Estrangeiros preferem bancões, locais apostam em utilities e mais visões sobre a Bolsa brasileira

Itaú BBA destacou as impressões de investidores institucionais sobre a Bolsa doméstica e reforça que otimismo continua, ainda que com algumas diferenças

Lara Rizério

Bandeira do Brasil (Getty Images)

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Em um contexto de forte saída em janeiro dos estrangeiros da Bolsa brasileira, os estrategistas do Itaú BBA fizeram recentemente algumas rodadas de conversa com investidores institucionais e destacaram as principais diferenças e semelhanças entre a visão dos “gringos” e os “locais” sobre o mercado doméstico.

O Itaú BBA fez uma rodada com 160 investidores, de 26 de janeiro a 1 de fevereiro, sendo que 80% dos entrevistados estão baseados no Brasil e tirou sete conclusões principais.

O primeiro ponto é que o bom humor continua, com 82% dos participantes tendo uma visão positiva das ações brasileiras. Os fundos sediados no Rio de Janeiro têm uma visão um pouco mais otimista, enquanto os estrangeiros têm uma visão um pouco mais pessimista.

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Numa escala de zero a dez, com zero sendo totalmente pessimista e dez totalmente otimista em relação às ações do Brasil em 2024, a pontuação média foi de 7,24, sugerindo uma visão ligeiramente otimista. As projeções para o Ibovespa em 2024 estão em linha com as estimativas do BBA, com preço-alvo para o Ibovespa de 145 mil pontos para o final de 2024. Cerca de 71% dos entrevistados esperam que o Ibovespa termine 2024 acima dos 140 mil pontos, sendo que apenas 5% esperam retornos negativos.

Em segundo lugar, está o posicionamento em ações: as utilities (empresas de concessões públicas) são o setor preferido entre os locais, com 66% dos localizados no Rio de Janeiro e 56% dos localizados em São Paulo com “sobreponderação” (overweight, exposição acima da média do mercado) no setor. Por outro lado, apenas 21% dos estrangeiros estão overweight em utilities. Por outro lado, os “gringos” parecem preferir os grandes bancos e empresas do setor de indústria/bens de Capital, com 54% e 46% dos fundos “sobreponderados” nestes setores, respetivamente. Os locais também estão com maior peso nos grandes bancos e em consumo/varejo. O petróleo é a commodity que deverá apresentar desempenho superior em 2024, de acordo com a pesquisa.

Também parece haver uma consenso entre os do Rio de Janeiro e de São Paulo sobre quais setores estão menos expostos (underweight), que são aço e mineração e educação. Os estrangeiros parecem concordar com a “subponderação” no setor siderúrgico e mineiro, com 50% underweight. A saúde, um setor historicamente com uma exposição acima, aparece agora entre os três principais setores com menor exposição, seguido por celulose e papel.

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O terceiro ponto é de que o clima geral para as ações dos EUA em 2024 é marginalmente construtivo, com 49% dos participantes mantendo uma postura neutra e 38% uma posição positiva. Nesta linha, a quarta conclusão é de que as taxas globais (especialmente do Tesouro dos EUA) são o principal driver do mercado para os próximos seis meses. O segundo e o terceiro catalisadores mais escolhidos foram a tendência dos lucros e a curva de juros doméstica, respectivamente.

Em quinto lugar, ao falar com os investidores, os estrategistas ressaltam que “o número mágico” para a entrada de capital em ações pelos fundos é a taxa Selic caindo para 9%. A Selic está atualmente em 11,25%, após cinco cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual pelo BC. “A maioria dos fundos (55%) planeja aumentar a sua exposição às ações brasileiras nos próximos seis meses, enquanto apenas alguns planejam diminuir a sua exposição”, aponta o BBA.

A projeção também é de uma tendências de lucros positiva, sendo esta a sexta conclusão da equipe do BBA: 38% dos investidores veem um ligeiro risco ascendente para o lucro por ação em 2024. As estimativas de lucros do sell-side no Brasil são consideradas realistas a conservadoras pelos locais, enquanto os estrangeiros têm estimativas de lucros mais agressivas, com riscos de uma ligeira revisão para baixo.

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Forte geração de caixa, empresas com vantagens competitivas, expectativa de revisão de resultados e valuations atrativos foram os fatores mais escolhidos que desempenham um papel fundamental nas decisões de investimento. A Eletrobras (ELET3) é a ação que deverá proporcionar o maior retorno no ano de 2024 entre as grandes para os entrevistados. Nubank (NYSE: NU) e Mercado Livre (MELI34) empatam na segunda colocação.

Por fim, a sétima conclusão trata sobre as ações preferidas de estrangeiros e locais. Grandes bancos e Eletrobras aparecem na ponta para os investidores locais, enquanto Mercado Livre é destaque para os estrangeiros. Itaú (ITUB4) foi o nome mais escolhido entre os fundos pesquisados, principalmente os localizados no Rio de Janeiro. A Eletrobras foi o segundo nome mais escolhido entre todos os participantes, com muitos estrangeiros considerando a ação como sua principal escolha junto com o Mercado Livre. Entre as dez principais escolhas dos fundos pesquisados, o BBA tem sete nomes em seu portfólio: Eletrobras, Localiza (RENT3), Equatorial (EQTL3), Nubank, Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e Sabesp (SBSP3).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.