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Ibovespa bateu 150 mil pontos: e agora? Mercado faz projeções para fim do ano e 2026

Analistas seguem otimistas com o índice e ficam de olho na perspectiva para corte de juros ano que vem

Lara Rizério

Foto: Freepik
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Novembro já começou com o Ibovespa batendo a marca histórica dos 150 mil pontos. Ainda que a terça-feira (4) seja de alguma realização para os mercados globais, podendo afetar o benchmark da Bolsa brasileira, as perspectivas são positivas para a Bolsa brasileira.

Apenas em outubro, o índice apresentou alta de 2,3% em outubro, acumulando uma valorização expressiva de 24,3% desde o início de 2025, impulsionado por uma série de fatores que animaram os investidores no mercado brasileiro.

Entre os principais temas que influenciaram o desempenho das ações brasileiras, destacam-se as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que foram amenizadas ao longo do mês, a perspectiva de um acordo entre Brasil e EUA para reduzir tarifas de importação sobre produtos brasileiros, e a aprovação do Projeto de Lei que ampliou a faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil mensais.

No início de outubro, os EUA anunciaram a intenção de restabelecer tarifas de 100% sobre importações chinesas em resposta às restrições da China às exportações de metais de terras raras, afetando setores tecnológicos americanos. Esse anúncio reacendeu tensões diplomáticas, impactando negativamente ativos de risco globais, como ações de tecnologia, criptomoedas e commodities energéticas, além do dólar. Contudo, notícias subsequentes indicaram um tom mais conciliador entre as duas potências, o que impulsionou uma forte recuperação dos mercados, levando o S&P 500 a atingir um recorde de 6.900 pontos na última semana de outubro.

No âmbito bilateral, o encontro entre líderes do Brasil e dos EUA em Kuala Lumpur, na Malásia, reforçou a expectativa de um acordo para reduzir as tarifas de importação brasileiras, atualmente fixadas em 50% com cerca de 700 exceções, o que pode beneficiar as ações das empresas brasileiras listadas na Bolsa.

Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, ressalta que o Ibovespa a esse patamar reflete o otimismo dos investidores diante de um cenário externo mais favorável. Além disso, o mercado antecipa um ciclo de corte de juros, reforçado por um Boletim Focus que sinaliza efeitos da política monetária. “Com o Copom se reunindo na quarta-feira, o clima é de otimismo, especialmente em torno da ata, que poderá trazer maior clareza sobre o ritmo e a quando teremos os próximos cortes na Selic”, aponta o especialista. A expectativa para a reunião desta quarta (5) é de manutenção da Selic, mas o mercado fica de olho nas sinalizações dos próximos passos de corte de juros.

Levantamento do Projeções Broadcast mostra que o mercado antecipou a previsão de corte na taxa Selic de março para janeiro de 2026. Assim que o ciclo de afrouxamento começar, a Bolsa deve subir 12% no trimestre seguinte e 25% em seis meses, calcula o diretor de Renda Variável para a América Latina do Goldman Sachs, Juliano Arruda, em entrevista ao Broadcast.

Para a economista-chefe da InvestSmart XP, Mônica Araújo, o Brasil surfa na alta vista no cenário internacional. “Por mais que as ações aqui tenham múltiplos bem atrativos para o investidor local e estrangeiro, a alta de 2025 vem muito mais do cenário externo. Há uma realocação de investidores globais que deixam de colocar 100% dos ativos no mercado americano e colocam 1%, 2% em outros mercados — montante suficiente para fazer com que os preços ganhem uma relevância maior”, afirma.

Olhando mais para frente, em relatório do final do mês passado, o JPMorgan aponta que o benchmark da Bolsa brasileira tem espaço para chegar a sua meta otimista de 155 mil pontos para o final do ano.

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Cinthya Mizuguchi e Emy Shayo Cherman, estrategistas do banco que assinam o relatório, destacam três pontos para isso: 1) A inflação e as expectativas de inflação estão em queda, permitindo que as taxas de juros (Selic) caiam mais cedo. O JPMorgan Chase prevê cortes de 4,25 pontos percentuais e, quanto mais o Banco Central do Brasil (BCB) demorar para iniciar o afrouxamento monetário, mais rápido terá que agir quando começar. 2) O Federal Reserve cortará as taxas de juros em 29 de outubro e a expectativa é por mais dois cortes. As estrategistas acreditam que o afrouxamento monetário do Fed desta vez é um importante impulso para as ações da América Latina. 3) Melhoria no cenário tarifário, tanto entre EUA e China quanto entre EUA e Brasil.

Enquanto isso, a XP Investimentos e o Morgan Stanley já estão de olho em 2026.

A XP está construtiva com as ações brasileiras e mantém a estimativa de valor justo do Ibovespa para 170 mil pontos para 2026, um avanço de 13,7% em relação ao fechamento de outubro. O otimismo ocorre devido a i) o novo regime macro com o fim do ciclo de contração monetária e uma inflação desacelerando; e ii) a proximidade das eleições de 2026, que tende a trazer maior volatilidade e interesse em ações.

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Já o Morgan Stanley tem projeção do Ibovespa a 189 mil pontos em meados de 2026 e tem exposição overweight (exposição acima da média) dentro do portfólio de América Latina.

O Morgan diz ser muito cedo para apostar em uma mudança de política no Brasil. Olhando para os setores, o banco ressalta que os serviços financeiros são a sua aposta preferida no mercado interno brasileiro, enquanto a exportação de petróleo e o setor agrícola oferecem a melhor relação risco-retorno.

“Um dólar americano mais fraco impulsiona o case. No entanto, o menor crescimento global, em função das tarifas americanas mais altas do que o esperado e seus efeitos sobre os preços do petróleo e de outras commodities, continua sendo um risco importante”, avalia. Além disso, energia e agricultura permanecem os pilares principais da sua tese de investimento no Brasil.

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(com Estadão Conteúdo)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.