Ibovespa zera perdas puxado pelas ações de Vale e Petrobras; dólar cai a R$ 5,21

Índice recua com investidores de olho aos temores sobre inflação nos EUA, enquanto política, ata do Copom e IPCA ficam no radar por aqui

Rodrigo Tolotti

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa zera perdas nesta terça-feira (11) puxado pelos ganhos de Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) e assim se descola do ambiente de forte queda das bolsas nos Estados Unidos. Juntas, as ações dessas duas empresas respondem por mais de 20% da composição da carteira teórica do benchmark.

Lá fora, o que pesam são os temores de alta da inflação na maior economia do mundo. Papéis de ações de tecnologia são especialmente afetados e na véspera já haviam registrado fortes quedas.

O Federal Reserve vem sinalizando que não pretende apertar sua política monetária enquanto não houver sinais mais claros de recuperação do emprego. Mas há temor sobre o impacto de um período de alta da inflação sobre a economia.

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O rendimento dos juros do Tesouro americano com vencimento em dez anos, atingiu 1,6% na segunda, uma alta de 0,03 ponto percentual, o que prejudica principalmente as companhias de tecnologia.

Essas empresas são vistas como de muito crescimento independente do cenário econômico, então grande parte do fluxo de caixa delas está na perpetuidade, de modo que acabam sofrendo mais com uma alta da taxa de juros longa.

Perto do meio dia foi divulgado o indicador de aberturas de vagas de trabalho nos EUA, que totalizaram 8,1 milhões em março, acima do recorde anterior, de 7,6 milhões em novembro de 2018, conforme reportou o Wall Street Journal.

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Por aqui, atenção também para os dados de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,31% em abril, segundo dados divulgados pelo IBGE, número praticamente em linha com os 0,30% da expectativa dos analistas consultados pela Refinitiv. Em março, o índice tinha subido 0,93% na comparação com fevereiro.

No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta foi de 1,19%. A principal influência desse resultado foi o aumento dos preços dos produtos farmacêuticos (2,69%), que foram também o principal impacto no índice geral (0,09 p.p.).

Além disso, o noticiário político também é destaque após, a pedido do Ministério Público, o TCU (Tribunal de Contas da União) anunciar que investigará indícios de que o governo Jair Bolsonaro criou um “orçamento paralelo” de R$ 3 bilhões.

O suposto esquema foi revelado por reportagem publicada no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, com liberação irregular de verba do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Às 13h03 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha leve variação positiva de 0,07%, a 121.991 pontos, após chegar aos 120.145 pontos na mínima do dia logo na abertura.

Enquanto isso, o dólar comercial cai 0,39% a R$ 5,211 na compra e a R$ 5,212 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho registra perdas de 0,15% a R$ 5,225.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai sete pontos-base a 4,77%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de 10 pontos-base a 6,54%, o DI para janeiro de 2025 recua sete pontos-base a 8,09% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de um ponto-base a 8,70%.

As bolsas asiáticas também sofreram pressão do movimento de vendas de empresas de tecnologias nos EUA. O índice Nikkei, do Japão, fechou com queda de 3,08%; o Kospi, da Coreia do Sul, recuou 1,23%; o Hang Seng Index, de Hong Kong, caiu 2%. Na China continental, no entanto, o índice Shanghai composto fechou com alta de 0,4%, enquanto que o Shenzhen composto subiu 0,36%.

Na terça, o governo chinês anunciou que os preços ao consumidor em abril subiram 0,9% em comparação com um ano antes, abaixo da expectativa de 1% feita por analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters. No entanto, o índice de preços ao consumidor subiu 6,8%, acima da projeção de 6,5% feita por analistas ouvidos pela Reuters.

Além disso, a China também divulgou dados sobre o seu Censo, realizado de dez em dez anos, que indicou desaceleração do crescimento populacional na China continental, a 0,53% no período. Entre 2000 e 2010, o patamar havia sido de 0,57%.

Covid no Brasil

Na segunda (10), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 2.087, queda de 13% em comparação com o patamar de 14 dias antes, e a menor média desde 17 de março. Em apenas um dia foram registradas 1.018 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 60.371, alta de 7% em relação ao patamar de 14 dias antes. Assim, o país rompe a trajetória de queda de novos casos que vinha sendo observada nos últimos dias. Em apenas um dia foram registrados 31.811 casos.

35.909.617 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 16,96% da população. A segunda dose foi aplicada em 18.073.591 pessoas, ou 8,54% da população.

A CPI da Covid no Senado será retomada nesta terça-feira, em que os senadores devem ouvir às 10h o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres. Ele deve falar sobre o processo de aprovação de vacinas pela agência, que tem barrado a Sputnik V, mas já aprovou CoronaVac, AstraZeneca/Oxford, Pfizer/BioNTech e Janssen.

Ele também deve ser questionado sobre uma proposta supostamente promovida pelo governo de alterar a bula da cloroquina, de forma a incluir o tratamento para Covid-19, apesar de não haver comprovação científica de sua eficácia. Na semana passada, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou sobre essa proposta à CPI, afirmando que Barra Torres havia se oposto à mudança.

A partir de quarta, o enfoque dos senadores deve ser questionar por que o governo Bolsonaro não aceitou 70 milhões de doses de imunizantes oferecidas em agosto de 2020 pela Pfizer, que poderiam ter adiantado a vacinação e reduzido o patamar de mortes.

Na quarta, será a vez do ex-secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, o publicitário Fabio Wajngarten. Em entrevista à revista Veja, ele atribuiu a demora em fechar um acordo com a Pfizer ao ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, a quem chamou de “incompetente” e “ineficiente”, e afirmou que travou um “intenso duelo” para tentar viabilizar a compra da vacina norte-americana ainda no segundo semestre de 2020. A quinta-feira está reservada para depoimento de representantes da própria Pfizer.

Em entrevista realizada na segunda-feira à CNN, o vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o general Pazuello prestará depoimento na condição de testemunha. E que poderá ser preso caso não mantenha o compromisso de dizer a verdade.

“Se em um (inquérito) ele pode estar sendo apontado como investigado, na CPI, ele não está nessa qualidade”, disse Randolfe à CNN, referindo-se a uma investigação já em curso pelo Ministério Público sobre a conduta de Pazuello à frente da pasta no enfrentamento à pandemia.

“Ele está na qualidade de testemunha (na CPI)”. Assim, “tem a obrigatoriedade, conforme os termos do Artigo 202 do Código de Processo Penal, de prestar o compromisso à verdade. E sob as penas da lei de que se não cumprir o compromisso de falar a verdade” pode responder “inclusive com detenção”, afirmou o senador.

Rodrigues disse que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não prevê interferência em investigações conduzidas por uma CPI. Assim, afastou a possibilidade de que o ex-ministro obtenha, junto ao STF, um habeas corpus que permitisse que comparecesse sob a condição de investigado. Isso o permitiria ficar calado.

Pazuello tinha depoimento marcado para a semana passada, quando outros ex-titulares da pasta sob o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foram ouvidos. Mas sua oitiva foi adiada para a quarta-feira da próxima semana, dia 19, após parlamentares serem informados pelo Exército que Pazuello teria que cumprir quarentena após contato com duas pessoas que testaram positivo para a Covid-19.

Um dia após a fala de Pazuello, a CPI deve ouvir, no dia 20, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Na terça, a Anvisa recomendou a suspensão da aplicação em grávidas da vacina desenvolvida pela parceria entre a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, e produzida no Brasil pela Fiocruz. A Anvisa não relatou, no entanto, nenhum efeito adverso sobre grávidas da vacina no Brasil.
Na segunda, o PHE (Saúde Pública da Inglaterra) afirmou que uma dose desse imunizante resulta em uma diminuição de 80% do risco de morrer de Covid.

Além disso, atendendo a um pedido do estado do Maranhão, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, deu 48 horas de prazo para que a Anvisa informe a relação de documentos que faltam para a análise definitiva do pedido de importação da vacina russa contra Covid-19 Sputnik V. No dia 26 de abril, a Anvisa rejeitou pedido de importação da Sputnik V feito por governos estaduais, alegando falta de informações para garantir a segurança, a qualidade e a eficácia do imunizante.

“Orçamento Paralelo” e falta de chuvas

Atendendo a pedido do Ministério Público realizado na segunda-feira, o TCU (Tribunal de Contas da União) investigará indícios de que o governo Jair Bolsonaro criou um “orçamento paralelo” de R$ 3 bilhões. O suposto esquema foi revelado por reportagem publicada no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, com liberação irregular de verba do Ministério do Desenvolvimento Regional.

O pedido de investigação foi feito pelo subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU Lucas Rocha Furtado. O subprocurador afirma que o presidente Bolsonaro pode ter atentado contra a lei orçamentária, um crime de responsabilidade previsto no artigo 85 da Constituição.

A reportagem mostrou como deputados e senadores enviaram 101 ofícios ao Ministério do Desenvolvimento Regional e a órgãos vinculados. Nesses ofícios, indicaram como preferiam usar os recursos.

A suposta liberação irregular de verbas teria ocorrido por meio das “emendas de relator”, que distribuiu R$ 20 bilhões em 2020, reduzindo a transparência das operações. Segundo o jornal, enquanto contemplava aliados na Câmara e no Senado com os recursos, o governo monitorava a fidelidade dos parlamentares na votação de projetos de seu interesse.

Assim, os parlamentares conseguiram aplicar em suas bases valores muito superiores aos R$ 8 milhões anuais em emendas a que cada um tem, legalmente, direito. Segundo o Estadão, a maior parte dos recursos foi aplicada na compra de máquinas agrícolas, com preços até três vezes acima do valor de referência do governo.

Segundo nova reportagem publicada nesta terça pelo Estadão, metade dos recursos de R$ 3 bilhões estariam sendo destinadas pelos parlamentares em obras de asfaltamento em redutor eleitorais dos políticos. Parte dos recursos teria sido destinada à Codevasf, estatal controlada pelo Centrão, base de apoio do governo Bolsonaro comandada pelo atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

De acordo com Furtado, há sinais de que ocorreu “inadequada execução orçamentária, motivada supostamente por interesses políticos e em desvirtuamento do princípio da isonomia que orienta a distribuição de recursos”.

Em seu pedido de investigação, Furtado citou o caso do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) que, segundo o Estadão, decidiu sozinho o destino de R$ 277 milhões em verbas públicas. É um patamar 34 vezes maior do que estaria autorizado a destinar, segundo a lei.

Em um outro caso suspeito, o procurador-geral da República, Augusto Aras, rejeitou abrir investigação contra o presidente Jair Bolsonaro para apurar se houve crime em razão de depósitos de cheques feitos na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro por Fabrício Queiroz. Queiroz é ex-assessor do filho primogênito do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), da época em que ele era deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Aras disse que o caso envolvendo Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz já foi alvo de denúncia pelo Ministério Público do Rio e que não houve durante as investigações notícia de crime cometido pelo presidente.
Além disso, o presidente Jair Bolsonaro disse na segunda-feira que o Brasil está vivendo a maior crise hidrológica da sua história, que deve prejudicar a geração de energia elétrica.
“Nós estamos com um problema sério pela frente, estamos vivendo a maior crise hidrológica da história, de eletricidade, vai ter dor de cabeça”, afirmou Bolsonaro a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada.

“Só avisando, a maior crise que se tem notícia hoje. Demos mais um azar, né? E a chuva geralmente (cai) até março, agora já está na fase que não tem chuva. Mas tudo bem, vamos tentar aí ver como a gente pode se comportar aí”, emendou.

A situação deve exigir um forte uso de usinas térmicas, que aumentam custos para os consumidores, segundo o chefe do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, embora ele tenha destacado que não vê riscos de falta de suprimento ou racionamento, até devido aos impactos da crise gerada pelo coronavírus.

Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) formado por membros do governo e de órgãos técnicos incluindo o ONS aprovou a possibilidade de medidas adicionais para garantir o atendimento à demanda, incluindo maior acionamento de térmicas e importações de energia da Argentina e do Uruguai.

Radar corporativo

A temporada de resultados segue movimentada nesta terça-feira. A Itaúsa anunciou que seu lucro recorrente de janeiro a março somou R$ 2,4 bilhões, 123% a mais do que no mesmo período de 2020. Em termos líquidos, o lucro de R$ 2,2 bilhões foi 118% maior do que um ano antes.

A Lojas Marisa teve queda do prejuízo líquido, passando de R$ 107 milhões para R$ 53,4 milhões no primeiro trimestre de 2021.

O lucro líquido da Direcional cresceu 170%, para R$ 27 milhões, enquanto a receita líquida teve alta de 42%, para R$ 414 milhões. Já o prejuízo da Mitre teve alta de 82,2%, no 1º trimestre, para R$ 11,7 milhões; a receita líquida subiu 77,2%, para R$ 85 milhões.

A Aura Minerals teve prejuízo de R$ 78,6 milhões no primeiro trimestre do ano passado (US$ 18 milhões) e registrou lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 76,4 milhões (US$ 14 milhões) nos primeiros três meses de 2021. O lucro da Blau Farmacêutica mais que dobrou na comparação anual, indo de R$ 31 milhões para R$ 86,1 milhões.

Ainda em destaque, o lucro líquido da Petz teve baixa de 40,7% na comparação anual, para R$ 11,48 milhões. Já a Intelbras reverteu prejuízo registrado nos primeiros três meses de 2020 e teve lucro de R$ 89,7 milhões no trimestre.

BTG e Klabin divulgam resultados antes da abertura enquanto que, após o fechamento do mercado, Carrefour Brasil, Banco Inter, BR Distribuidora, Lopes Brasil, Marfrig, Grupo Notre Dame Intermédica, RD, Santos Brasil, SulAmérica, Vivo, Vulcabras, Wilson Sons e Espaço Laser revelam seus números.

Fora da temporada, a petroleira brasileira PetroRio informou que a perfuração realizada no reservatório do Eoceno no Campo de Polvo apresentou resultado “bastante satisfatório”, com produção inicial em torno de 2.500 barris de óleo por dia.

A Petrobras assinou contrato para a venda da totalidade de sua participação de 50% no campo terrestre de Rabo Branco, na Bacia de Sergipe-Alagoas, em Sergipe, para a Petrom, por US$ 1,5 milhão, informou a companhia nesta segunda-feira em comunicado ao mercado.

O tráfego de passageiros em voos da Azul em abril recuou 9,1% em relação a março, segundo dados informados pela companhia aérea nesta segunda-feira, mostrando os efeitos sobre o setor da segunda onda de contaminação pela Covid-19 no Brasil.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.