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Ibovespa fecha com alta de 0,64%, em terceiro pregão seguido de ganhos, com inflação e arcabouço em destaque

IPCA no Brasil e CPI nos Estados Unidos foram gatilhos para queda relevante da curva de juros nos dois países

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,64% nesta quarta-feira (12), aos 106.889 pontos, após ter chegado a superar os 108 mil pontos na máxima do dia. O principal índice da Bolsa brasileira teve mais um pregão de alta, seu terceiro na sequência, continuando a movimentação da véspera. O dólar, por sua vez, caiu mais de 1% e fechou abaixo de R$ 5 pela primeira vez em 10 meses.

“Os ativos de risco brasileiros sobem bem, em uma extensão do bom momento que a Bolsa viveu ontem”, diz Max Bohm, estrategista de ações da Nomos. “Os juros continuam fechando, na expectativa de redução da taxa Selic em um horizonte mais breve do que se imaginava”.

A alta do Ibovespa e o recuo da curva de juros começaram, principalmente, após a publicação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na véspera, que veio mais fraco do que o esperado. O número, em combinação com o arcabouço fiscal, está sendo visto por especialistas como um reforço para a projeção de que o Banco Central brasileiro poderá cortar a Selic em um intervalo de tempo menor.

“Olhando o Ibovespa, vemos a extensão dos ganhos de setores cíclicos domésticos, justamente por conta desses fatores. Juros fechando é muito positivo para empresas que demandam crédito. Consumo, varejo, logística e construção civil talvez sejam os mais impulsionados”, diz Bohm.

Entre as maiores altas do índice, ficaram as ações ordinárias da Cyrela (CYRE3), com mais 3,81%, da EzTec (EZTC3), com mais 3,31%, e as da Petz (PETZ3), com mais 3,68%.

A curva de juros brasileiro recuou, majoritariamente. Os DIs para 2024 ficaram estáveis, a 13,14%. Os contratos para 2027 e 2029 tiveram suas taxas caindo, respectivamente, 1,5 e quatro pontos, a 11,76% e 12,16%. Os DIs para 2031 ficaram em 12,43%, com menos quatro pontos.

“Nossos juros surfam também com a queda da curva nos Estados Unidos, com expectativa de que o Federal Reserve poderá cortar o ciclo de alta, tendo uma taxa terminal menor. As projeções são atualizadas conforme saem novos dados, mas ao menos nesse momento, essa perspectiva ganhou força”, diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “Tivemos um dado importante hoje nos Estados Unidos, que foi o CPI [sigla em inglês para índice de preços ao consumidor], equivalente ao nosso IPCA. O índice veio abaixo das expectativas. O seu núcleo, que retira itens mais voláteis, veio um pouco alto, mas ele já foi suficiente para aliviar bastante os juros das treasuries“.

O dado em questão teve alta de 0,1% em março, contra 0,2% da projeção do consenso Refinitiv e desacelerando frente aos 0,4% de fevereiro. Os rendimentos dos títulos do tesouro americano para dez anos perderam três pontos-base, a 3,404%, e os para dois anos recuaram 8,8 pontos, a 3,97%.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,11%, 0,41% e 0,85%. Apesar do recuo da curva de juros, investidores, por lá, repercutiram também a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e monitoram a possibilidade de uma recessão.

“Nos Estados Unidos, a inflação veio um pouco melhor do que o esperado. O mercado, no entanto, deu uma piorada após a ata do Fed”, explica Rodrigo Jolig, co-CEO e diretor de investimentos na Alphatree Capital. “No Brasil, há uma trégua no cenário político e o fiscal, na margem, está com notícias melhores. O mercado tem a percepção de que o ambiente estava muito pessimista, mas os investidores estrangeiros veem que o cenário é melhor. Há uma entrada para a renda fixa, com as taxas ainda atrativas e com menor risco fiscal, e a Bolsa vai também, seguindo a onda. O ruído político passando, devemos ter um ambiente de melhora”.

Para Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, investidores têm de continuar monitorando, principalmente, a questão do arcabouço fiscal – que traz confiança e previsibilidade para o mercado.

“O arcabouço fiscal, que o governo divulgou traz um pouco disso. Para o futuro, temos de ver se ele será aprovado sem ser muito alterado, para que investidores tenham confiança no trajeto das contas públicas. Isso traria, por exemplo, uma baixa de juros por parte do Banco Central”, explica.