.

“Dessa forma, o dado de hoje reforça a postura de maior aversão ao risco dos investidores antes do relatório oficial do Payroll sair amanhã de manhã. Isso logo após a ata do FOMC ontem mostrar que o comitê ainda está vendo um risco assimétrico para a inflação, com maiores chances de ela permanecer elevada e aumenta as chances de uma elevação ainda maior das taxas de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses”, acrescenta.

Com isso, as taxas dos títulos do tesouro americano, principalmente na ponta curta, avançaram: o para dois anos fechou negociado a 4,447%, com mais 6,2 pontos-base, e o para cinco anos foi a 3,903%, com mais 2,8 pontos.

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O dólar ganhou força mundialmente, com o DXY, índice que mede a sua força frente outras divisas de países desenvolvidos, subindo 0,88%, aos 105,17 pontos. Frente ao real, contudo, o dólar caiu 1,85%, aos R$ 5,352 na compra e na venda.

A curva de juros brasileira também foi na contramão e recuou em bloco. Os DIs para 2024 fecharam a 13,70%, com queda de cinco pontos-base, e os para 2025, a 13,13%, com menos oito pontos. Os DIs para 2027 perderam 15,5 pontos, a 13,07%. Os contratos para 2029 foram a 13,10%, com menos 14 pontos. Por fim, os DIs para 2031 fecharam a uma taxa de 13,09%, com menos 15 pontos.

Em grande parte, o Ibovespa e os demais ativos brasileiros repercutiram o noticiário político local.

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“Primeiro é preciso levar em conta que as quedas recentes dos ativos locais foram quase 100% por conta de ruídos políticos. Tem muito papel descontado na Bolsa e o câmbio [dólar], na nossa visão, poderia estar mais próximo de R$ 5,10 se não fosse isso. Dado que os ativos estão longe do que os fundamentos parecem indicar, qualquer motivo para uma descompressão dos preços tende a gerar uma euforia no mercado”, contextualiza Pacheco. “Dito isso, nós vimos sinalizações mais favoráveis do governo, seja na parte da Petrobras , com o futuro presidente da estatal Jean Paul Prates dizendo que os preços seguirão a paridade internacional, seja na parte dos ministérios”.

As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) ganharam, na sequência, 3,24% e 3,6%.

João Abdouni, analista da Inv, vai no mesmo sentido: “O governo deu declarações vistas como positivas pelo mercado desde ontem, com Rui Costa falando que não haverá alterações na reforma de previdências e com Jean Paul Prates falando que não haverá mudanças na política de preços da Petrobras”.

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Em discurso de posse do comando do Ministério do Planejamento, por fim, Simone Tebet reconheceu divergências com outros integrantes da equipe econômica do governo, mas prometeu sintonia, falando em colocar o brasileiro no Orçamento mas com “responsabilidade fiscal”. Já o novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estaria apertando um “freio de arrumação”, buscando evitar sinais trocados de ministros.

Entre as maiores altas do Ibovespa, ficaram ações ligadas ao mercado interno. Os papéis ordinários da Americanas (AMER3) e da Locaweb (LWSA3) avançaram 11% e 9,18%. Os preferenciais da Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), 7,46% e 9,38%.