Ibovespa “azeda” após recado de ministro de Temer e indefinição sobre votos da Previdência

Economia norte-americana surpreende com crescimento acima do esperado; PSDB exige mudanças no novo texto da Previdência

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de cravar máxima em 74.514 pontos (+0,5%), o Ibovespa devolveu todos os ganhos da abertura e às 14h36 desta quarta-feira (29) registrava baixa de 1,43%, aos 73.080 pontos, com os investidores digerindo o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA, que ficou acima do esperado pelo mercado, assim como refletindo as indefinições sobre os votos da reforma da Previdência, principalmente após o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, frear o ímpeto do PSDB em realizar uma “reforma da reforma”.

Questionado sobre a viabilidade de alterar o texto da nova versão da reforma da Previdência, que oficialmente apresentada pelo governo na semana passada (veja mais aqui), Padilha disse que o governo não está disposto a mudar ainda mais porque ele chegou no osso: “chegamos no osso, no limite, e não estamos pensando em mais concessão alguma. Não haverá concordância do governo com qualquer tipo de novas alteração”, afirmou.

Com isso, os investidores estão receosos que sem as alterações sugeridas pelo PSDB nem mesmo Geraldo Alckmin, que assumiu a presidência do partido para unir o partido, será capaz de criar um consenso entre os tucanos, mesmo que a agenda da reforma seja uma dos pilares do plano político da sigla. Neste sentido, Arthur Maia, relator da reforma da Previdência, fez questão de lembrar: “não tem votos para aprovar hoje, ainda não. Temos que fazer um exercício político grande para aprovar”.

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“Reforma da reforma”?

Nem mesmo completada uma semana da nova versão da reforma da Previdência (veja mais aqui), a base aliada do governo, que agora volta a contar com o PSDB depois de Geraldo Alckmin assumir a presidência do partido (confira mais aqui), já quer elaborar a “reforma da reforma”. Na última terça-feira (28), o líder dos tucanos, Ricardo Tripoli, afirmou que o partido está negociando com o governo para acrescentar pontos na reforma da Previdência e que o relator da proposta, Arthur Maia (PPS/BA), está “disposto a receber este material e fazer uma análise”.

O PSDB exige três mudanças: i) benefício integral na aposentadoria por invalidez, independentemente do lugar onde o problema ocorreu; ii) permissão para acumular benefícios (pensão e aposentadoria) até o teto do INSS (atualmente em R$ 5.531); iii) regra de transição especial — com pagamento de pedágio — para que os servidores que ingressaram no sistema até 2003 possam ter integralidade (último salário da carreira) e paridade (mesmo reajuste salarial dos ativos) sem ter o cumprimento da idade mínima de 65 anos (homem) e 62 anos (mulher), como sugere a reforma do governo.

Com a força ganha através de Alckmin, que promete coordenar melhor a saída do tucano Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo e assegurar o caminho para a reforma ministerial sem grandes conflitos, como garantir que os tucanos vão apoiar a agenda de reformas, o PSDB não é uma “carta fora do baralho”, assim como frisou Rodrigo Maia. O presidente da Câmara destacou que a articulação intensa do governo neste momento é “fundamental” e comentou que os tucanos são chaves para aprovação do texto na Câmara: “vamos avaliar se esses três pontos vão inviabilizar a aprovação ou não, porque sem os votos do PSDB é quase impossível chegar a 308 votos”, afirmou.

Contrário a isso, Padilha afirmou que ainda que é cedo para contar votos e que isso deve começar a partir da semana que vem. Segundo ele, o PSDB já está fora da base aliada e sua saída não tem impacto sobre os votos, já que a reforma é historicamente defendida pelos tucanos: “não me consta que PSDB tenha deixado de ter compromisso com Previdência”, disse o ministro-chefe da Casa Civil.

Conforme aponta a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, uma primeira análise sobre o apoio à reforma da Previdência evidencia que o clima na Câmara a favor do projeto melhorou, embora ainda faltem cerca de 50 votos para selar o acordo. Como já disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o que interessa agora é assegurar os votos necessários para a aprovação da proposta, independente do calendário: “neste ou no próximo ano, o importante é que a reforma da Previdência seja aprovada”, frisou.

Por falar no ministro da Fazenda, segundo reportagem da Folha, Meirelles fez um cálculo político estratégico nas últimas semanas e decidiu investir de forma mais incisiva em busca do apoio de Michel Temer e Rodrigo Maia à sua candidatura em 2018 – confira mais aqui.

Entrevista com Gustavo Franco

Em entrevista ao InfoMoney publicada nesta quarta-feira, o ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Rio Bravo Gustavo Franco destacou por que está otimista com relação a 2018 e por que acredita que o Brasil sairá melhor do processo eleitoral de 2018.

“Os ventos estão na direção pró-reformas e não há nada mais indicativo nessa direção do que a posição do próprio governo Michel Temer”. Na entrevista, Franco também destacou, à luz do lançamento do livro “A Moeda e a Lei – uma história monetária brasileira (1933-2013)”, o teste que as instituições monetárias brasileiras passaram no Brasil. Ele avalia que, em 2013, o sistema de metas de inflação e o Copom resistiram até ao ambiente intervencionista do governo Dilma Rousseff. Confira a entrevista completa clicando aqui. 

PIB acima do esperado

A segunda revisão do PIB norte-americano apontou para um crescimento de 3,3%, enquanto os analistas esperavam por um avanço de 3,2%, comprovando que a economia segue forte. Além disso, os investidores aguardam no final do dia, mais precisamente às 17h00, a divulgação do Livro Bege, com as projeções econômicas do BC norte-americano.

Além dos dados nos EUA, por aqui o destaque ficou por conta do resultado primário do setor público, que apontou para um superávit de R$ 4,758 bilhões em outubro, superando a estimativa de R$ 4,1 bilhões para o período. Esse foi o primeiro resultado positivo após cinco meses de déficits. No final da noite, as atenções estarão por conta dos dados do PMI de manufatura da China de novembro às 23h, com expectativa de uma leve desaceleração de 51,6 para 51,4 frente ao visto em outubro. O investidor deve monitorar o número já que seu resultado costuma gerar intensa volatilidade no minério de ferro.

Bolsas mundiais

Na Ásia, as principais bolsas do continente terminaram os negócios desta quarta-feira em alta, com as da China se recuperando na segunda metade do pregão, refletindo o movimento positivo das bolsas dos EUA. O Nikkei subiu 0,49% após dois pregões negativos, apesar de a Coreia do Norte ter testado ontem um novo míssil balístico que caiu no litoral do Japão, que tem capacidade de atingir qualquer parte do território dos EUA, segundo o país.

Já na Europa, o dia é majoritariamente de ganhos sustentado pela alta das ações do setor bancário e com os investidores digerindo os dados econômicos da região. O índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, subiu de 114,1 em outubro para 114,6 neste mês, atingindo o maior nível desde outubro de 2000, em linha com o esperado pelo mercado.

Às 14h36, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) +0,31%

*S&P 500 (EUA) -0,06%

*Nasdaq (EUA) -1,27%

*CAC-40 (França) +0,40%

*FTSE (Reino Unido) -0,55%

*DAX (Alemanha) +0,87% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,19% (fechado)

*Xangai (China) +0,13% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,49% (fechado)

*Petróleo WTI -0,40%, a US$ 57,76 o barril

*Petróleo brent -0,25%, a US$ 63,45 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +2,09%, a 512,5 iuanes