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Ibovespa cai 0,45%, seguindo exterior após falas mais duras de Powell; dólar sobe 0,44%

Possibilidade de juros mais alto nos Estados Unidos, e por mais tempo, derruba ativos de risco por todo o mundo, mas Ibovespa tem queda "amortecida"

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 0,45% nesta terça-feira (7), aos 104.227 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou hoje principalmente a performance dos benchmarks americanos, que recuaram em bloco.

Em Nova York, as baixas foram ainda mais expressivas. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 1,72%, 1,53% e 1,25%. Por lá, fez peso as falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a taxa de juros americana pode voltar a acelerar.

“Discurso do Powell foi um pouco pesado com as projeções para a economia americana. Ele ainda vê que alta dos juros ainda não surtiu tanto efeito e deixou um viés de que o Fed pode aumentar a taxa em mais 50 pontos-base ou estender o período de juros altos”, comenta Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

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O treasury yield para dois anos, com isso, ganhou 12,3 pontos-base, a 5,017%. De acordo com o monitoramento do CME Group, mais da metade dos especialistas ouvidos agora veem uma alta de 50 pontos-base na fed funds na próxima reunião, em maio, levando a taxa para o intervalo entre 5% e 5,25%.

“O Ibovespa até iniciou o dia em alta, mas cedeu após Jerome Powell, presidente do Fed, elevar o tom ‘hawkish’, aumentando a probabilidade de pouso forçado na economia dos EUA”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. “Sem mudanças na retórica, Powell continua a enfatizar a necessidade de uma postura agressiva no combate à inflação”.

Segundo os especialistas, o mercado deve observar de perto a divulgação do relatório Payroll de empregos não agrícolas, que sai na próxima sexta-feira.

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“O tom mais duro do presidente do Fed elevou a percepção de risco e levou a forte realização nas bolsas americanas, com queda no preço do petróleo, devido ao risco de recessão à frente”, expõe Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear.

A perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos, ao menos na ponta curta da curva, fez o dólar se fortalecer mundialmente. O DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos, subiu 1,20%, a 105,61. Frente ao real, a alta foi de 0,44%, a R$ 5,193 na compra e a R$ 5,194 na venda.

“No Ibovespa, os destaques negativos ficaram para materiais básicos e para companhias de petróleo. Estes acompanham o valor das commodities, que recuaram junto com o mercado americano. É uma correlação normal”, diz Luiz Adriano Martinez, gestor de renda variável e sócio da Kilima Asset.

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O barril de petróleo Brent recuou 3,50%, a US$ 83,16. As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 3,31% e 3,03%, com o petróleo e também com a notícia de que a companhia fará aportes para desenvolver energia eólica offshore. As ordinárias da 3R Petroleum (RRRP3) e da PRIO (PRIO3) tiveram baixas de 1,85% e 3%.

A curva de juros brasileira não acompanhou a performance da americana, com investidores monitorando a publicação de mais notícias sobre o novo arcabouço fiscal. As taxas dos DIs para 2024 recuaram oito pontos-base, a 13,19%, e as dos DIs para 2025, sete pontos, a 12,62%. Os contratos para 2027 e 2029 fecharam a 13,01%, com menos nove pontos, e a 13,42%, com menos oito pontos. Os yields DIs para 2031 também perderam oito pontos, a 13,58%.

Entre as maiores altas do Ibovespa por peso, surfando na melhora da curva de juros, ficaram ações de bancos e de instituições financeiras. As preferenciais do Bradesco (BBDC4) avançaram 2,33%, as ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3), 2,30% e as unitárias do Santander (SANB11), 1,33%.