IPCA desacelera para 0,71% em março, abaixo do esperado; inflação em 12 meses fica em 4,65%

O grupo Transportes foi o destaque no índice de março, sendo responsável pelo maior impacto (0,43 ponto porcentual) e maior variação (2,11%)

Roberto de Lira

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, desacelerou para 0,71% em março, após subir 0,84% em fevereiro, e soma agora seis meses seguidos de alta, informou nesta terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 4,65%. No ano, a inflação acumula evolução de 2,09%.

Os dados divulgados hoje ficaram abaixo do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,77% no mês e de 4,70% na comparação anual.

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O grupo Transportes foi o destaque no índice de março, sendo responsável pelo maior impacto (0,43 ponto porcentual) e maior variação (2,11%).

Em seguida vieram Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%), que desaceleraram em relação a fevereiro, contribuindo com 0,11 p.p. e 0,09 p.p., respectivamente.

Por outro lado, Artigos de residência (-0,27%), que teve alta de 0,11% em fevereiro, foi o único grupo pesquisado a registrar queda este mês. Os demais ficaram entre o 0,05% de Alimentação e bebidas e o 0,50% de Comunicação.

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Gasolina é destaque

Segundo André Almeida, analista da pesquisa, a gasolina teve variação de 8,33% no mês e foi o subitem com maior impacto individual no índice de março (0,39 p.p.), trazendo grande peso na alta verificada em Transportes. O etanol (3,20%) também subiu.

“Os resultados da gasolina e do etanol foram influenciados principalmente pelo retorno da cobrança de impostos federais no início do mês, estabelecido pela MP 1157/2023. Havia, portanto, a previsão do retorno da cobrança de PIS/Cofins sobre esses combustíveis a partir de 1º de março”, explicou.

Enquanto isso, o gás veicular (-2,61%) e o óleo diesel (-3,71%) continuaram em queda em março.

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As passagens aéreas, que haviam recuado 9,38% em fevereiro, caíram 5,32% desta vez. Reajustes em tarifas de táxi em Belo Horizonte, em ônibus intermunicipal na região metropolitana do Rio de Janeiro, além de ônibus urbano em quatro áreas de abrangência do índice, também influenciaram em Transportes.

Saúde e cuidados pessoais

O grupo Saúde e cuidados pessoais, por sua vez, teve impacto principalmente pela alta de 1,20% dos planos de saúde, que segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023.

Na comparação com o mês anterior (2,80%), os itens de higiene pessoal (0,72%) apresentaram uma variação menos intensa, segundo o IBGE. Os artigos de maquiagem subiram 4,80%, enquanto os produtos para pele tiveram queda de 2,42% em março.

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Habitação

No grupo Habitação (0,57%), a maior contribuição (0,09 p.p.) veio da energia elétrica residencial (2,23%). As variações das áreas ficaram entre -0,65% em Belém, onde houve redução de PIS/Cofins e aumento da alíquota de ICMS, até 9,79% em Porto Alegre, onde as tarifas de uso dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD) foram reincluídas na base de cálculo do ICMS.

O mesmo ocorreu em outras áreas, como Belo Horizonte (4,43%), Curitiba (3,88%) e Vitória (2,86%). No Rio de Janeiro (2,57%) foram aplicados reajustes de 7,49% e de 6% nas duas concessionárias pesquisadas, ambos a partir de 15 de março.

Alimentos e bebidas

Em Alimentação e bebidas (0,05%), a queda da alimentação no domicílio, que passou de 0,04% em fevereiro para -0,14% em março, exerceu grande influência.

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Os preços da batata-inglesa (-12,80%) e óleo de soja (-4,01%) tiveram recuos mais intensos na comparação com fevereiro. Cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%) também tiveram redução.

Por outro lado, cenoura (28,58%) e ovo de galinha (7,64%) foram os destaques dentre as altas.

Artigos de residência

Único dos nove grupos pesquisados a mostrar variação negativa em março, Artigos de residência (-0,27%) teve as quedas nos itens de tv, som e informática (-1,77%) como principais responsáveis pelo resultado. Televisor (-2,15%) e computador pessoal (-1,08%) foram as quedas mais acentuadas.

Os preços dos eletrodomésticos e equipamentos (-0,23%) também caíram, após alta de 0,45% em fevereiro. “As promoções realizadas durante a semana do consumidor, ocorrida em março, podem ter influenciado”, acrescentou o analista.

Regiões

Em relação aos índices regionais, todas as áreas tiveram alta em março. A maior variação foi em Porto Alegre (1,25%), devido às altas da gasolina (10,63%) e da energia elétrica residencial (9,79%).

Já a menor variação foi em Fortaleza (0,35%), onde houve quedas de 17,94% do tomate e de 2,91% do frango inteiro.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,64% em março, também desacelerando ante os 0,77% do mês anterior (0,77%).

No ano, o INPC acumula alta de 1,88% e, nos últimos 12 meses, de 4,36%, abaixo dos 5,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Em março de 2022, a taxa foi de 1,71%.