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Ibovespa sofre pressão e cai 1,29% no dia com falas de Lula e tensões maiores no Oriente Médio, mas avança 0,13% na semana

Divulgação do IPCA-15, falas de Lula sobre déficit e tensões no Oriente Médio deram o tom aos mercados nessa semana

Camille Bocanegra

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O Ibovespa caminhava para ter um fechamento sem grandes entreveros nesta sexta-feira (27) e assegurar uma alta expressiva na semana. Porém, duas notícias acabaram repercutindo bastante negativamente no mercado. No campo doméstico, a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a dificuldade do alcance de déficit zero impactou imediatamente o Ibovespa. O índice passou a ter fortes perdas.

A segunda notícia veio quase na mesma hora, com a notícia do avanço das tensões entre Israel e o Hamas, com Israel intensificando o bombardeio a Gaza e anunciando expansão das operações.

Assim, o Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (27) com queda de 1,29%. aos 113.301,35 pontos. Na semana, contudo, o índice ainda ficou no positivo, mas com modesta alta de 0,13%.

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“Em dia negativo para os ativos de risco globais, com os investidores buscando proteção para o fim de semana, em meio a notícias de que Israel deve iniciar as operações terrestres na faixa de Gaza, o mercado local performou pior que os pares”, aponta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

O conflito entre Israel e o Hamas passou grande parte da semana sem maiores mudanças e ajuda humanitária passava a chegar na região. Apesar disso, conforme o fim da semana se aproximava, as tensões aumentavam e, no final da tarde de hoje, o porta-voz do exército israelense afirmou que operações foram intensificadas.

“Nas últimas horas, intensificamos os ataques em Gaza”, disse o contra-almirante Daniel Hagari. Além disso, o porta-voz afirmou que forças terrestres expandiram suas operações, aumentando temores de uma escalada no conflito. A notícia bombardeou mercados e foi responsável por intensificar a queda do Ibovespa e a alta do dólar.

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Apesar da escalada do conflito no Oriente Médo, os treasury yields tiveram baixa nesta sexta, com título de 2 anos com perda no retorno de 3,3 pontos-base (bp), a 5,006% e a rentabilidade do titulo de 5 anos recuando 3,4 bp, a 4,765%. O retorno do título de 10 anos recuou 1 bp, a 4,835%.

Sem as notícias dessa sexta, era possível que o índice encerrasse a semana com mais ganhos, considerando os avanços da Vale (VALE3) que subiu essa semana com a valorização do minério de ferro, mas principalmente após a divulgação de seu balanço, na noite de ontem. Apesar de números mornos, o dividendo extraordinário divulgado pela mineradora animou. Além disso, o IPCA-15 dentro do esperado conseguiu puxar o índice para positivo, com forte alta na quinta-feira.

“O destaque vai para o IPCA, que teve um aumento de +0,21%, que está próximo das expectativas do mercado. Isso reforça a importância de monitorar os indicadores de inflação de perto. A taxa próxima das expectativas do mercado é um sinal de estabilidade nesse aspecto, o que é fundamental para a economia. Um controle da inflação pode resultar em um ambiente mais favorável para a política monetária”, considera Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank.

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O preço do petróleo fechou em alta robusta na sessão desta sexta-feira, 27, apoiado por preocupações de que a guerra entre Israel e Hamas possa virar um conflito mais amplo na região, após sinais de escalada das tensões. Apesar disso, a cotação caiu no acumulado da semana – pela primeira vez desde o estopim dos confrontos, no último dia 7.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 2,80% (US$ 2,33), a US$ 85,54 o barril; enquanto o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 2,47% (US$ 2,15), a US$ 89,20 o barril. Em relação à sexta-feira passada, o contrato mais líquido do WTI caiu 2,88% e o do Brent perdeu 3,21%

Com toda a movimentação, o Dow Jones fechou com queda de -1,12% no dia e -2,14% na semana, S&P 500 recuou 0,48% no dia e -2,53% na semana e Nasdaq fechou com alta de 0,38%  no dia, mas teve ampla perda de 2,62% na semana.

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O dólar chegou à sua máxima nos últimos minutos da sessão, reagindo ao movimentação após falas de Lula e o avanço das tensões no Oriente Médio. O DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a outras de países desenvolvidos, fechou com menos 0,03%. Frente ao real, a moeda avançou 0,46%, a R$ 5,031 na compra e na venda.

“A moeda americana perdeu força após o núcleo do índice de preços ao consumidor (PCE) subir em linha com o esperado, o que reforçou as apostas de que o banco central americano não voltará a subir juros na semana que vem. Já no período da tarde o dólar passou a subir após comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a jornalistas de que a meta fiscal para 2024 não precisa ser zero e que “dificilmente” o governo alcançará esse resultado”, considera Bazzo.

A curva de juros brasileira teve oscilação durante a semana mas encerrou a sexta em alta, com exceção do contrato mais curto. Os DIs para 2025 subiram 176 pontos-base, 11%, as taxas dos contratos para 2027 avançaram 205 pontos, a 11,00%, e bem como as dos para 2029, que subiram 188 pontos e foram a 11,38%. Os DIs para 2031 cresceram 175 pontos, a 11,60%.

A visão dos analistas é de que os efeitos da declaração de Lula são mais políticos no curto prazo, mas podem representar impactos econômicos indesejados à frente. O presidente também disse que não irá estabelecer uma meta que o obrigue a começar o ano fazendo cortes bilionários em obras prioritárias.

A avaliação é que falas desse tipo, embora não representem uma novidade em relação ao que integrantes do próprio governo vem defendendo, enfraquecem a posição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em suas negociações no Congresso Nacional.

O Ibovespa teve como maiores altas da sessão a Usiminas (USIM5), com avanço de 3,68%, a R$ 6,20 e a Vale, com alta de 3,54%, a R$ 67,61. No campo negativo, o destaque foi para Hypera (HYPE3), que perdeu 7,9%, a R$ 31,49, após a divulgação de seu balanço abaixo das expectativas.