Ibovespa acelera perdas e cai 3% com exterior e realização antes de feriado; dólar sobe 1% e vai a R$ 5,42

Índice segue o dia de mau humor externo em meio aos dados fracos da economia americana e da zona do Euro

Rodrigo Tolotti

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelerou as perdas na tarde desta quinta-feira (30), com uma combinação de dados econômicos fracos no Brasil e exterior, além de investidores cautelosos antes do feriado e aproveitando para realizarem os ganhos dos últimos três pregões.

Além disso, o índice cai puxado pelas ações dos bancos, liderados pelo Bradesco, que desaba mais de 6% após divulgar seu resultado. A queda de mais de 3% dos papéis da Vale também pesa (clique aqui e veja os destaques de ações).

No exterior, as principais bolsas da Europa e os índices em Nova York estão em queda após dados fracos do (Produto Interno Bruto) PIB da zona do Euro e pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos.

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Às 13h, o benchmark da bolsa registrava queda de 3,11%, aos 80.580 pontos, enquanto o dólar comercial tinha alta de 1,37%, cotado a R$ 5,4271 na compra e R$ 5,4287 na venda. O dólar futuro para maio, por sua vez, avança 1,74%, para R$ 5,428.

Já no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 6 pontos-base, a 3,72%, enquanto o DI para janeiro de 2023 tem alta de 14 pontos, para 4,91%. O contrato para janeiro de 2025 avança 14 pontos-base a 6,61%.

Para a equipe de análise da Levante, o cenário amplo ainda é positivo, mas a sessão de hoje é impactada por uma combinação de fatores negativos, que acabam derrubando o índice.

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Entre os números que impactam o mercado hoje, além dos indicadores econômicos mais fracos, a queda do lucro do Bradesco, uma realização de lucros após três fortes altas seguidas e o feriado desta sexta, colocam os investidores em clima de cautela e pesam na Bolsa.

“Neste cenário, o dia será negativo para a Bolsa, no entanto, a visão positiva segue forte”, avalia a Levante.

Um dos dados mais aguardados do dia, o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana passada chegou a 3,84 milhões, e apesar da queda em relação à semana anterior, ficou levemente acima da expectativa mediana dos economistas compilada pela Bloomberg, que apontava para 3,5 milhões de pedidos.

Com isso, o total de pedidos de auxílio-desemprego em seis semanas, desde o início da crise do novo coronavírus, superou 30 milhões. Os pedidos na semana encerrada em 25 de abril chegaram ao nível mais baixo em um mês, após terem batido seu maior nível na semana de 28 de março, quando foram atingiram um recorde de 6,87 milhões.

Enquanto isso, a renda pessoal do americano em março teve queda de 2%, contra uma projeção de 1,7%, ao passo que o consumo teve um tombo de 7,5%.

Por aqui, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que a taxa de desemprego no país subiu para 12,2% no trimestre encerrado em março, atingindo 12,9 milhões de pessoas e já mostrando o impacto inicial da pandemia do coronavírus sobre o mercado de trabalho no país.

A expectativa, segundo consenso Bloomberg, era de que a taxa de desemprego no Brasil iria acelerar para 12,5% em março, ante 11,6% do trimestre móvel até fevereiro.

Na Europa, o Eurostat informou que a economia da União Europeia teve uma retração de 3,8% no 1º trimestre de 2020, o pior resultado desde 1995.

A queda no PIB do bloco europeu ocorreu por causa do avanço da epidemia do coronavírus, que levou à paralisação dos serviços, fechamento do comércio e medidas de quarentena na Itália, Espanha, França, Bélgica e Alemanha. Enquanto isso, a taxa de desemprego subiu para 7,4% da força de trabalho em março.

Já o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as principais taxas de juros inalteradas em meio à profunda crise econômica da região, afirmando ainda que está pronto para aumentar seu programa de estímulos se for necessário.

O BCE já implantou um pacote massivo de estímulos para mitigar parte do choque econômico. Em março, o banco central começou a comprar títulos do governo como parte de um pacote de 750 bilhões de euros e reduziu os custos dos bancos para apoiar a atividade de empréstimo.

Política 

O presidente Jair Bolsonaro desautorizou na noite de ontem a Advocacia Geral da União (AGU), a qual declarou mais cedo que não entraria com recurso após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ter suspenso a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. Bolsonaro, após dar posse de ministro da Justiça ao advogado André Mendonça – amigo dos filhos do presidente – afirmou que “quem manda sou eu, e eu quero o Ramagem lá”.

Segundo o mandatário, é dever da AGU recorrer da decisão do STF. Mais cedo, o ministro Alexandre de Moraes declarou em sua decisão a “inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público” ao barrar a posse de Ramagem, informam os jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

Ainda no radar político, um ponto positivo para mercado é possível reaproximação de Maia e Guedes, noticiada pelo jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com a coluna do Estadão, o  ministro e o presidente da Câmara voltaram a se falar recentemente, mas de maneira fria e por mensagem. Aliados de ambos buscam marcar um encontro, argumentando que o desentendimento entre Guedes e Maia complica o caminho de pautas vitais ao País, em especial, as econômicas, como o projeto de ajuda aos Estados.

Pandemia

O Brasil poderá ter 10 mil mortos pela Covid-19 até o domingo, segundo um estudo do Imperial College de Londres. O relatório, publicado hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, informa que o país tem atualmente a pior situação da pandemia no mundo, com cada pessoa infectada transmitindo o vírus para três. Na noite de ontem, o Brasil tinha 78.162 pessoas infectadas pelo coronavírus, com 5.466 mortes. São Paulo tinha mais de 2.070 mortes.

Noticiário corporativo

O Bradesco registrou um lucro líquido recorrente de R$ 3,753 bilhões no primeiro trimestre de 2020, uma baixa de 39,8% na comparação com igual período do ano passado, em meio à provisão de R$ 2,7 bilhões para absorver perdas com o aumento da inadimplência esperado com a crise do coronavírus. O lucro contábil foi de R$ 3,382 bilhões, recuo de 41,9%.

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) divulgou balanço e informou que obteve lucro líquido de R$ 53,8 milhões no 1º trimestre de 2020, revertendo prejuízo de R$ 158,2 milhões de igual período de 2019. A Cesp afirma que voltou ao lucro após tomar várias medidas de gestão, reduzindo em 63% o custo da energia comprada.

A Multiplan, uma das maiores administradoras de shopping centers do Brasil, também divulgou resultados trimestrais. A empresa reportou lucro líquido de R$ 177,7 milhões no período, expansão de 93% sobre igual trimestre de 2019. Embora os resultados tenham sido impactados pela epidemia do coronavírus, a Multiplan detalhou que eles só ocorreram a partir de 18 de março, com o fechamento de todos os centros comerciais. Os lojistas tiveram queda superior a 11% nas vendas no 1º trimestre.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.