Ibovespa cai aos 107 mil pontos e analistas veem oportunidades de compra, mas gráficos apontam até para perda dos 100 mil

Índice entrou em queda livre por fatores domésticos e internacionais, porém já há quem enxergue a Bolsa barata

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa começou um movimento de baixa impressionante e chega nesta segunda-feira (20) ao seu quinto pregão consecutivo de baixas, chegando ao patamar dos 107 mil pontos, menor nível do índice desde novembro do ano passado.

A queda não tem uma causa única, mas várias. Depois do cenário local se tornar foco de preocupação por conta do imbróglio em torno do Orçamento do ano que vem e da crise entre os Três Poderes, o exterior também começou a trazer instabilidade, pois as políticas chinesas contra a poluição cada vez mais impactam o minério e a crise da incorporadora Evergrande atingiu níveis dramáticos esta semana.

Vinícius Martins, sócio da PHI Investimentos, lembra que as sinalizações de aumento do gasto do governo antes das eleições, exemplificado por promessas como a de aumento do benefício do Bolsa Família, gera ainda mais pressão inflacionária. Ao mesmo tempo, ele diz que é normal pensar em fuga de capital de mercados emergentes para desenvolvidos quando o Federal Reserve começar a subir juros nos Estados Unidos.

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“É esperada bastante volatilidade para o Ibovespa no curto prazo. Com esse movimento de alta da Selic, mais esse o avanço das taxas dos juros longos, é natural uma migração de investimentos da renda variável para a renda fixa em busca de rendimentos mais atrativos em aplicações conservadoras”, afirma Martins.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a Bolsa brasileira enquanto não tiver uma notícia muito boa internamente deve continuar a cair por esses fatores externos. “Olhando Europa, EUA e quase toda a Ásia, todos estão caindo 3% no mês.”

Dentro dessa realidade, Cruz entende que o investidor tem duas opções: ou zerar suas posições compradas agora ou esperar a poeira baixar antes de fazer um reposicionamento. “Eu prefiro esta segunda filosofia, acho que essa queda é exagerada e que a Bolsa pode subir daqui para frente”, defende.

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Na mesma linha, Frederico Loss, sócio da Allez Invest, comenta que no mercado o importante é comprar na baixa e vender na alta, de modo que apesar de reconhecer que o cenário é muito desafiador tanto externa quanto internamente, no patamar atual grande parte das ações está descontada.

“No lado micro, muitas empresas estão entregando resultados consistentes. Apesar da derrocada do minério de ferro, commodities agrícolas e petróleo, que são muito importantes na pauta econômica brasileira, ainda estão em alta”, defende.

Loss vê como interessantes os investimentos hoje em ações de setores expostos à reabertura econômica que se dá conforme avança a vacinação no país, tais quais varejo, turismo e commodities (excetuando-se mineradoras e siderúrgicas).

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Do lado macro, por outro lado, Loss acredita que e difícil cravar sobre quando será a melhora, pois o momento ainda é de atenção sobre como serão pagos pelo governo federal os precatórios que são foco de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara dos Deputados, de que maneira o Planalto conseguirá manter o Bolsa Família no teto de gastos e qual será a solução da China para o problema da Evergrande.

Análise gráfica

Se o cenário macro tem tão pouca visibilidade de melhora, nos gráficos a situação também parece preocupante. O analista Gilberto Coelho, o Giba, da XP, destaca que o Ibovespa hoje testa o suporte dos 107.300 pontos. Se esse patamar for perdido, o próximo ponto que atrai comprados na Bolsa é o de 98.400 pontos.

De acordo com Giba, para sinais de recuperação o benchmark teria que fechar acima dos 117.300 pontos, mirando uma alta até os 126.700 pontos.

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Ele lembra, contudo, que como o Ibovespa encontra-se sobrevendido no Índice de Força Relativa (IFR), é de se esperar que os repiques de alta venham “a qualquer momento”.

Já Evandro Lima, analista técnico da Rico Investimentos, aponta ser difícil encontrar algo que faça o índice ter uma reversão e, abaixo dos 107.320 pontos, o próximo suporte forte seria nos 93.400 pontos.

“É realmente uma situação bastante complicada. Em algum momento vai dar um repique. Mas, por enquanto, a tendência é de baixa sem nenhuma perspectiva de melhora”, explica.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.