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Ibovespa cai 1,72%, na contramão do exterior, com queda de commodities e repercutindo Copom

Nos Estados Unidos, por outro lado, discurso de Jerome Powell alimentou apetite de investidores por ações de crescimento e Nasdaq fechou em forte alta

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,72% nesta quinta-feira (2), aos 110.140 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira destoou do que foi visto nos Estados Unidos, com os mercados nos dois países repercutindo, principalmente, as decisões dos bancos centrais da véspera, mas também o desempenho de commodities.

Por aqui, o Banco Central manteve a Selic em 13,75%, mas sinalizou que a taxa, por conta dos ruídos fiscais, pode ficar em patamares elevados por mais tempo.

“O BC foi um pouco duro no tom adotado, indicando que a Selic permanecerá mais alta ou que, se fazer uma redução, ela será marginal. Naturalmente, sabemos que juros mais altos são incorporados de forma negativa no preço das ações”, explica Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

A curva de juros brasileira fechou totalmente no verde. Os DIs para janeiro de 2024 ganharam 15,5 pontos-base, a 13,69%, e os para o mesmo mês de 2025, 28 pontos, a 13,06%. As taxas dos contratos para 2027 e 2029 subiram, respectivamente, 13 e 12 pontos, a 12,90% e 13,07%. Os DIs para 2031, por fi, foram a 13,16%, com mais 12 pontos.

“O que a gente vê é uma pior performance da Bolsa brasileira na comparação com lá fora, principalmente no que tange companhias exportadoras de commodities”, aponta ainda Luiz Adriano Martinez, gestor de renda variável e sócio da Kilima Asset, “Parece que é uma reversão do fluxo estrangeiro, que tinha comprado os papéis dessas empresas em meio à tese de reabertura da China. Tem mais a ver com fluxo do que com fundamento. O setor de utilidades sobe, provavelmente por uma questão defensiva”.

Entre as maiores quedas do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias da BRF (BRFS3), com menos 7,70%, as da CSN Mineração (CMIN3), com queda de 7,12%, e as da CSN (CSNA3), com menos 5,46%. As ações ordinárias da Vale (VALE3) recuaram 4,62%, e as ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) 4,74% e 4,63%, respectivamente.

Em Nova York, o Dow Jones, índice mais ligado à economia real, fechou em leve queda, de 0,12%. S&P 500 e Nasdaq, no entanto, subiram, respectivamente, 1,47% e 3,25%, sinalizando um fluxo de capital para companhias de crescimento.

Isso se dá, principalmente, pela movimentação do Federal Reserve na véspera. Apesar das autoridades monetárias americanas terem elevado a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%, Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizou que a inflação por lá está enfraquecendo e que um corte da fed funds ainda neste ano é possível.

“Nos Estados Unidos, a situação foi oposta do que no Brasil. O Federal Reserve começou a adotar um tom mais favorável ao afrouxamento monetário. Começou a enxergar, na economia, os primeiros sinais de fim do ciclo de alta dos juros”, explica Moura. “Isso acende a esperança dos investidores de que a economia norte-americana não entrará em uma recessão profunda e de que terá um pouso suave”.

Por lá, os treasuries yields registraram queda novamente – os dos títulos para dez anos ontem eram negociados a uma taxa de cerca de 3,50%, hoje fechou a 3,395%. O para dois anos saiu de 4,20% para 4,08%.

Apesar da queda do Ibovespa, o diferencial entre as curvas de juros brasileira e americana ajudou o dólar a recuar, com certo fluxo para a renda fixa brasileira.

Após ter sido negociado a menos de R$ 5 durante o pregão, a moeda estadunidense fechou com queda de 0,30%, a R$ 5,044 na compra e a R$ 5,045 na venda.

Investidores aproveitam o diferencial das taxas para realizar o chamado carry trade – tomando capital lá fora por um juros mais baixo e investindo em títulos brasileiro, lucrando com o diferencial.