Faltando pouco para decisão do Fomc, Ibovespa acelera perdas puxado por bancos

Mercado mostra desempenho negativo depois de subir forte pela manhã de olho no BoJ

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera queda nesta quarta-feira (21) faltando pouco mais de uma hora para a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee), o que deixa investidores no mundo inteiro nervosos e ofusca as boas sinalizações do banco central japonês. O BoJ (Bank of Japan) não tomou novas medidas para estimular a economia do país, mas também não retirou os estímulos, como grande parte do mercado temia, e informou que pode aumentar o afrouxamento monetário, cortando ainda mais as taxas de juros atualmente em -0,1%. Os EUA anunciam taxa de juros às 15h (horário de Brasília).

Por aqui, o principal destaque do dia é o aceite da denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz federal Sérgio Moro. Lula é agora réu por lavagem de dinheiro e corrupção. 

Às 13h53 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha queda de 0,26%, a 57.584 pontos. Já o dólar comercial recua 0,61% a R$ 3,2412 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro tem queda de 0,51% a R$ 3,250. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 cai 8 pontos-base a 12,39%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 opera em queda de 16 pontos-base a 11,90%. 

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Entre as commodities, o petróleo sobe 1,27% a US$ 43,85 o barril do WTI (West Texas Intermediate), enquanto o barril do Brent mostra ganhos de 1,81% a US$ 47,19. Os estoques de petróleo fizeram a commodity subir forte depois das 11h30. Segundo a EIA (Energy Information Administration), houve uma queda de 6,2 milhões no número de barris na semana passada, contra uma expectativa mediana de aumento de 3,36 milhões de barris de acordo com economistas ouvidos pela Bloomberg. Já o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao tem leve alta de 0,18% a US$ 55,87 a tonelada seca. 

Decisão do BoJ
Mais cedo, o Banco do Japão decidiu manter a taxa cobrada sobre certos depósitos bancários em -0,1%, após reunião de política monetária iniciada ontem. A taxa negativa está em vigor desde fevereiro. O BC japonês anunciou que manterá em 6 trilhões de ienes o volume de fundos de índices de ações (ETFs, na sigla em inglês) que compra anualmente. A autoridade monetária do país também optou por manter inalteradas as compras de bônus do governo (JGBs) – seu principal instrumento de política monetária -, em 80 trilhões de ienes. Porém, o BoJ tomou uma medida inesperada ao introduzir uma meta de 0% para o juro dos bônus do governo japonês (JGBs) de 10 anos. Em coletiva de imprensa, o presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, disse que a nova meta torna mais fácil agir de forma flexível para atingir a meta de inflação, que é de 2%. Kuroda confirmou que o controle de juros dos bônus passará a ser o pilar central da estrutura de relaxamento monetário.

Segundo a corretora Nomura, a decisão do BoJ de agir de maneira gradual, preparando o mercado para novas reduções na taxa de juros, além de mais estímulos, é uma maneira interessante para evitar uma excessiva volatilidade nos preços de ativos. Para ler mais opiniões sobre o BoJ clique aqui

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Reunião do Fomc
O Federal Open Market Committee se reúne hoje para decidir a nova taxa de juros dos EUA. O evento é amplamente esperado pelo mercado e por mais que a expectativa seja por uma manutenção dos juros, há ainda outros dois pontos além do anúncio em si que os investidores devem ficar de olho e que serão o principal driver do mercado hoje. 

O diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, afirma que o mais provável é que o Fed não suba as taxas hoje e projete a primeira alta para sua reunião de dezembro, o que traria certo alívio no mercado de câmbio e poderia levar o dólar a recuar contra o real.

Esta visão é muito próxima a do head da Valor gestora de recursos, William Castro Alves, que disse em sua mais recente postagem no blog The Bolsa is on the Table, no InfoMoney, que não vê chance de um aumento de juros, mas que mercado seguirá bastante indefinido tentando ler o que vai acontecer em dezembro. A questão é que até o fim do ano ainda serão apresentados diversos indicadores e ainda ocorrerá a eleição nos EUA.

Porém, ainda existem outros dois cenários possíveis para a reunião desta quarta, segundo Faria Júnior. Um deles seria o Fed subir os juros e ainda projetar uma nova alta para este ano. Além de fazer o dólar disparar, esta também é uma decisão que se tornou muito improvável principalmente diante dos dados mais fracos divulgados recentemente nos EUA. Há, por fim, a chance de uma alta de juros, mas sem a indicação de nova elevação este ano, o que segundo o analista é bastante improvável acontecer.

Para conferir uma análise completa do que esperar do Fed hoje, clique aqui.

Cenário externo
Os mercados se voltam hoje para a reunião de política monetária do Fomc (Federal Open Market Committee) mas, antes disso, repercutiram a decisão do Bank of Japan, que animou os investidores. As bolsas europeias têm ganhos e o japonês Nikkei chegou a subir quase 2% após o BC japonês mudar o foco do seu programa de estímulos para a curva de rendimentos, buscando flexibilidade em relação às metas de compras de ativos.

Ações em destaque
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes operam entre perdas e ganhos. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,97, -0,96%), Bradesco (BBDC3, R$ 28,12, +0,11%; BBDC4, R$ 28,47, -0,28%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,88, +1,19%) não mostram um sentido definido. Juntas, as quatro ações respondem por 23% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Entre as quedas estavam as exportadoras de papel e celulose. Fibria (FIBR3, R$ 22,01, -2,65%) e Suzano (SUZB5, R$ 9,72, -2,21%) operam em baixa por conta do desempenho negativo do dólar. Por possuírem suas receitas na moeda norte-americana, essas empresas têm as suas rentabilidades reduzidas quando há desvalorização da divisa dos EUA ante o real.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 RENT3 LOCALIZA ON 39,85 -3,65
 QUAL3 QUALICORP ON 19,60 -3,35
 CIEL3 CIELO ON EDJ 32,36 -3,20
 RUMO3 RUMO LOG ON 6,07 -3,04
 LREN3 LOJAS RENNERON 24,37 -2,99

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 15,09, +0,27%; PETR4, R$ 13,52, +0,15%) estendem os ganhos da véspera, em meio à alta do petróleo e a revisões de recomendações por duas casas de análise. 

Hoje, a Petrobras teve a sua recomendação elevada pela Raymond James de underperform para marketperform. Outra casa que elevou a recomendação para a companhia foi o BB Investimentos, que tem recomendação outperform para os papéis. Além disso, o Santander elevou o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) da estatal de US$ 10 para US$ 11,10 para 2017, na esteira no Plano de Negócios 2017-2021. De acordo com o Santander, o novo plano trouxe diversas notícias positivas, como maior pragmatismo, desalavancagem, corte significativo do capex(despesas de capital), um plano de desinvestimento mais realista, meta de produção mais pragmática no curto prazo e premissas macroeconômicas mais realistas. Contudo, os analistas apontam um ambicioso programa de cortes e de metas de produção no longo prazo que devem ser monitoradas de perto. Já o BTG Pactual, em relatório de estratégia para o mês, manteve o Brasil overweight e adicionou a Petrobras em seu portfólio mensal, baseado na expectativa de um melhor ambiente regulatório e confiança na nova gestão da estatal. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 VALE5 VALE PNA 14,87 +3,55
 VALE3 VALE ON 17,19 +2,93
 GGBR4 GERDAU PN 8,50 +2,41
 BRAP4 BRADESPAR PN 9,87 +2,28
 NATU3 NATURA ON 30,88 +2,12


As ações da Vale (
VALE3, R$ 17,19, +2,93%; VALE5, R$ 14,87, +3,55%) e Bradespar (BRAP4, R$ 9,86, +2,18%) – holding que detém participação na Vale – sobem hoje, entre recomendação elevada, alta do minério de ferro e possível venda de parte de negócio de fertilizantes.

A Vale teve a recomendação elevada de underweight (exposição abaixo da média do mercado) para equalweight (exposição em linha com o mercado) pelo Barclays, que elevou o preço-alvo para o ADR de US$ 3,50 para US$ 4,00.  

Destaque ainda para a notícia da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, de que o Conselho de administração da Vale vai aprovar hoje a venda de dois terços de sua área de fertilizantes para a americana Mosaic, em transação de US$ 3 bilhões. 

OCDE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico melhorou sua estimativa para o desempenho da economia brasileira, prevendo contrações menores em 2016 e 2017. Para este ano, a projeção de retração foi de -4,3% para -3,3%, e para 2017 a mudança foi de -1,7% para -0,3% na perspectiva para o PIB (Produto Interno Bruto). Para a economia global, contudo, a OCDE previu um crescimento menor, de 2,9% ante 3% estimados em junho. 

Lula réu
O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, aceitou ontem denúncia apresentada pela força-tarefa da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mulher dele, Marisa Letícia da Silva, e outras seis pessoas. Com a decisão, todos viram réus nas investigações. Segundo os procuradores, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina de empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, por meio de vantagens indevidas, como a reforma de um apartamento triplex no Guarujá (SP),e pagamento de despesas com guarda-volumes para os objetos que Lula ganhou quando estava no cargo. As vantagens teriam sido pagas pela empreiteira OAS. Após a divulgação da denúncia, os advogados de Lula afirmaram que as acusações fazem parte de um “deplorável espetáculo de verborragia da manifestação da força tarefa da Lava Jato”.

Temer na ONU
Hoje, o presidente Michel Temer será recebido em almoço com empresários pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Ontem, em discurso na Assemleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente afirmou que o processo que culminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff “transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional”.