Euro digital pode ser mais popular além das fronteiras da União Europeia, diz Lagarde

Autoridades da UE, EUA e outras jurisdições precisam comparar ideias sobre moedas digitais de bancos centrais para regulá-las melhor, defende chefe do BCE

CoinDesk

Christine Lagarde, presidente do BCE

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O euro digital “poderia muito bem ser” mais popular além das fronteiras da União Europeia, disse nesta quarta-feira (28) a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, durante o Fórum de Frankfurt do Conselho Atlântico sobre GeoEconomia EUA-Europa.

Segundo Lagarde, a versão digital do euro deve ser “sem fronteiras” e “regulamentada e supervisionada adequadamente”. “Ele pode facilitar os pagamentos transfronteiriços em grande medida, e é por isso que precisamos comparar informações entre as autoridades dos Estados Unidos, europeias e outras”, afirmou.

Há mais de dois anos, o BCE estuda o euro digital para pagamentos de varejo. Embora ainda não tenha tomado uma decisão sobre a emissão da moeda digital, a Comissão da UE, responsável por propor uma nova legislação, está preparando uma nota sobre o euro digital. O BCE também escolheu cinco provedores de pagamentos para trabalhar em protótipos de aplicativos da moeda digitalizada do bloco.

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Lagarde não abordou diretamente as implicações de um euro digital adotado como moeda oficial – como no caso de El Salvador e Equador, que usam o dólar –, mas o BCE já falou anteriormente sobre os riscos de substituir a moeda nacional, no contexto do euro digital quando utilizado fora das fronteiras da UE.

“Um design semelhante teria que ser usado num euro digital por não residentes. Isso impediria que o euro digital fosse usado para substituir outras formas de investimento e facilitar a substituição de moeda em países fora da zona do euro”, disse Fabio Panetta, executivo do BCE membro do conselho, em um discurso de 2021.

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“Em qualquer caso, a cooperação internacional em design, uso transfronteiriço e interoperabilidade seria fundamental para colher os benefícios potenciais das moedas digitais de bancos centrais (CBDC, na sigla em inglês) para pagamentos transfronteiriços, ao mesmo tempo em que aborda os riscos para o sistema financeiro internacional”.

Respondendo a uma pergunta sobre por que os residentes da UE estariam interessados em um euro digital quando os pagamentos digitais já estão difundidos no bloco – onde o uso de dinheiro físico está em declínio – Lagarde reiterou a posição do BCE de que uma moeda digital do banco central deveria ser algo que o BCE deveria estar pronto para oferecer caso as pessoas desejem.

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