Ganhos limitados? Como os analistas veem a nova tentativa da Totvs comprar a Linx

Goldman Sachs, Bradesco BBI e Genial divergem sobre sinergias e atratividade na nova negociação entre Totvs e Stone pela Linx

Murilo Melo

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A Totvs (TOTS3) anunciou na sexta-feira (25), após o fechamento do mercado, a assinatura de um acordo de exclusividade com a StoneCo (STOC31) para tratar da aquisição da Linx.

Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as empresas têm liberdade para decidir pela continuidade ou não do processo, que dependerá da assinatura dos contratos definitivos e das devidas aprovações legais e regulatórias. O período de exclusividade, entretanto, não foi detalhado no comunicado.

A negociação marca um novo capítulo na relação entre Totvs e Linx. Em 2020, ambas as empresas protagonizaram uma disputa que terminou com a vitória da Stone, que desembolsou R$ 6,7 bilhões pela Linx. Desde então, surgiram rumores e movimentações pontuais a respeito de uma possível nova tentativa da Totvs de adquirir a companhia focada em software para o varejo, mas foi apenas agora que as tratativas exclusivas foram formalmente retomadas.

Com isso, o Goldman Sachs observa que, apesar do histórico de interesse, esta é a primeira vez que a Totvs firma um acordo de exclusividade para negociar a compra da Linx. Em relatório enviado ao mercado, o banco afirma que investidores com quem manteve contato anteriormente mostravam uma postura geralmente neutra sobre a operação, à espera de mais clareza quanto à avaliação financeira do negócio.

Segundo os analistas do Goldman Sachs, a Totvs já havia mapeado potenciais ganhos de sinergia em uma apresentação de 2020, e, na teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2024, a administração reiterou que o racional estratégico da aquisição continua fazendo sentido.

Ainda assim, o banco pondera que alterações na estrutura da Linx desde 2020 podem ter reduzido parte das vantagens fiscais e de receita previstas anteriormente, ao mesmo tempo em que as sinergias operacionais identificadas parecem modestas em relação ao porte atual da Totvs. Também foi apontado pelos estrategistas que a sobreposição entre os perfis de clientes das duas empresas é limitada.

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O Bradesco BBI, por outro lado, classifica a Totvs como o comprador mais natural para a Linx. Para os analistas da instituição, a operação é altamente complementar porque integra áreas de atuação distintas mas relacionadas, oferecendo oportunidades para ganhos de escala tanto em receitas quanto em custos. Apesar disso, o Bradesco BBI diz que o sucesso da operação dependerá, sobretudo, da avaliação financeira final acertada entre as partes.

A Genial Investimentos também vê a possível aquisição com bons olhos, enfatizando que a combinação entre as operações reforçaria o perfil de verticalização da Totvs. Em nota enviada ao mercado, os analistas da Genial calculam que a união pode gerar uma economia de aproximadamente R$ 60 milhões por ano em despesas, com valor presente líquido (NPV) estimado em R$ 1 bilhão, além de um acréscimo anual de cerca de R$ 160 milhões na receita, com NPV de R$ 1,3 bilhão.

Esses números, segundo a corretora, têm como base estimativas divulgadas pela própria Totvs durante a tentativa anterior de aquisição, em 2020, e, conforme a Genial, o fundamento econômico da operação segue pertinente. A corretora ainda afirma que a integração das bases de clientes e dos produtos complementares pode ser potencializada pela experiência do atual CEO da Totvs, Dennis Herszhowicz, que atuou anteriormente na Linx.

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Cabe destacar que, em fevereiro deste ano, a Totvs tinha anunciado a desistência das negociações para aquisição da Linx, decisão que agora foi revertida com o acordo de exclusividade com a Stone. A empresa brasileira de software reforça que ainda não há garantias sobre a efetivação da transação, que depende dos desdobramentos das conversas e da obtenção das autorizações necessárias.