Ibovespa engata queda em meio a baixa do petróleo; DIs sobem com números altos de varejo e inflação

Mercado mostra desempenho errático, enquanto DIs refletem possibilidade de aumento dos juros pelo BC

Ricardo Bomfim

(berya113/Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa volta a cair puxado por Petrobras em meio à queda do petróleo nesta quinta-feira (10). Os investidores também digerem o noticiário político e uma série de dados econômicos divulgados pela manhã. Lá fora, as bolsas dos Estados Unidos perdem força e contribuem para esse desempenho pior do benchmark.

Hoje foram divulgados os dados de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que chegaram a 884 mil na semana passada, mostrou o Departamento de Trabalho do país. Este número foi um pouco maior do que a mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para 850 mil requisições do benefício no período.

Também faz preço a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a taxa de refinanciamento em 0% ao ano, a taxa de depósitos em -0,5% ao ano e o programa de compras de títulos em 1,35 trilhão de euros.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Entre os indicadores nacionais, as vendas no varejo cresceram 5,2% em julho na comparação com junho. O avanço foi de 5,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, acima da mediana das expectativas dos economistas, que apontava para uma expansão de 2,4% na base anual.

Às 12h30 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha queda de 0,51%, aos 100.757 pontos. A maior queda entre as blue chips é a das ações da Petrobras (PETR3; PETR4).

Enquanto isso, o dólar comercial opera estável a R$ 5,2993 na compra e a R$ 5,30 na venda. O dólar futuro para outubro recua 0,21%, a R$ 5,30.

Continua depois da publicidade

No mercado de juros futuros, os DIs sobem forte por conta dos indicadores nacionais. Além das vendas no varejo, saiu a primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) para setembro, revelando uma alta de 4,41%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP-M, teve alta de 6,14% no período, maior aumento desde julho de 1994.

Com a inflação mais forte e a economia se recuperando bem, crescem as apostas de que o Banco Central vai manter os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e será obrigado a elevar a Selic nos encontros do ano que vem.

O DI para janeiro de 2022 tem alta de sete pontos-base a 2,86%, o DI para janeiro de 2023 ganha 12 pontos-base a 4,12%, o DI para janeiro de 2025 opera com valorização de 17 pontos-base a 5,97% e o DI para janeiro de 2027 varia positivamente 18 pontos-base a 6,93%.

Ainda no Brasil, continua em destaque o debate sobre a pressão inflacionária dos alimentos. Ontem, o Ministério da Justiça notificou supermercados e produtores a explicar, em cinco dias, o aumento do preço dos alimentos da cesta básica. No mesmo dia, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou a tarifa de importação do arroz.

Também chama atenção a notícia de que a ala militar do governo está perto de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica. Além disso, foi noticiado que o programa Renda Brasil deve voltar a fazer parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo.

Os preços do petróleo estão em queda. O WTI cai 1,31%, cotado a US$ 37,55 o barril, enquanto o Brent recua 1,08%, a US$ 40,35 o barril.

A queda vem após o American Petroleum Institute (API) estimar, no fim da tarde de ontem, que o volume de petróleo bruto estocado nos EUA teve aumento de 3 milhões de barris na última semana. Mais tarde, investidores vão acompanhar o levantamento oficial sobre estoques de petróleo dos EUA.

BCE

Em comunicado, o BCE afirma que continua pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado, para garantir que a inflação se mova para a meta de forma sustentada.

O BCE destacou ainda que continuará a fornecer ampla liquidez através de operações de refinanciamento.

As compras sob o programa de emergência devem continuar até pelo menos 2021 ou até que se julgue que acabou a crise do coronavírus.

Após a decisão, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que um amplo estímulo monetário continua sendo necessário e que o nível de atividade continua bem abaixo dos níveis pré-Covid. Ela comentou ainda que incertezas pesam sobre os gastos dos consumidores e investimentos empresariais

Inflação

Ontem, o Ministério da Justiça notificou supermercados e produtores a explicar, em cinco dias, o aumento do preço dos alimentos da cesta básica. Se houver confirmação de abusos na formação de preços, podem ser aplicadas multas em valores que passam de R$ 10 milhões.

Segundo a Folha de S.Paulo, a medida surpreendeu pastas de Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura), que trabalhavam em uma ação de mercado contra a alta dos preços. A principal iniciativa prevista era a suspensão do Imposto de Importação sobre o arroz, que foi aprovada ontem pela Câmara de Comércio Exterior.

A medida foi vista como um viés estatal por ex-integrantes da equipe econômica, que lembraram o tabelamento praticado no governo do José Sarney, dos anos 1980.

Na quarta-feira, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Sanzovo Neto, afirmou que deve ocorrer uma campanha para o brasileiro substituir o arroz pelo macarrão. Ele destacou que o problema da alta dos preços está sendo causada pelo excesso de demanda, principalmente no exterior, e pela retração na oferta.

O mercado acompanha ainda o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional pode anistiar as igrejas do pagamento de quase R$ 1 bilhão em dívidas com a Receita Federal.

Segundo O Globo, o presidente Jair Bolsonaro deve seguir a assessoria jurídica do Palácio do Planalto e vetar o trecho do projeto de lei que concede o perdão milionário. A equipe econômica do governo também é contrária à sanção da medida.

Orçamento

Outro destaque no noticiário brasileiro é o de que a ala militar do governo está perto de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica.

Segundo o Estado de S.Paulo, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, fará parte da Junta de Execução Orçamentária (JEO), responsável pelas principais decisões do Orçamento. Atualmente, a junta é composta apenas pelos ministros da Economia e da Casa Civil.

Além disso, a definição do programa Renda Brasil deve voltar a fazer parte da PEC do pacto federativo. O parecer seria apresentado ontem ao presidente do Senado, mas foi adiado para incluir o programa assistencial.

Inicialmente, o relator deixaria o Renda Brasil fora da PEC para ser incluído no parecer do projeto de Orçamento de 2021. No entanto, agora o programa deve ser apresentado ao presidente na semana que vem, entre quarta e quinta-feira.

Na noite de ontem, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à CNN Brasil que fez uma pesquisa em suas redes sociais em que 82% das pessoas responderam que queriam a permanência do valor de R$ 600 no auxílio emergencial. No entanto, ele disse que sua posição pessoal é de aprovar a medida provisória enviada pelo governo, que prevê mais quatro parcelas de R$ 300.

Radar corporativo

Um dos destaques do noticiário empresarial é a intenção do Grupo Pão de Açúcar de segregar a operação do Assaí, que opera os negócios de cash and carry (atacarejo).

Primeiro, a participação acionária detida pelo Assaí no Amacenes Éxito será transferida para o GPA. Depois, ocorrerá uma cisão parcial do GPA. Em seguida, a empresa vai listar as ações do Assaí no Novo Mercado da B3, e dos ADRs da empresa na bolsa de Nova York. Finalmente, as ações de emissão do Assaí serão distribuídas aos acionistas do GPA.

Além disso, a Cosan informou sua controlada Raízen está mantendo tratativas preliminares com a Biosev que poderão resultar em uma potencial transação entre as companhias.

Aprenda a fazer das opções uma fonte recorrente de ganhos, de forma responsável e partindo do zero, em um curso 100% gratuito!

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.