Fleury (FLRY3): revisão de Ebitda após aprovação da fusão com Pardini é positiva, mas gera pouco valor incremental para ação

Fleury revisa estimativa de ganho de Ebitda após aprovação da fusão com Pardini para até R$ 220 milhões por ano

Felipe Moreira

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O gigante do setor de saúde Fleury (FLRY3) revisou na última segunda-feira (17) suas estimativas de geração operacional de caixa decorrentes da fusão com o Grupo Pardini (PARD3), aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na semana passada, sem a necessidade de medidas adicionais (os chamados remédios).

As sinergias promovidas pela união dos grupos devem gerar entre R$ 200 milhões e R$ 220 milhões anuais em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) extra. O valor é 25% maior que as estimativas iniciais do negócio, que giravam em torno de R$ 160 milhões a R$ 190 milhões.

O Fleury espera ter capturado 60% das sinergias em 12 meses, 80% em 24 meses e 95% em 36 meses. Adicionalmente, a companhia espera que a captura de sinergias demande um custo pontual de aproximadamente R$ 50 milhões, concentrado principalmente nos primeiros doze meses.

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A equipe de research do Itaú BBA considerou a revisão como positiva, pois a nova faixa representa uma revisão de 20% Ebitda incremental da combinação de negócios, o que certamente é positivo para as ações.

Além disso, analistas do BBA destacam que aproximadamente 90% das sinergias vêm de custos e despesas (ou seja, apenas 10% são sinergias de receita), reduzindo a exposição dessa lucratividade incremental a externalidades. Segundo cálculos do banco, o efeito pós-impostos desse aumento no Ebitda equivaleria a um NPV (Valor Presente Líquido) incremental de R$ 270 milhões no valor justo (cerca de 3,5% do valor de mercado combinado).

O Itaú BBA mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações da Fleury, com preço-alvo de R$ 19, o que implica em um potencial de valorização de 30,7% frente a cotação de fechamento de segunda-feira (17) de R$ 14,54.

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Para JPMorgan, o anúncio não trouxe novidades, uma vez que suas projeções já estavam à frente da orientação de originação, prevendo ganhos de R$ 200 milhões, que agora é o limite inferior do intervalo.

Nesse contexto, assumindo o limite superior do novo guidance, o valor justo para dezembro de 2023 de R$ 16 mudaria em R$ 0,50, ou 3%, o que representa um potencial de alta que não mudaria materialmente o equilíbrio risco-recompensa que o banco vê neste momento.

No entanto, o JPMorgan vê a projeção como realista, uma vez que os custos gerais e administrativos (G&A) da rede laboratórios Hermes Pardini, onde a maior parte das sinergias deve vir (além dos ganhos conjuntos de compras, portfólio e acreditação), representam cerca de 65 e 75% das sinergias orientadas.

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De forma geral, o JPMorgan acredita que a maior parte das sinergias orientadas já está precificada nos níveis atuais de preço. Além disso, o banco mantém a opinião de que a transação não é um grande catalisador para a posição e perspectiva de longo prazo da empresa, já que, embora um bom valor será gerado a partir das sinergias da aquisição, não vê o acordo como um catalisador estrutural.

Por fim, analistas apontam que a empresa combinada deve continuar enfrentando desafios de precificação com uma passagem limitada de inflação. “E vemos o setor como ainda altamente fragmentado, com players hospitalares tentando aproveitar mais serviços ambulatoriais, principalmente diagnósticos e infusões, enquanto continuamos a ver startups surgindo no segmento”, completa.

O JPMorgan é mais cauteloso em relação aos papéis do Grupo Fleury e mantém recomendação neutra, com preço-alvo de 16.