Futuros de NY e Europa iniciam semana em alta sob expectativas de decisões de política monetária; os destaques do mercado

Mercado espera decisões de juros do bancos centrais dos EUA, Brasil, Inglaterra e Japão ao longo da semana

Felipe Moreira

Painel e gráfico de ações em um tablet (Crédito: Shutterstock)

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Os índices futuros dos Estados Unidos e bolsas da Europa amanhecem no campo positivo nesta segunda-feira (30), apesar das tensões geopolíticas no Oriente Médio, com investidores à espera de decisões de juros do bancos centrais dos EUA, Brasil, Inglaterra e Japão.

A maioria dos agentes do mercado espera pela manutenção da taxa de juros americana em 5,5% na próxima quarta-feira (1).

Além da política monetária, destaque para relatório de emprego (payroll) de outubro, com os investidores esperando por alguma desaceleração no mercado de trabalho nos EUA que permitirá o Fed se sentir confortável em manter a pausa dos juros pelo resto do ano.

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Na Ásia, os mercados fecharam mistos, antes da divulgação de importantes dados econômicos da região. As decisões de política monetária do Japão e da Malásia, dados de inflação da Coreia do Sul e PIB de Taiwan e Hong Kong são os destaques da semana.

Já os preços do petróleo operam com baixa mesmo depois de Israel ter enviado forças terrestres para a Faixa de Gaza, com os investidores à espera do Fomc.

Por aqui, investidores apostam que o BC deve reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano.

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Na temporada de resultados, atenção para Assai (ASAI3) e Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) que apresentarão seus balanços hoje, e Ambev (ABEV3), Vamos (VAMO3), Carrefour (CRFB3), CCR (CCRO3), PRIO (PRIO3) após o fechamento na terça-feira (31).

1.Bolsas Mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros dos EUA operam em alta, à medida que investidores montam posições com foco na decisão de juros da próxima quarta-feira. A maioria das apostas indica manutenção da taxa no patamar atual, de 5,25% a 5,50% ao ano.

Entretanto, investidores ficarão atentos a sinais sobre quais serão os passos seguintes do BC americano.

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A temporada de resultados americana também continua esta semana com Apple, Airbnb, McDonald’s, Moderna, Eli Lilly e outros. Os resultados (ou perspectivas para os próximos períodos) têm sido desanimadores para muitas empresas, contribuindo para o recuo do S&P 500 para o território de correção.

Veja o desempenho dos mercados futuros:

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam sem direção definida, enquanto investidores aguardam pelas decisões de política monetária do Japão e da Malásia, dados de inflação da Coreia do Sul e números do produto interno bruto (PIB) de Taiwan e Hong Kong.

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O Nikkei, do Japão, caiu 0,95%, com o Banco do Japão iniciando sua reunião de política monetária de dois dias.

Em contraste, Kospi, da Coreia do Sul, subiu 0,34%, enquanto Shanghai avançou 0,12%.

Na Austrália, o S&P/ASX 200, caiu 0,79%, já que o país viu um aumento mais rápido do que o esperado nas vendas no varejo de setembro.

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Já o índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,04%.

Europa

Os mercados europeus operam no azul, apesar da volatilidade contínua no Oriente Médio, com os investidores a acompanhar de perto os últimos dados de inflação de Espanha e Alemanha.

Na frente corporativa, o HSBC reportou um aumento de 235% no lucro após impostos, para US$ 6,26 bilhões no terceiro trimestre, o que, no entanto, foi inferior às expectativas. O maior banco da Europa em ativos também anunciou uma recompra adicional de ações. As ações listadas em Londres abriram em alta de 0,8%.

Commodities

Os preços do petróleo recuam mesmo depois de Israel ter enviado forças terrestres para a Faixa de Gaza, aumentando as tensões no Oriente Médio, enquanto investidores monitoram de perto a reunião de política monetária dos EUA na quarta-feira.

As cotações do minério de ferro na China fecharam com forte alta, impulsionada pela sólida demanda e pelo otimismo após a decisão do principal consumidor, a China, de rolar estímulo fiscal.

O minério de ferro de referência de novembro na Bolsa de Cingapura subiu 0,15%, para US$ 119,85 a tonelada, mas os temores persistentes de taxas de juros mais altas nos EUA limitaram os ganhos. Já o de Dalian avança mais de 2%.

Bitcoin

2. Agenda

A agenda da semana tem como destaque a Super Quarta, que trará as decisões de juros do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) e do FOMC (órgão equivalente nos EUA, vinculado ao Federal Reserve).

As apostas do mercado se mantém no previsto pela ata da última reunião do Copom, que evidenciou a possibilidade de dois cortes de 50 pontos-base para 12,25% ao ano.

Entre os indicadores, a semana se iniciará com divulgações da FGV de sondagem do comércio, sondagem de serviços e IGP-M, na segunda. “Esperamos um aumento mensal de 0,50%, levando a taxa anual a -4,6%, ante -6,0% em setembro”, comenta o Itaú sobre o IGP-M. No mesmo dia, o Banco Central divulgará nota à imprensa sobre política fiscal e serão apresentados os dados de geração de emprego formal do Caged.

Na terça, a agenda será marcada pela PNAD Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e pela divulgação de indicadores industriais pela CNI e de indicador de incerteza da economia pela FGV.

Nos EUA, serão destaque o índice de confiança do consumidor de outubro, que será divulgado na terça-feira. Na quarta, a agenda fica movimentada, com dados de geração de vagas de trabalho com projeção de 135 mil da previsão do Bradesco, índice PMI da indústria, índice ISM da indústria da transformação. Também haverá a publicação do relatório JOLTS de setembro, que traz a abertura de vagas e a oferta de mão de obra no mercado de trabalho dos EUA. O destaque mesmo do dia fica com a decisão da política monetária anunciada pelo FOMC e a coletiva de imprensa de Jerome Powell na sequência. A expectativa é de manutenção da taxa de juros de referência em 5,5%.

Na quinta-feira, os dados de pedidos de auxílio desemprego serão conhecidos e, na sexta-feira, o protagonismo fica com o Nonfarm Payroll de outubro, o principal relatório de emprego da economia americana.

Brasil

8h: IGP-M de outubro

8h25: Boletim Focus

14h: Caged de setembro

Alemanha

10h: Índice de preços ao consumidor de outubro

3. Noticiário econômico

Déficit zero dificilmente será alcançado em 2024 , diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na última sexta que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero e que o objetivo dificilmente será alcançado, já que o governo não pretende cortar investimentos para atingi-lo. Lula disse ainda que o mercado muitas vezes cobra o cumprimento de algo que sabe que não será cumprido.

Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, o presidente afirmou que entende a disposição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de tentar zerar o déficit fiscal no próximo ano, mas fez uma série de ponderações em relação à meta. “Nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque não quero fazer cortes em investimentos de obras”. A notícia abalou o mercado, com o Ibovespa fechando em baixa de 1,29% na sexta.

Haddad ainda não se pronunciou sobre a fala de Lula sobre a inviabilidade da meta fiscal. O ministro tem uma reunião nesta manhã com o presidente Lula.

4. Noticiário político

Governo optou por governar com Supremo e não com o Congresso, diz Lupion

Em rota de colisão com o governo após os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o projeto que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), avalia que o enfrentamento foi uma opção do Executivo.

“O governo fez a opção de nos enfrentar e governar com o Supremo [Tribunal Federal]. A vontade da população é expressa pela votação dos deputados federais e senadores. A partir do momento que o governo opta por não respeitar isso, ele tem bônus com a base dele e ônus com o resto do Congresso”, disse Lupion, em entrevista exclusiva ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). A frente articula a derrubada dos vetos presidenciais ao marco temporal e, segundo ele, não abrirá mão da reivindicação da pauta em sessão conjunta do Congresso.

À frente da maior bancada do Congresso, com 374 parlamentares, Lupion também vê falta de diálogo na pauta econômica, apesar de manter conversas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele cita como exemplos a não inclusão da emenda das garantias no projeto do Carf, que havia sido acordada com o Ministério da Fazenda, a inclusão de alterações nos Fiagros no projeto de lei das offshores e fundos exclusivos votados na quinta-feira, 26, e a promessa de suplementação do orçamento do seguro rural abaixo do previsto.

Mauro Vieira participa de nova reunião do Conselho de Segurança, em NY

O Itamaraty informou que o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, embarcou na noite de domingo (29) para Nova York, onde participará da reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para tratar da guerra entre Israel e o Hamas.

A reunião ocorre nesta segunda-feira (30). Será mais uma tentativa de definir medidas para garantir o acesso da população de Gaza à assistência humanitária e proteger os civis. O Brasil preside o colegiado até o dia 31 de outubro.

Desde a primeira reunião do Conselho de Segurança para debater o avanço da guerra, pelos menos quatro propostas de resoluções foram vetadas pelos países que fazem parte do órgão das Nações Unidas. Foram duas propostas da Rússia, uma do Brasil e outra dos Estados Unidos.

5. Radar Corporativo

Irani (RANI3)

A Irani (RANI3) reportou lucro líquido de R$ 64,6 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), montante 32,3% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, informou a companhia nesta segunda-feira (30).

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 133,3 milhões no 3T23, um recuo de 2,9% em relação ao 3T22.

Multiplan (MULT3)

O Conselho de Administração da Multiplan (MULT3) aprovou a distribuição de juros sobre o capital próprio (JCP) no montante bruto total de R$ 131 milhões.

O valor é correspondente a R$ 0,22495409992 por ação.

Copel (CPLE6)

A Copel (CPLE6) informou na sexta-feira que iniciou, juntamente com a Petrobras (PETR4), a fase vinculante da venda da Usina Termoelétrica a Gás (UEG) de Araucária, conforme comunicado ao mercado.

As próximas etapas envolvem a apreciação e aprovação da proposta vinculante dentro dos trâmites internos de governança corporativa, disse a Copel, que possui participação, direta e indireta, de 81,2% no ativo, enquanto a Petrobras detém 18,8%.

Vale (VALE3)

Embora o mandato do atual presidente da Vale (VALE3), Eduardo Bartolomeo, só termine em maio do ano que vem, as discussões dentro do Conselho de Administração da mineradora sobre a troca já começaram, segundo informações do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Os conselheiros estão definindo primeiramente as competências mais desejadas — sendo que uma delas é a capacidade de se relacionar com o “novo ambiente político”, conforme apontou uma fonte ouvida pelo jornal.

(Com Estadão, Reuters e Agência Brasil)