Ibovespa cai 1,2% puxado por bancos em dia de grande volatilidade; dólar bate máxima histórica aos R$ 5,83

Mercado teve dia de baixa na contramão das bolsas internacionais

Ricardo Bomfim

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Depois de uma sessão extremamente volátil, o Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (7) pressionado pelas ações de bancos, que refletiram a decisão mais dovish do Comitê de Política Monetária (Copom) na véspera. O Banco Central reduziu a taxa básica de juros brasileira em 0,75 ponto percentual para 3% ao ano. Segundo a equipe de análise da XP Investimentos, no longo prazo o juro baixo é estruturalmente ruim para os bancos, pois reduz a margem dessas empresas.

“No curto prazo, a única certeza que temos é que o custo de captação dos bancos vai cair, mas não necessariamente eles vão emprestar por custo menor. Demanda existe, não é problema. A questão é que os bancos têm agora mais medo de não receber do que tinham antes, e, assim, não necessariamente vão baixar os juros no curto prazo”, aponta a XP.

Mais cedo, a Bolsa chegou a subir após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que pediu ao presidente Jair Bolsonaro que vete o trecho do projeto de lei de auxílio a estados e municípios que permite aumento salarial a categorias do funcionalismo público. Bolsonaro confirmou a possibilidade de vetar o dispositivo.

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O Ibovespa caiu 1,2% a 78.118 pontos com volume financeiro negociado de R$ 30,857 bilhões. O desempenho do mercado aqui foi bem mais fraco do que o registrado nos Estados Unidos, onde o índice Nasdaq, de empresas de tecnologia, subiu 1,41% e ficou positivo no ano, apagando toda a queda posterior ao crash do coronavírus. Os índices Dow Jones e S&P 500 registraram altas de 0,9% e 1,15%.

Já o dólar futuro para junho tinha alta de 2,25% a R$ 5,858, refletindo uma queda ainda maior no diferencial de juros entre o Brasil e países desenvolvidos depois do que foi decidido ontem pelo Copom. O dólar comercial, por sua vez, subiu 2,39%, a R$ 5,8378 na compra e R$ 5,8399 na venda, renovando máxima histórica.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 23 pontos-base a 3,34%, DI para janeiro de 2023 recuou nove pontos-base a 4,60% e DI para janeiro de 2025 teve alta de 13 pontos-base a 6,58%.

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Lá fora, as bolsas subiram com o abrandamento das quarentenas impostas na Alemanha e na Grã Bretanha. A chanceler Angela Merkel anunciou ontem que a economia do país irá se reabrir gradativamente à medida em que a pandemia de coronavírus se desacelera. O campeonato alemão de futebol deve ser reiniciado na segunda quinzena de maio. O premiê do Reino Unido, Boris Johnson, também afirmou ontem que o lockdown será amenizado no Reino Unido a partir da próxima segunda-feira.

Também ajuda a acalmar os investidores a notícia de que os principais negociadores de comércio da China e dos Estados Unidos devem conversar na próxima semana sobre os avanços na implementação do acordo da fase 1, depois que o presidente Donald Trump ameaçou “encerrar” o pacto caso Pequim não esteja cumprindo os termos.

Entre os indicadores, o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana passada foi de 3,17 milhões, levemente acima da expectativa mediana dos economistas do mercado financeiro compilada no consenso Bloomberg, que apontava para 3 milhões de requisições do benefício.

O número de pedidos na semana anterior foi de 3,84 milhões. Os novos registros elevam o saldo negativo da crise por causa da pandemia de coronavírus para mais de 30 milhões de desempregados.

As bolsas da Ásia fecharam todas muito próximas à estabilidade, com pequeno avanço em Tóquio, mas quedas nas outras praças. Os mercados refletiram a balança comercial de abril da China, publicada na madrugada pela Autoridade Alfandegária do país. Houve crescimento de 3,9% nas exportações, embora as importações tenham caído.

Copom

Em uma decisão que surpreendeu boa parte dos economistas, o Copom do Banco Central anunciou o corte em 0,75 ponto percentual da Selic, levando para uma nova mínima histórica de 3% ao ano e indicou no comunicado que pode fazer um novo corte na próxima reunião, não maior do que o atual.

Roberto Secemski, do Barclays, diz que a decisão foi surpreendentemente dovishI, porém era o mínimo que o Copom poderia fazer. Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do Banco Central entre os anos de 1999 e 2003 e hoje presidente da Mauá Capital, afirma que a instituição acelerou o passo com o corte de 0,75 ponto porcentual na taxa de juros Selic. No entanto, para ele, há espaço para reduzir ainda mais. “Eu iria para próximo de 2% muito mais rapidamente. Mesmo sendo mais agressivo, o BC ainda está com uma postura mais cautelosa”, afirma.

Política 

O Senado aprovou auxílio de até R$ 125 bilhões a estados e municípios e lei vai a sanção presidencial. Os senadores recusaram a emenda dos deputados que alteraria um dos critérios de distribuição de recursos entre os estados, mas confirmaram parte de outra emenda da Câmara que atinge as contrapartidas impostas, ampliando as categorias de servidores que não terão salários congelados.

Segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, o congelamento era uma contrapartida que Guedes cobrou para repassar diretamente R$ 60 bilhões aos governadores e prefeitos nos próximos quatro meses, suspender dívidas e manter garantias do Tesouro em empréstimos, num alívio financeiro total de R$ 125 bilhões.

Pandemia no Brasil 

Diante do avanço da epidemia do coronavírus no país, cientistas estão recomendando que cidades em que o sistema de saúde esteja entrando em colapso adotem o lockdown, que é a restrição completa ao trânsito de pessoas, com exceção de idas ao supermercado e a farmácias. Segundo matéria do jornal O Globo, os cientistas pedem o lockdown no Rio de Janeiro e em cidades do Nordeste.

A Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz – pediu o lockdown urgente no Rio de Janeiro, para evitar “uma catástrofe humana”. O comitê científico do Nordeste também pediu que o lockdown ocorra nos estados da região onde os hospitais estejam no limite. Ontem, o Brasil registrou mais 615 mortes pela Covid-19 em 24 horas. O país tinha na noite de ontem 125.218 casos confirmados, com 8.536 óbitos.

Noticiário corporativo 

O Banco do Brasil divulgou os resultados do 1º trimestre de 2020 na manhã de hoje e reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,40 bilhões, uma queda de 20% sobre igual período do ano passado. Já a Ambev viu o lucro líquido ajustado cair 56% no primeiro trimestre, para R$ 1,23 bilhão

Já a AES Tietê também divulgou resultados e apurou lucro líquido de R$ 75 milhões no período, uma expansão de 21,5% sobre igual trimestre de 2019. A empresa justificou os motivos para não ter aceito a oferta hostil da Eneva Energia e informou que pagará dividendos de R$ 89 milhões aos acionistas em 20 de maio. O Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI) – também divulgou resultados e reportou lucro líquido de R$ 208 milhões no 1º trimestre, um crescimento de 40,9%.

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(Com Agência Estado e Bloomberg)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.