Ibovespa cai 0,75%, novamente com peso de Petrobras e com queda de Vale

O mercado, desde a última sexta, reage mal à notícia de que a Petrobras não irá distribuir dividendos extraordinários, com a diretoria falando em mais investimentos na transição energética

Vitor Azevedo

Publicidade

O Ibovespa fechou em queda de 0,75% nesta segunda-feira (11), aos 126.123 pontos, em mais um dia de queda para as ações da Petrobras (PETR4). Fora isso, os papéis da Vale (VALE3) também ajudaram a derrubar o principal índice da Bolsa brasileira.

O mercado, desde a última sexta, reage mal à notícia de que a Petrobras não irá distribuir dividendos extraordinários, com a diretoria falando em mais investimentos na transição energética. A tese de investimento na companhia tem mudado devido à menor remuneração, fora que investidores temem de que o capital seja direcionado a investimentos pouco produtivos – o que já foi visto em outras administrações do governo petista, caso das refinarias de Pasadena e de Abreu Lima. 

A Petrobras chegou a subir durante o pregão de hoje, após notícias de que o Conselho da companhia poderia rever a não distribuição de dividendos extraordinários, bem como de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estaria atuando para convencer o presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da estatal, Jean Paul Prates, da importância dos proventos da petroleira para as contas da União.

Continua depois da publicidade

No entanto, Lula, em entrevista ao SBT no fim da tarde, voltou a atacar os dividendos extraordinários, defendendo que mais investimentos sejam feitos pela Petrobras. Durante ela, o presidente falou que a reação das ações se trata de uma “choradeira do mercado”, que quer “tudo para si”, e que a estatal tem um compromisso com o povo brasileiro.

“Observamos pressões e intervenções políticas que têm gerado efeitos diretos no mercado financeiro. Atualmente, estamos acompanhando o caso dos dividendos extraordinários da Petrobras. Se a decisão de reter esses dividendos for revertida, isso enviará um sinal muito forte aos investidores, tanto locais quanto estrangeiros, sobre a diminuição do poder político do PT”, diz Raony Rosseti, especialista em renda variável e CEO da Melver. Enquanto isso, os ativos registram forte volatilidade.

As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram 1,92% e 1,30%, respectivamente.

Continua depois da publicidade

Fora a Petrobras, a Vale e outras companhias ligadas ao setor de aço e minério também ajudaram a puxar o Ibovespa para baixo. “Foram puxadas, principalmente, pela queda mais expressiva do minério de ferro. Finalmente, parece que o mercado abandonou um pouco essa tese de que o minério irá se sustentar no mercado chinês, então a gente começou a ver uma correção mais forte dessa commodity por lá”, fala Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Hoje, o minério de ferro negociado em Dalian, na China, caiu 5,41%, a 831 iuanes (115,68 dólares), atingindo o menor valor em quatro meses. Um excesso temporário de oferta, como resultado de embarques melhores do que o esperado até o momento no primeiro trimestre do ano e uma recuperação da demanda mais fraca do que o esperado, exerceu intensa pressão de baixa sobre os preços, segundo analistas.

As ações ordinárias da Vale perderam 3,11%, as preferenciais série A da Usiminas (USIM5), 4,70% e as ordinárias da CSN Mineração (CMIN3), 2,86%.

Continua depois da publicidade

Com essas questões, o Ibovespa teve pouca influência do cenário externo. Nos EUA, enquanto o Dow Jones subiu 0,12%, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 0,11% e 0,41%. Por lá, investidores seguem cautelosos, aguardando a publicação do índice de preços ao consumidor (PCI, na sigla em inglês), que acontece nesta terça. 

O dólar ficou praticamente estável frente ao real, com queda de 0,06%, a R$ 4,978 na compra e na venda.