Ibovespa registra queda, pressionado por mais um dia de alta dos juros; ata do Fomc no radar

Riscos fiscais e alta dos rendimentos dos treasuries americanos pressionam curva de juros brasileira

Vitor Azevedo

(Getty Images)

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O Ibovespa  opera em queda nesta quarta-feira (5), registrando baixa de 0,31%, aos 103.198 pontos às 12h50 (horário de Brasília). O índice é, mais uma vez, pressionado pela alta da curva de juros, que se dá por uma série de fatores.

“As taxas de juros futuros são pressionadas pela percepção de possível piora no quadro fiscal brasileiro, além da influência negativa do exterior com o aumento dos yields dos Treasuries americanos, tendo por base as apostas na antecipação do aperto monetário nos EUA”, explicam os analistas da XP Investimentos em seu morning call.

No Brasil, a piora das projeções para o quadro fiscal é impulsionada, principalmente, por recentes falas de Guido Mantega. O ex-ministro da Economia foi indicado por Lula, atualmente em primeiro lugar nas pesquisas sobre a disputa da presidência, para representá-lo em artigo na Folha de São Paulo como porta-voz econômico, publicado hoje.

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“Se posicionou contra a reforma trabalhista e o teto de gastos, o que não é visto com bons olhos, mesmo com petistas afirmando que ele não necessariamente fará parte da campanha presidencial deste ano”, comenta a XP.

Lá fora, todo o mercado está atento à ata do Fomc, a ser divulgada às 16h. Companhias de tecnologia, mais suscetíveis a alta dos juros por serem comumente mais alavancadas e por trabalharem muito com a questão de lucros futuros, caem por todo o mundo.

“O documento pode dar mais detalhes sobre o plano de alta de juros este ano”, explicam os analistas.  O futuro da Nasdaq recua 0,50% por volta das 10h05. O do S&P 500 cai 0,15% e o do Dow Jones, 0,07%.

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Além da ata do Fomc, a Automatic Data Processing (ADP) publicou hoje que os EUA abriram, em dezembro, 807 mil novas vagas de empregos, número consideravelmente maior do que os 400 mil do consenso da Refinitiv. O dado sinaliza que a maior economia do mundo está se recuperando, mas reforça também a possibilidade de uma retirada mais acelerada dos estímulos pelo Fed.

Treasuries americanos fazem peso sobre Ibovespa

Além de pesar sobre companhias de tecnologia, a alta dos rendimentos dos Treasuries tende a pressionar a performance de países emergentes.

“O programa de redução de injeção de liquidez do Fed vai afetar o volume exagerado de fluxo de capital que nós vimos no ano passado. Naturalmente, a tendência de investimentos em países emergentes cai e esses países precisam se esforçara para se tornarem mais atrativos aos investidores”, explica Rodrigo Franchini, head de relações institucionais da Monte Bravo Investimentos.

Com o Brasil titubeando nas questões fiscais, a forma que o mercado precifica esse “aumento da atratividade” é através da alta dos juros. O DI com vencimento em janeiro de 2023 avança 1 ponto-base, para 12,04%. O com vencimento em janeiro de 2025, 10 pontos-base, para 11,25%. O para o primeiro mês de 2027, oito pontos, para 11,17%. O para janeiro de 2029, 7 pontos, para 11,25%.

Além de o Brasil de tudo isso, há, ainda, uma maior pressão inflacionária no pregão desta quarta, causada pela alta do petróleo – o barril WTI sobe 1,69%, a US$ 78,26. O Brent tem alta de 1,46%, a US$ 81,17.

O dólar, mesmo com a tendência de queda de fluxo de investimento para o Brasil, consegue recuar na manhã desta quarta, após dois dias de altas. O comercial cai 0,35%, negociado a R$ 5,668 na compra e a R$ 5,670 na venda, acompanhando a performance da moeda americana no exterior – o DXY cai 0,14%.

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