Ibovespa cai 0,8% com tensão eleitoral, mas sobe 3,5% em setembro; dólar recua 0,9% no mês

SÃO PAULO – O bom humor do mercado foi contido nesta sexta-feira (28) por uma nova pesquisa eleitoral e pela reportagem da revista Veja que traz à tona acusações da ex-mulher de Jair Bolsonaro (PSL). Além disso, a notícia de que Lula foi liberado pelo STF a conceder entrevista também pesa nos negócios. Mesmo com clima negativo nesta sessão, a bolsa conseguiu fechar com ganhos em setembro.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 0,82%, aos 79.342 pontos, acumulando leves perdas de 0,05% na semana e valorização de 3,48% em setembro. O dólar comercial, por sua vez, teve forte alta nesta sessão, de 1,07%, cotado a R$ 4,0371 na venda, mas mesmo assim encerrou o mês com queda de 0,89%. O clima neste pregão foi de cautela, com investidores evitando muita exposição no fim de semana por conta do noticiário político incerto.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski autorizou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dar uma entrevista para o jornal Folha de S.Paulo, informou a assessoria do magistrado à Reuters. O pedido foi feito pelo jornal com base na lei de imprensa. A entrevista será conduzida na carceragem da Polícia Federal, onde o petista cumpre pena desde 7 de abril. 

Nesta manhã, pesquisa XP/Ipespe apontou que o clima de polarização protagonizado pelos candidatos à presidência Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) se aprofundou faltando 9 dias do primeiro turno. Bolsonaro manteve a liderança isolada da corrida, mas estacionou aos 28% das intenções de voto. No retrovisor, Bolsonaro vê Haddad cada vez mais próximo. O petista agora tem 21%, 5 pontos a mais do que na última pesquisa. 

Em simulação de segundo turno, o quadro é de empate técnico e, pela primeira vez, o petista aparece numericamente à frente, por placar de 43% a 39%, no limite da soma das margens de erro dos candidatos. Veja a pesquisa completa aqui. 

“Há menor pessimismo com Haddad com a aposta que irá acenar para o mercado no segundo turno. Apesar dos tropeços da campanha de Bolsonaro, o ex-capitão e Haddad deverão disputar voto a voto a preferência do eleitor em outubro”, afirma Faria Júnior, diretor técnico da Wagner Investimentos. 

Há expectativa ainda com pesquisa Datafolha, prevista para ser divulgada durante o Jornal Nacional desta sexta-feira. De acordo com coluna do Lauro Jardim, as pesquisas de monitoramento feitas na quarta e na quinta-feira por dois institutos mostraram uma acomodação dos candidatos a presidente. “Portanto, salvo alguma mudança entre ontem e hoje, o Datafolha de hoje à noite não deveria trazer mudanças substanciais no cenário aparentemente consolidado”, avalia o time da XP Research.

Polêmica com Bolsonaro

Após a grande polêmica desta semana envolvendo a ex-mulher de Jair Bolsonaro (PSL), que segundo a Folha de S. Paulo disse ter sido ameaçada de morte por ele, agora é a vez da revista Veja divulgar sua matéria de capa da próxima semana, em que diz ter tido acesso a um documento de mais de 500 páginas em há uma série de incriminações entre os dois.

De acordo com a reportagem, Ana Cristina Siqueira Valle, que hoje usa o nome de Cristina Bolsonaro em sua campanha para deputada federal, entrou com um processo em abril de 2008 na 1ª Vara de Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ao alegar que seu marido na época não aceitava fazer uma partilha justa dos bens no processo de separação deles.

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A Veja destaca quatro pontos entre as diversas acusações feitas por Ana Cristina no processo. O primeiro envolve ocultação de patrimônio em 2006. Em outro ponto, Ana Cristina diz que o agora candidato à Presidência tinha uma “próspera condição financeira” na época em que eram casados. Ela diz que a renda mensal de Bolsonaro chegava a R$ 100 mil, mas, oficialmente, ele recebia R$ 26.700 como deputado e R$ 8.600 como militar da reserva. Ela não explica de onde vinha o resto da renda. 

Uma terceira acusação destacada pela Veja aponta que Ana Cristina acusou Bolsonaro de ser um marido de “comportamento explosivo” e de “desmedida agressividade”, o que a teria feito pedir a separação. Na principal acusação, Ana Cristina diz que seu ex-marido furtou seu cofre numa agência do Banco do Brasil, em outubro de 2007, e levou todo o conteúdo.

Destaques da Bolsa

A Petrobras, que chegou a cair mais de 1%, amenizou as quedas, de olho no leilão do pré-sal. Já o pior desempenho do dia ficou com a Via Varejo, que desabou mais de 8%, muito acima da Gol que teve a segunda maior queda do pregão.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

^* – Lote de mil ações
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA

Cena internacional

As bolsas europeias recuaram e os juros dos títulos da Itália disparaRAm após governo do país definir uma meta de déficit orçamentário maior que o previsto em 2019, numa vitória dos grupos populistas. O governo italiano anunciou orçamento que levara a um déficit de 2,4% do PIB para 2019, acima do esperado pelos mercados. Os índices em Wall Street também mostram queda na medida em que a turbulência política ganha relevância e com as preocupações referentes à Itália.

O petróleo se manteve em alta, com Brent acima de US$ 82 e o WTI acima de US$ 72, com a oferta da commodity limitada tanto nos Estados Unidos, quanto pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). O preço da commodity sobe no trimestre e atingirá a expressiva marca de 5 altas trimestrais seguidas no maior rally desde a crise de 2008.

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