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Resultados tímidos e perspectivas desafiadoras. Contudo, as ações do GPA (PCAR3), controlador do Pão de Açúcar, chegaram a registrar ganhos expressivos nesta quarta-feira (5), também de olho nos planos de eficiência da varejista de alimentos, ainda que com volatilidade. Os papéis PCAR3 acabaram fechando estáveis, a R$ 3,79, após chegarem a subir 9,23% (R$ 4,14) na máxima do dia.
O GPA divulgou na noite de terça-feira lucro líquido de R$ 137 milhões para o terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 310 milhões no mesmo período de 2024.
Conforme destacou a XP Investimentos, a demanda fraca segue pressionando a receita e a margem bruta, embora as despesas gerais e administrativas (G&A) tenham sido controladas.
Análise de Ações com Warren Buffett
No lado bom, a empresa apresentou fluxo de caixa livre (FCF) positivo, apoiado por melhores dinâmicas de capital de giro, que continuam sendo consumidas por resultados financeiros pesados.
Além disso, a varejista informou que vai cortar custos, despesas e investimentos no ano que vem, sob um plano que prevê redução do investimento para entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões. Nos 12 meses encerrados em 30 de setembro o investimento da empresa somou R$693 milhões. O plano prevê também uma redução de ao menos R$ 415 milhões nas despesas operacionais em comparação à estimativa dessas despesas para o encerramento de 2025.
Enquanto isso, o cenário macroeconômico fraco deve permanecer um desafio para os resultados de curto prazo e as recentes mudanças na governança trazem incertezas para os movimentos estratégicos, a orientação recentemente divulgada pode apoiar melhores margens e tendências de FCF (fluxo de caixa livre) no futuro.
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Para o Itaú BBA, o crescimento de 4,1% nas vendas nas mesmas lojas (2 pontos percentuais acima da sua estimativa) reforçou a eficácia da estratégia de múltiplos formatos e maior rentabilidade da companhia, permitindo que a empresa apresentasse resultados resilientes em um ambiente desafiador para o varejo de alimentos.
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O controle das despesas operacionais, que praticamente se manteve como percentual da receita líquida, ajudou a limitar a pressão sobre a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e resultou em um Ebitda nominal de R$ 185 milhões.
No entanto, a combinação de alta alavancagem (contra taxas básicas de juros de 15%) e contingências continua a impactar negativamente, como demonstrado pela redução da relação Ebitda/resultado líquido. “Por ora, o GPA continua sendo um exemplo de melhoria operacional em meio a persistentes dificuldades financeiras, justificando nossa recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra)”, aponta.
A Genial Investimentos avalia que o GPA apresentou resultados do terceiro trimestre de 2025 que reforçam a percepção de uma operação mais enxuta, eficiente e disciplinada, especialmente no que diz respeito à margem Ebitda, que superou as expectativas do mercado no início do ano. No entanto, o lucro líquido do trimestre foi impulsionado por um evento contábil pontual relacionado a crédito de imposto, e não por uma melhora estrutural do negócio.
A receita bruta do período somou R$ 4,9 bilhões, alta de 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas 1,5% abaixo da estimativa da Genial. A receita líquida ficou em R$ 4,6 bilhões, crescimento de 1,4% ano a ano, porém 1,8% abaixo da projeção da Genial e 4,3% abaixo do consenso Bloomberg. O indicador Same Store Sales consolidado avançou 4,1%, ligeiramente acima da previsão da Genial, mas inferior aos 5,0% registrados no 3T24.
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Por segmento, o Pão de Açúcar e o Mercado Extra apresentaram crescimento alinhado às expectativas, com faturamentos de R$ 2,47 bilhões (+2,0% a/a) e R$ 1,56 bilhão (+2,3% a/a), respectivamente. O destaque positivo ficou por conta da Proximidade, que faturou R$ 651 milhões, alta expressiva de 17,4% em relação ao 3T24. Já o segmento Aliados registrou queda de 41,2% na receita, refletindo a decisão da empresa de reduzir esse negócio para proteger margens.
A margem bruta manteve-se praticamente estável, em 27,6%, beneficiada por negociações comerciais mais eficientes e disciplina de preços em um ambiente competitivo. Com despesas bem controladas, o Ebitda ajustado atingiu R$ 412 milhões, crescimento de 3,3% ano a ano, com margem de 9,0%, superando as estimativas da Genial e do mercado.
Entretanto, outras despesas operacionais somaram R$ 76 milhões negativos, quase o triplo do previsto, devido principalmente a custos relacionados ao fechamento de lojas e reestruturações, como desligamentos e provisões. Esse efeito pontual pressionou o EBIT para R$ 47 milhões, margem de 1,0%, abaixo das expectativas.
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No resultado financeiro, o trimestre foi um pouco melhor que o esperado, com prejuízo líquido de R$ 317 milhões, estável em relação ao 3T24.
O grande diferencial do trimestre foi o crédito de imposto de R$ 415 milhões registrado na linha de IR/CSLL, que elevou o lucro líquido das operações continuadas para R$ 142 milhões, revertendo prejuízos anteriores e superando as projeções.
“O resultado deixa claro que o ‘earnings power’ recorrente ainda não acompanha o lucro contábil reportado: enquanto o Ebitda caminha na direção certa, o Ebit continua comprimido por outras despesas operacionais, e o lucro do trimestre foi inflado por um evento de imposto com pouca recorrência”, aponta.
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A Genial tem recomendação de manutenção, com preço-alvo de R$ 3,50, assim como a XP, com recomendação neutra.
