HSBC Brasil está à venda, apontam rumores: mas quem irá comprá-lo?

Analista do Deutsche estima um valuation potencial dos ativos do banco de R$ 10 bilhões a 14 bilhões e vê que faria mais sentido para o Santander Brasil comprar parte das operações do HSBC

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No final da última semana, ganhou destaque os rumores de que o HSBC já contratou consultores – do Goldman Sachs, no caso – para avaliar o interesse de potenciais compradores na maioria de suas operações no Brasil.

Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) foram mencionados no artigo do Wall Street Journal sobre o assunto e dizem que estão abertos a avaliar oportunidades de aquisição, apesar de não dizerem especificamente sobre o caso do HSBC.

Mas o que a venda de boa parte das suas operações no Brasil pode impactar no mercado brasileiro? Conforme destaca o Deutsche Bank em relatório, enquanto a unidade do HSBC Brasil é relativamente pequena, com apenas 2% de participação no mercado de ativos, a avaliação é de que a aquisição poderia adicionar valor para outro banco que pretende aumentar a sua presença no Brasil, tais como Santander, BTG Pactual (BBTG11), Citibank e talvez Inbursa. Vale ressaltar que este último banco, do bilionário Carlos Slim, comprou em 2014 a subsidiária do sul-africano Standard Bank no Brasil. 

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O analista do Deutsche Tito Labarta destaca ainda que o HSBC é um dos dez maiores players no Brasil, sendo o sétimo maior banco em atuação no País com 2,2% de participação no mercado de ativos e 1,9% dos empréstimos e com 853 sucursais, correspondendo a 3,7% do sistema. O banco possui ainda R$ 57 bilhões em depósitos para uma cota de mercado de 2,9%. A carteira de crédito do banco é composta principalmente por empréstimos comerciais (70%), enquanto empréstimos a pessoas físicas correspondem a 22% e 8% são hipotecas.

Neste cenário, Labarta estima um valuation potencial dos ativos do banco de R$ 10 bilhões a 14 bilhões (US$ 3,5 bilhões a US$ 4,6 bilhões). “Achamos que é improvável que o banco receba com a venda um múltiplo semelhante aos de grandes bancos privados, como Bradesco (BBDC4) ou Itaú Unibanco (ITUB4) em 2,1 vezes a relação entre o preço e o book value (valor patrimonial), devido à rentabilidade mais fraca.

“Como tal, nós pensamos que o banco poderia ter um valuation mais próximo do múltiplo do Santander Brasil em 1,3 vez a relação P/BV ou talvez até mesmo o Banco do Brasil em 1 vez, o que implica uma avaliação de R$ R$ 10 bilhões a R$ 14 bilhões (se o banco inteiro fosse vendido) ou um pouco menos, já que também tem R$ 1,2 bilhão em ativos intangíveis”, afirma o analista, baseando-se no valor contábil divulgado em dezembro de 2014.

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Os potenciais compradores poderiam ser Santander Brasil, BTG Pactual, Citibank ou Inbursa. Contudo, avalia o analista, provavelmente faria mais sentido para o Santander Brasil fazer a operação, uma vez que ele tem lutado para competir com seus rivais maiores, dado seu tamanho relativamente menor, mas ainda assim ficaria atrás de outros bancos. Além disso, os potenciais benefícios da aquisição do Banco Real em 2007 pelo Santander não foram concluídos.

Isso coloca no páreo o Citibank, que só tem uma cota de mercado de 0,8%, ou talvez Inbursa, que adquiriu o Standard Bank no Brasil, mas ainda tem menos de 0,1% dos ativos.

“Achamos que há menor necessidade do Itaú ou Bradesco para adquirir HSBC, como eles já têm franquias bancárias dominantes no Brasil”, afirma. O Itaú estaria provavelmente mais interessado nas operações do HSBC México em busca de uma maior participação do mercado no país, mas o valor da operação pode afastá-lo.

Por outro lado, avalia, bancos públicos, como Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa são relativamente descapitalizados e podem não estar em uma posição para fazer aquisições, dado o ambiente macro desafiador no Brasil de hoje.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.