Ibovespa cai perto de 3% com proliferação da 2ª onda do coronavírus e lockdown parcial na Alemanha; dólar sobe a R$ 5,73

Mercado registra fortes perdas na esteira do ambiente internacional e com nova tensão entre os poderes

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em queda nesta quarta-feira (28) conforme crescem as preocupações de que o aumento de novos casos de coronavírus paralise a recuperação da economia americana. Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu que não haverá pacote de estímulos antes das eleições.

A média móvel de novas infecções pela Covid-19 nos EUA atingiu um recorde de 69.967, de acordo com dados compilados pela universidade Johns Hopkins. As internações por conta do doença cresceram 5% ou mais em 36 estados do país.

Para piorar, a chanceler alemã, Angela Merkel, conseguiu um acordo para fazer um lockdown parcial de um mês na Alemanha. Haverá regras mais rígidas à mobilidade e fechamento de bares, restaurantes e estabelecimentos de lazer até o fim de novembro.

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Aqui no Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, culpou a política pelo atraso na agenda de privatizações, ao passo que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), culpou a base aliada do governo pela demora. É mais um caso de tensão institucional na gestão Bolsonaro.

Às 13h33 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha queda de 3,12%, aos 96.500 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial sobe 1% a R$ 5,738 na compra e a R$ 5,739 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro registrava alta de 0,48%, a R$ 5,734.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 3,47%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de dois pontos-base a 4,97%, o DI para janeiro de 2025 avança dois pontos-base a 6,72% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de dois pontos-base a 7,52%.

Ainda sobre o coronavírus, na Europa, autoridades vêm instituindo novas restrições nas últimas semanas. A França registrou 52 mil novos casos no domingo, e dois terços da população do país já vivem sob um toque de recolher noturno.

De acordo com a imprensa francesa, o presidente Emmanuel Macron deve anunciar novas medidas de contenção do vírus na noite desta quarta-feira, e há especulação sobre a possibilidade de estabelecer um novo lockdown em certos locais do país.

Países do bloco europeu já adquiriram mais de um bilhão de doses de vacinas que estão sendo desenvolvidas contra o vírus.

Vale lembrar que hoje tem decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) depois do fechamento do pregão.

Perda de leitos e privatizações no SUS

Na terça-feira, um decreto do governo federal incluiu as unidades básicas de saúde no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), um programa de concessões e privatizações do governo federal. O documento é assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

O documento determina que sejam feitos estudos “de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de unidades básicas de saúde”. O governo pretende estruturar projetos-piloto para esse tipo de parcerias, e afirmou à folha que analisa possíveis “modelos de negócios”.

A medida deve sofrer resistência, pois há temor de que afete políticas de saúde básica. Em vídeo divulgado na terça-feira, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, disse enxergar a privatização dos postos de saúde. Ele afirmou que o conselho estuda possíveis medidas legais.

Além disso, a Folha de S. Paulo estampa como reportagem de capa o fechamento de leitos de UTI após a queda do número de casos de covid no Brasil. Até janeiro, o setor privado tinha 22.586 leitos de UTI, e o SUS tinha 22.841, segundo dados do Conselho Federal de Medicina.

A partir de abril, o governo abriu outros 14.843 leitos de UTI para adultos e 249 pediátricos. Quase dois terços foram fechados, e restam 5.233 deste excedente.

Agora, secretários estaduais de Saúde dialogam com o governo para que mantenha pelo menos 5.000 dos novos leitos em regiões que sempre tiveram falta. Os leitos extras podem se mostrar necessários caso o Brasil apresente a aceleração de novos casos de coronavírus, como vem ocorrendo nos Estados Unidos e na Europa, onde há temor de um novo colapso de hospitais devido a internações.

Radar corporativo

Depois do fechamento, serão divulgados os números da Petrobras (PETR3PETR4), Vale (VALE3) e Bradesco (BBDC3BBDC4).

Para a mineradora, a expectativa é de um terceiro trimestre positivo, impulsionado por maiores preços e vendas de minério de ferro. A Petrobras, por sua vez, deve ter resultados sequencialmente melhores com a alta de 6,6% da produção de petróleo e o avanço de 30% do barril do Brent no período. O Bradesco deve ter lucros maiores do que os registrados nos dois primeiros trimestres e uma queda no custo de risco.

Na terça-feira, a Smiles anunciou lucro líquido de R$ 50,2 milhões no terceiro trimestre de 2020.
A Localiza anunciou lucro líquido acima das expectativas, de R$ 325 milhões, levando o Credit Suisse a reforçar a avaliação de outperform (expectativa de valorização acima da média do mercado).

E a Cielo anunciou lucro líquido de R$ 100 milhões. O Credit Suisse manteve recomendação neutra para a companhia (expectativa de valorização dentro da média do mercado).

As vendas brutas do Carrefour no terceiro trimestre atingiram R$ 19,3 bilhões, um resultado classificado como “excepcional” pelo Credit Suisse.

A Notre Dame acertou a compra do Hospital Santa Brígida, em Curitiba, por R$ 48,5 milhões.

A Localiza anunciou que elevou o plano de recompra de debêntures para $ 1,3 bilhão.

E o BNDES afirmou que votará em assembleia a favor de processo contra os irmãos Batista, donos da JBS.

A Petrobras anunciou a compra da plataforma P-71, no Espírito Santo, por US$ 353 milhões e ainda a alteração de sua política de dividendos, permitindo o pagamento de dividendos mesmo sem lucro contábil.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.