Fibra óptica em foco e corte de custos de R$ 1 bi: os planos da Oi para 2022-2024 (e as primeiras avaliações do mercado)

"Mantemos nossa visão positiva da Oi, embora reconheçamos que o mercado possa demorar um pouco para ter maior confiança sobre execução", destaca BBI

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Oi (OIBR3;OIBR4) anunciou seu plano estratégico e guidance (projeções) para os anos entre 2022-2024, realizando uma teleconferência nesta segunda-feira (19) e trazendo mais detalhes sobre a nova companhia após a venda de ativos.

O foco, conforme destaca o Bradesco BBI, agora é em: (i) desenvolvimento da InfraCo, ou o segmento de fibra óptica, com o objetivo de se tornar líder de mercado em digital soluções e conexões de fibra; (ii) o desenvolvimento e aceleração de novos fluxos de receitas; (iii) novas iniciativas de redução de custos; e (iv) o reequilíbrio de sua cdoncessão.

Na avaliação dos analistas do Bradesco BBI, o principal destaque ficou para a meta de atingir 8 milhões de domicílios conectados até 2024 no Brasil até o final do 2024, que é mais que o dobro da expectativa de 3,5 milhões até o final de 2021, e representa 22% da corrente total (37 milhões) do mercado brasileiro de banda larga. A receita média estimada por casa em 2024 é de R$ 94 por mês, alta anual média de 11%.

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A Oi também apresentou um plano para reduzir o custo de casas passadas (HPs, ou seja, casas com infraestrutura de cabeamento para fibra óptica) de R$ 270 por unidade atualmente para R$ 140. Isso será obtido, aponta a companhia, com otimizações, como rede primária subterrânea permitindo a adição de novas conexões sem a necessidade de duplicação da rede futura, e segmentos de fibra mais curtos, sendo menos suscetíveis a rupturas e interrupções.

A projeção de receita é entre R$ 14,8 bilhões e R$ 15,5 bilhões na Nova Oi em 2024. Desse total, R$ 9,3 bilhões viriam do negócio de fibra ótica, enquanto R$ 2,6 bilhões viriam de receita da Oi Soluções. As receitas do legado poderiam ser reduzidas para R$ 500 milhões em 2024, enquanto as novas receitas podem atingir R$ 1,5 bilhão em 2024.

Cabe ressaltar que, em 2020, a receita líquida foi de R$ 18,8 bilhões, mas a companhia passou por uma reestruturação com venda de  importantes ativos, como a Oi móvel, para cumprir o plano de recuperação judicial.

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Já a projeção é de lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) entre R$ 1,9 bilhão e R$ 2,3 bilhões em 2024, enquanto a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) fica entre 13% e 15% em 2024.

O indicador capex (investimentos em capital) sobre receita líquida deve sair de cerca de 14% para 7,8%. Por sua vez, a razão entre dívida líquida e Ebitda da Nova Oi deve ir a 6,6 vezes e no critério proforma (Nova Oi + 40% Infra Co) de 3,7 vezes.

A companhia destacou que buscará acelerar as receitas dos negócios principal, de InfraCo (fibra óptica), e a implementação de novas fontes, além da readequação da estrutura de custos, do equacionamento da concessão e desenvolver seu negócio de infraestrutura para buscar  ser líder em conexões de fibra óptica no país.

A Oi espera que a InfraCo (a totalidade dela) alcance R$ 5,4 bilhões em Ebitda até 2025 – ou um CAGR (taxa de crescimento composta anual) de 49% entre 2021 e 2025 -, com os investimentos de BTG e Globenet como estratégicos, implicando em aproximadamente R$ 2,2 bilhões em Ebitda em 2025 atribuível à Oi por conta de sua participação.

No dia 7 de julho, a Oi fez a sua última grande venda de ativos ao leiloar o controle (mais precisamente 57,9%) da InfraCo, que concentra a rede de fibra óptica, por um valor de R$ 12,9 bilhões. Como esperado, apenas uma proposta – a dos fundos do BTG Pactual em conjunto com a Globenet Cabos Submarinos – foi apresentada, sendo ela a vencedora. A Oi segue como sócia minoritária, com 42,1%.

A companhia ainda destacou que, após realizar as operações societárias previstas no plano de recuperação judicial, haverá  quatro “entidades principais” no grupo, com objetivo de simplificar a estrutura da companhia.

A Nova Oi (Oi S.A.), que incorpora a Telemar e a Oi Móvel, será a responsável pelos mercados business-to-consumer (ou B2C, voltada para o cliente final) e pequenas e médias empresas (PME).

Já a InfraCo, que concentra os ativos de fibra óptica da Oi, será responsável pelo atendimento ao mercado de atacado, por meio da prestação de serviços de fibra até a casa do cliente (ou FFTH, na sigla em inglês) por meio de uma rede neutra.

A Serede, empresa de serviços técnicos e logística que possui mais de 23 mil colaboradores, seguirá com a operação de campo. Por fim, a Tahto, que antes prestava serviços só para Oi e nos últimos meses também passou a atender clientes externos, é a quarta empresa, atuando na área de relacionamento e atendimento a clientes via call center.

Corte de custos

A Oi também informa que projeta reduções de custos adicionais de R$ 1 bilhão, em números anualizados, com um novo programa de corte de custos.

O volume de economias previstas é novo, destacou o presidente do grupo, Rodrigo Abreu. Em 2019, a tele já havia lançado iniciativa com a mesma meta de cortar R$ 1 bilhão em despesas, chegando a ultrapassar a meta neste ano, com economias totais de R$ 1,176 bilhão.

O programa prevê corte de cerca de R$ 350 milhões em custos vendas, marketing e atendimento, cerca de R$ 320 milhões em organização e suporte ao negócio, além de queda de custos em R$ 150 milhões em sistemas de processos (TI) e R$ 400 milhões na área de rede e operações.

Segundo Abreu, isso passará por aceleração de algumas iniciativas já em andamento, como substituição e desligamento de redes antigas de cobre; revisão de operações deficitárias; formação de parcerias; otimização de imóveis, lojas e centros de distribuição; redesenho da governança, entre outros pontos; e conclusão da venda de ativos.

Poder de fogo aumenta, mas dúvidas no radar

Na avaliação do Bradesco BBI, embora certamente haja riscos relacionados à execução operacional do plano estratégico, os analistas apontam que o mercado deve vê-lo como positivo. Os analistas Otavio Tanganelli e Lucca Brendim apontam que a InfraCo, agora com BTG e Globenet como investidores estratégicos, agora tem o suficiente poder de fogo para continuar a expandir seus negócios em FFTH em um ritmo forte, sendo um dos principais catalisadores para crescimento e lucratividade nessa frente.

“Além disso, após a conclusão da potencial venda de suas operações móveis, acreditamos que a Oi deva ser capaz de melhorar seu desempenho de implantação de fibra ótica, como player focado na banda larga mercado. Em suma, mantemos nossa visão positiva da Oi, embora reconheçamos que o mercado possa demorar um pouco para ter maior confiança em sua capacidade de executar o plano em si”, destacam os analistas do BBI.

A recomendação de Tanganelli e Brendim para a ação OIBR3 segue outperform (desempenho acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 3,40, alta de 112,50% em relação ao fechamento de sexta-feira (16).

A Guide Investimentos também destaca o plano como positivo. “Vemos com bons olhos o programa anunciado, visando tornar a empresa mais asset-light, com foco em eficiência operacional, apesar do elevado endividamento. O plano da mais visibilidade e previsibilidade a estratégia da companhia para os próximos anos”, destacou.

Mesmo com a visão positiva, às 13h35 (horário de Brasília), os ativos ON da Oi caíam 3,13%, a R$ 1,55, acumulando perdas de 29% no ano, enquanto PN tinham perdas de 0,45%, a R$ 2,23, com baixa de 21% no acumulado de 2021, em um dia também bastante negativo para o mercado em meio aos temores com a variante delta do coronavírus.

O passo dado foi positivo, mas investidores seguem monitorando os riscos de execução no radar.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.