Petrobras (PETR4) não repetirá erros do passado em preços de combustíveis, diz CEO

Além disso, Jean Paul Prates afirmou "que o presidente Lula nunca prometeu que não haveria aumento de combustível no País"

Equipe InfoMoney

Jean Paul Prates (PT-RN). (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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O presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, reforçou que não há interferência do governo federal em relação a reter ou reajustar o preço dos combustíveis. O executivo afirmou que conversa regularmente com o presidente Luiz Inácio da Lula e com ministros, e que o diálogo aberto com o governo não se traduz em decisões artificiais de precificação.

“O presidente Lula nunca prometeu que não haveria aumento de combustível no País”, afirmou Prates durante audiência pública conjunta das Comissões de Serviços de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional do Senado Federal.

Segundo Prates, a promessa do governo em relação ao preço dos combustíveis durante a campanha era trazer uma política que pudesse controlar a volatilidade no mercado, bem como um avanço na eficiência do processo de precificação, o que se traduziu no discurso de “abrasileirar os preços”, ou seja, decidir os valores dos combustíveis considerando a realidade operacional no País, algo que não acontecia antes, de acordo com ele.

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O executivo mencionou que a Petrobras não tem poder de decisão sobre os preços no Brasil, pois é definido pelo livre mercado, apontando a concorrência da estatal com a iniciativa privada, embora tenha reconhecido a influência da petroleira.

Prates defendeu que a política de preços da Petrobras é transparente. E se queixou das críticas que a estatal recebe em relação à falta de detalhes sobre os critérios de precificação dos combustíveis.

Sem cometer erros do passado

Prates disse que a Petrobras não repetirá erros do passado relacionados a preços de combustíveis e contratações de obras.

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O executivo reiterou em audiência no Senado que não há interferência do governo na decisão de ajustes de preços de combustíveis e que a companhia decidiu elevar valores a partir desta quarta-feira para não correr risco de ter prejuízo.

“Nós não vamos repetir erros do passado, nem em relação a contratação, nem em relação a obras, nem em relação a gestão dos preços dos combustíveis”, disse Prates, ao participar de audiência nas Comissões de Infraestrutura e Desenvolvimento do Senado.

Em gestões passadas, a Petrobras amargou bilhões de dólares em prejuízos ao vender combustíveis no Brasil por preços abaixo dos praticados no mercado externo — em momentos de forte demanda por importação — a pedido do governo como forma de controlar a inflação.

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Prates vem liderando uma nova estratégia comercial na qual a companhia não está mais obrigada a praticar Preços de Paridade de Importação (PPI), como estava em anos mais recentes, mas que também promete não causar prejuízos para a empresa como no passado.

“Essa política (de preços) não é igual a de governos anteriores, absolutamente, estamos na ponta dos dedos entre valor marginal e custo alternativo do cliente e fizemos o ajuste (anunciado na véspera) para justamente levar o preço que estava começando a tender a desgarrar do nosso túnel de volatilidade”, afirmou Prates.

“Nós correríamos o risco de começar a perder dinheiro e nós não aceitamos isso e não houve interferência absolutamente nenhuma do governo.”

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A Petrobras vinha mantendo preços em suas refinarias abaixo do mercado internacional, segundo cálculos do mercado, e anunciou na véspera um aumento de 16,3%, ou R$ 0,41 por litro, nos preços médios da gasolina e de 25,8%, ou R$ 0,78 por litro, nos do diesel, a partir desta quarta-feira.

O executivo afirmou que se fosse seguir o PPI, o reajuste do diesel teria sido de R$ 1,10 o litro e o da gasolina R$ 0,56 o litro, considerando cálculos do indicador realizados pelo mercado.

Prates ponderou que, como estatal, tem o dever de conversar com o governo federal e aceitar orientações. “O que não quer dizer, por outro lado, que o Estado vá artificialmente nos obrigar a subsidiar combustíveis.”

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Prates ponderou, inclusive, que em um cenário de alta mais aguda dos preços no exterior, a petroleira poderá não conseguir represar volatilidades externas.

Sobre os erros mencionados por Prates relacionados a obras no passado, o executivo reiterou que “houve um problema na Petrobras de cooptação de gestores por cartel de empresas” e que isso não irá se repetir.

Vento e petróleo

A Petrobras se prepara para publicar no fim deste ano o Plano Estratégico 2024-2028, no qual trará um olhar mais dedicado à transição energética, podendo incluir projetos de energias renováveis e redução de carbono.

O movimento mostra uma guinada ante a gestão anterior, que focava os investimentos na exploração e produção de petróleo em áreas de alta rentabilidade, essencialmente o pré-sal, enquanto tocava um bilionário plano de venda de ativos.

Durante a audiência no Senado nesta quarta-feira, entretanto, Prates ponderou que a transição energética não é uma ruptura e deve ser feita de maneira gradual.

O executivo tem defendido que o desenvolvimento de ativos de petróleo permanecerá um foco importante para a companhia estatal e para o Brasil.

Ele disse ainda que o Brasil deverá desenvolver o litoral do Amapá — onde a petroleira pleiteia junto ao Ibama uma licença para perfurar — “com vento e com petróleo”.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)