Ibovespa acelera alta com Fomc e investidores aguardam por discurso de Powell; dólar zera vira para queda

Mercado registra desempenho errático antes da política monetária dominar o noticiário

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera ganhos nesta quarta-feira (17) depois da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que manteve os juros dos Estados Unidos na banda entre 0% e 0,25% ao ano, mas elevou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 4,2% para 6,5% em 2021.

Os investidores agora esperam pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. As expectativas são de que Powell dê sinalizações sobre a forma como o Fed tem acompanhado o rali nos rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos dos EUA. Hoje, os treasuries já pagam juros de 1,67% ao ano, o que tira atratividade da renda variável, uma vez que esses são os ativos mais seguros do mundo.

Hoje depois do fechamento ainda haverá decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) para a qual a expectativa dos economistas é de que o BC eleve a Selic em 0,5 ponto percentual, a 2,50% ao ano. No entanto, analistas dizem que diante do patamar elevado do dólar e da disparada da inflação, que chegou a 5,2% em 12 meses segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, o BC poderia ser até mais agressivo e subir a Selic em 0,75 p.p..

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Na política, uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta mostrou que a rejeição ao trabalho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da pandemia da Covid-19 disparou ao maior nível desde que a crise sanitária começou, há um ano.

Segundo o Datafolha, 54% dos brasileiros veem sua atuação como ruim ou péssima na semana em que foi apresentado o quarto ministro da Saúde de seu governo. Na pesquisa passada, realizada em 20 e 21 de janeiro, 48% reprovavam o trabalho de Bolsonaro na pandemia.

Também no radar, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) decidiu incluir a Eletrobras, os Correios e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) no Programa Nacional de Desestatização (PND).

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Às 15h17 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 1,34%, a 115.546 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial opera em queda de 0,18% a R$ 5,608 na compra e a R$ 5,609 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em abril registra perdas de 0,3% a R$ 5,61.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe quatro pontos-base a 4,29%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de nove pontos-base a 6,07%, o DI para janeiro de 2025 avança 12 pontos-base a 7,47% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de 10 pontos-base a 7,97%.

Voltando ao exterior, segundo dados oficiais compilados pelo site Our World in Data, até o dia 15 de março 32,62% da população dos Estados Unidos havia sido vacinada.

Investidores também se mantêm atentos para o preço do petróleo, que teve quedas na terça-feira, após diversos países europeus suspenderem a aplicação da vacina desenvolvida em parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford. Entre eles estão Alemanha, Espanha, França, Itália e Suécia.

Há receio quanto à perspectiva de recuperação mais lenta da demanda por combustível com a queda no ritmo de vacinação. Nesta quarta, o barril tipo Brent recua 0,41%.

O temor acontece apesar de a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já terem deixado claro que os dados disponíveis indicam que a vacina é segura, e que os benefícios para a saúde são mais fortes do que os potenciais riscos.

Especialistas têm ressaltado que a proporção de pessoas que desenvolveram coágulos após tomar a vacina não é maior do que a proporção entre a população em geral, de acordo com os dados disponíveis até o momento.

Em uma declaração, a Agência Médica Europeia ressaltou que “muitas milhares de pessoas desenvolvem coágulos sanguíneos todo ano na União Europeia, por diversos motivos”, e que o número de incidentes entre aqueles vacinados “não parece ser mais alto do que o observado na população em geral”.

Assim, “os benefícios da vacina da AstraZeneca em evitar a Covid-19, com seu risco associado a hospitalização e morte, supera os riscos de efeitos adversos”.

O cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan afirmou na segunda: “nós não queremos que as pessoas entrem em pânico, e recomendaríamos, neste momento, que os países continuem se vacinando com a AstraZeneca”.

Além disso, o resultado da eleição geral na Holanda deve ser divulgado na noite desta quarta.

A expectativa é de que o atual primeiro ministro, Mark Rutte, obtenha seu quarto mandato. Mas não assentos o suficiente para que seu partido, o VVD (Partido Popular para Liberdade e Democracia), governe sozinho. A formação de uma coalizão pode demorar mais tempo.

Recordes em mortes e novos casos de Covid

Pelo 18º dia seguido, o país bateu na terça (16) seu recorde na média móvel de mortes por Covid em 7 dias, com a marca de 1.976, alta de 48% em comparação com a média de 14 dias antes. O patamar de 1.500 mortes na média de 7 dias foi ultrapassado pela primeira vez na semana retrasada.

O Brasil também registrou seu novo recorde para um único dia, com 2.798 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de terça, o avanço da pandemia em 24 h no país.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 69.226, alta de 22% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia houve 84.124 diagnósticos, também um recorde.

Até a segunda, 10.389.077 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 4,91% da população. A segunda dose foi aplicada em 3.791.197 pessoas, ou 1,79% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Na terça, a Fiocruz divulgou o seu monitoramento sobre a ocupação de leitos de UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS), indicando que 24 estados e o Distrito Federal têm taxas de ocupação iguais ou acima de 80%. E 15 estados têm taxas iguais ou superiores a 90%.

Dentre eles, está o Estado de São Paulo, que atingiu a ocupação de 90% dos leitos de UTI pela primeira vez na pandemia. Assim, o Brasil passa pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”, segundo a Fiocruz.

Na terça, o novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, realizou um pronunciamento ao lado do general Eduardo Pazuello, de saída da pasta. Sem responder a perguntas de jornalistas, Queiroga afirmou que “é preciso unir esforços do enfrentamento da pandemia com a preservação da atividade econômica”.

“Conclamar a população que utilize máscaras, são medidas simples de bloqueio ao vírus, que lavem as mãos, usem o álcool. Eu estou repetindo, todos vocês já sabem disso, mas só para reafirmar essa posição que são medidas simples, mas que são importantes, porque a gente pode com essas medidas evitar ter que parar uma economia de um país?”, disse Queiroga, sem citar medidas como isolamento ou restrição a negócios e a circulação de pessoas.

O general Pazuello indicou que o novo ministro não trará mudanças na política do Ministério da Saúde. “Não é uma transição, é um só governo”, disse. O militar é investigado pela Polícia Federal por ter supostamente promovido remédios sem eficácia comprovada contra a Covid, enquanto era alertado sobre a falta iminente de oxigênio em Manaus. A investigação foi aberta após o Supremo Tribunal Federal atender a pedido da Procuradoria-Geral da República.

A escolha de Queiroga teve apoio do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), primogênito do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e desagradou ao Centrão, base de apoio de Jair. Queiroga é amigo da família da esposa de Flávio. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, parlamentares do Centrão falam em dificultar pautas do governo após o presidente ter ignorado suas sugestões.

Em meio à alta de casos, governos estaduais vêm adotando medidas mais drásticas. A partir desta quarta, apenas serviços essenciais devem funcionar em todos os 853 municípios de Minas Gerais. O governo de Alagoas determinou que todos os municípios do estado retornem à fase vermelha a partir de sexta (19), com fechamento de comércio, praias e shoppings aos finais de semana.

A Fundação Oswaldo Cruz deve entregar nesta quarta as primeiras 500 mil doses da vacina contra Covid produzidas pela instituição. Trata-se do imunizante desenvolvido em parceria com AstraZeneca e Universidade de Oxford. Ao todo, a Fiocruz deve entregar 1 milhão de doses.

Na terça, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a continuidade do uso da vacina AstraZeneca contra Covid-19 no Brasil, após ter concluído que não houve alteração no equilíbrio do benefício-risco do imunizante em meio a relatos de efeitos adversos da vacina em países europeus nos últimos dias.

Segundo a Anvisa, a conclusão sobre a vacina foi reforçada após a realização de reunião entre o órgão e autoridades regulatórias de vários países e também com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Avaliação de Bolsonaro na pandemia

Pesquisa do Instituto Datafolha ouviu 2.023 pessoas por telefone nos dias 15 e 16 de março, e as questionou sobre a avaliação da pandemia, da gestão de Bolsonaro sobre a crise, e sobre o presidente de forma geral.

Das pessoas ouvidas, 54% avaliaram como ruim ou péssima a atuação do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia; 24% avaliaram como regular; 22%, como ótima ou boa; 1% não souberam responder. Na pesquisa passada, realizada em 20 e 21 de janeiro, 48% reprovaram a atuação do presidente.

O Datafolha também questionou sobre quem seria o principal culpado pela situação na pandemia. 43% indicaram Bolsonaro; 17% governadores; 9% prefeitos; 6% a população; 5% todos; 11% nenhum; e 6% não souberam responder.

Além disso, 44% dos entrevistados avaliaram o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo; 30% como ótimo ou bom; 24% como regular; e 2% não souberam responder. Em janeiro, 40% haviam avaliado seu governo como ruim ou péssimo.

Além disso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reuniu-se na tarde de terça com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para discutir a tramitação da reforma administrativa no Congresso Nacional e, ao final do encontro, se disse otimista com a perspectiva de aprovação da proposta em ambas as Casas.

Em rápida fala à imprensa na residência oficial do presidente da Câmara, Guedes, que estava acompanhado do ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, afirmou que Lira deverá anunciar em breve os detalhes acerca da tramitação da proposta.

“Nós temos avançado com uma boa velocidade na agenda de reformas e o presidente da Câmara nos chamou hoje então para conversar sobre reforma administrativa, os próximos passos, o prazo, relatoria. Tudo isso ele vai estar dando, em detalhes, daqui a pouco lá na Câmara dos Deputados”, disse Guedes.

Em entrevista gravada à CNN, o ministro da Economia disse que o governo calcula ter obtido um “coeficiente de 70%” na aprovação de medidas econômicas enviadas ao Congresso Nacional, e mencionou que a reforma administrativa está pronta para ser aprovada pelos parlamentares, classificando-a como “leve, suave”.

Guedes mencionou a economia fiscal que a reforma vai gerar em âmbito federal, de R$ 300 bilhões , além da economia em torno de R$ 140 bilhões a R$ 150 bilhões em salários nos três níveis da Federação.

Também na terça, Guedes afirmou que a nova rodada do BEm (Programa de Preservação de Renda e do Emprego), que permite a suspensão de contratos e a redução de jornada e salário do trabalhador, está pronta e será lançada em breve. O programa deve ser bancado pela reformulação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), utilizando uma parcela dos recursos normalmente usados como seguro-desemprego para manter os funcionários empregados.

Já o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou em entrevista ao jornal Valor que a medida provisória que viabiliza o pagamento do novo auxílio emergencial será enviada ao Congresso ainda nesta semana. Ela definirá o valor pago e o número de pessoas beneficiadas. Coelho disse ao jornal que não foi definido se a proposta chegará amanhã ou até o final da semana.

O valor do benefício deverá ser de entre R$ 150 e R$ 375. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a maior parte dos beneficiários devem receber o menor valor.

Radar corporativo

A temporada de resultados continua. A d1000 lucrou R$ 18 milhões no quarto trimestre de 2020, contra um lucro líquido de R$ 10,1 milhões no igual período do ano anterior. Já o lucro da Profarma cresceu 43% no quarto trimestre de 2020, para R$ 27,7 milhões, ante os últimos três meses de 2019. A NotreDame Intermédica, do setor de planos de saúde, teve lucro líquido de R$ 155,2 milhões nos últimos três meses do ano passado, em alta de 18,1% frente os R$ 131,4 milhões registrados no mesmo trimestre de 2019.

A Gafisa lucrou R$ 28,9 milhões, ante o ganho de R$ 47 milhões do mesmo período de 2019. A Helbor, por sua vez, registrou lucro líquido de R$ 26,2 milhões no 4º trimestre de 2020, revertendo prejuízo de R$ 26,9 milhões em igual período de 2019.

Sobre o setor de construção, a XP Investimentos iniciou a cobertura para as ações de Lavvi (LAVV3; Compra e preço-alvo de R$11,50/ação), Melnick (MELK3; Compra e preço-alvo de R$9,00/ação), Trisul (TRIS3; Compra e preço-alvo de R$14,00/ação) e Even (EVEN3; Neutro e preço-alvo de R$13,00/ação). Além disso, retomaram a cobertura de Cyrela (CYRE3; Compra e preço-alvo de R$33,00/ação) e atualizaram as estimativas para EZTec (EZTC3; Compra e preço-alvo de R$48,0/ação).

“Apesar de esperarmos volatilidade nos papéis em razão da alta da taxa de juros futuros, a nossa expectativa é de que o segmento de médio e alto padrão continue sua trajetória de recuperação após os impactos da pandemia por causa dos sólidos fundamentos: juros imobiliários na mínima histórica, demanda aquecida por imóveis, forte balanço patrimonial das incorporadoras listadas e valuations atrativos”, destacaram os analistas.

Sobre a Vale, a companhia iniciou, de forma gradual, a operação da planta de filtragem de rejeitos do Complexo Vargem Grande, a primeira de quatro plantas de filtragem que serão instaladas nas operações da companhia, em Minas Gerais, com investimentos de US$ 2,3 bilhões entre 2020 e 2024.

Já entre as estatais, a Eletrobras  foi informada pelo governo na terça-feira sobre sua inclusão no Programa Nacional de Desestatização (PND).

A Petrobras informou na terça que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou a revogação da outorga da usina termelétrica TermoCamaçari, na Bahia, e que está negociando o arrendamento da unidade com a Proquigel Química, empresa integrante do Grupo Unigel. “A companhia já vinha buscando alternativas para a termelétrica, como a venda de participação da unidade no âmbito da aliança estratégica firmada com a Total S.A. em dezembro de 2016, mas que não foi concluída”, disse a Petrobras em comunicado.

O preço final do gás natural vendido pela Petrobras a distribuidoras, que atendem os consumidores na ponta, deve ter um salto de 18% a 35% a partir de maio, projetou um técnico da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia) na terça, segundo informações da agência internacional de notícias Reuters.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.