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Ibovespa cai 0,50% e tem 12º pregão consecutivo de queda, algo nunca registrado: entenda o que acontece com o índice

Ata do Fomc mais dura fez investidores voltarem a acreditar que autoridade monetária americana pode subir juros novamente

Vitor Azevedo

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O Ibovespa bem que tentou fechar em alta nesta quarta-feira (16), encerrando a sequência de quedas que agora já dura 12 pregões (algo sem precedentes desde pelo menos 1980, de acordo com dados do TradeMap, e maior sequência desde a criação do índice, em 1968, segundo o Valor Data) e que se arrasta desde o começo de agosto. Apesar de as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) terem segurado o índice no verde por boa parte do dia, no final do dia, notícias vindas dos Estados Unidos acabaram com a festa mais uma vez e o benchmark caiu 0,50%, aos 115.591 pontos.

Apesar da sequência impressionante de baixas, o índice acumula um recuo de 5,21% no mês – após ter subido 20% nos quatro meses até o final de julho.

“Tivemos uma virada para queda seguindo o mau humor das bolsas internacionais, após a ata do Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês]. Membros reforçaram que a inflação dos preços ao consumidor de 12 meses ainda segue elevada, o que azedou os mercados”, explica Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco.

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A percepção de analistas sobre a ata foi que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte americano) ainda está preocupado com a atividade econômica dos Estados Unidos  e seus efeitos na inflação – e não descartam uma nova alta dos juros em setembro para frear a economia, sendo que há pouco tempo a maior parte do mercado estava enxergando que o ciclo altista tinha chegado ao fim.

Os treasuries yields para dez anos, com isso, subiram 4,9 pontos-base, a 4,27%, e os para dois anos, 2,6 pontos, a 4,98%. Quando os títulos da dívida pública americana, considerados “os papéis mais seguros do mundo”, sobem costuma haver um fluxo de saída de outros ativos, principalmente de emergentes.

Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,52%, 0,76% e 1,15%,

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“Durante o dia inteiro os mercados e os investidores estavam mais cautelosos por conta da ata do Fomc e por conta de algumas falas de membros do Fed. O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, já tinha mencionado que ainda via a inflação bem alta e isso foi algo que, aparentemente, é consenso entre os membros da instituição monetária”, menciona Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

A interpretação de que o documento foi mais duro derrubou os índices acionários mundo afora dissipou parte do otimismo brasileiro de mais cedo, que era puxado, como já mencionado, em grande parte pelas ações da Petrobras (PETR3;PETR4). As ações da estatal subiram forte após o presidente da companhia, Jean Paul Prates, falar em entrevista à GloboNews que a companhia “não repetirá os erros do passado”. A companhia ainda teve a recomendação elevada de sua ação para compra na noite da véspera pelo Bradesco BBI. 

As falas, junto da alta dos combustíveis na véspera e a pressão vinda dos treasuries americanos, puxaram a curva de juros local para cima. As taxas dos DIs para 2025 ganharam 1,5 ponto base, a 10,51%, e as dos DIs para 2027, cinco pontos, a 10,25%. Os contratos para 2029 foram a 10,78%, com mais seis pontos, e os para 2031 a 11,10%, também com mais seis pontos.

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“Internamente, acho que Ibovespa teve um dia um pouco melhor comparando com os mercados externos, em parte por conta das sinalizações do Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados], de que o arcabouço fiscal deve ser votado na semana que vem. Enfim, e também em questão de momento macro”, acrescentam Pacheco.

O dólar fechou praticamente estável, com queda de apenas 0,01%, a R$ 4,985 na compra e a R$ 4,986 na venda. O DXY, que mede a força da divisa americana frente a outras de países desenvolvidos, subiu 0,25%, aos 103,47 pontos.

Por fim, especialistas continuam a monitorar a questão da China, que pesa muito sobre as exportadoras de commodities brasileiras e que também ajuda a construir um fluxo de saída de capital do Brasil.

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“Hoje, o foco esteve dividido entre a desaceleração econômica da China e a divulgação da Ata do Fomc nos Estados Unidos. Os preços das novas casas registraram a primeira queda no ano no gigante asiático, e a notícia de que a gestora de patrimônio Zhongrong International Trust está enfrentando dificuldades para pagar seus clientes devido a posições atreladas ao setor imobiliário levou as bolsas asiáticas a fechar no vermelho”, menciona Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.