Com a derrocada do petróleo, vale a pena ter exposição à Petrobras? Analistas divergem

O InfoMoney entrevistou Vinicius Canheu, sócio da gestora Equitas, e Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante

Anderson Figo

SÃO PAULO — A crise do coronavírus reduziu drasticamente a demanda global por petróleo e, com os estoques da commodity já perto de seu limite, os preços têm despencado no mercado internacional.

Sobre este assunto, o InfoMoney entrevistou Vinicius Canheu, sócio da gestora Equitas, e Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. Eles concordam que o estresse no mercado de petróleo é momentâneo e que o preço da commodity deve voltar ao equilíbrio a medida que os produtores diminuam o ritmo de produção e a demanda gradativamente vai voltando com alguns países relaxando medidas de isolamento social.

Vale lembrar que o contrato do barril de petróleo americano WTI para maio chegou a recuar mais de 300% na última segunda-feira (20) e encerrou o dia cotado a um preço negativo pela primeira vez na história.

O movimento refletiu a percepção do mercado de que o corte de 9,7 milhões de barris diários anunciados semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não será suficiente para fazer frente à queda na demanda global por conta dos impactos econômicos do coronavírus, de cerca de 30%.

Bevilacqua e Canheu discordaram sobre se o atual momento é propício para o investidor ter exposição ao setor, através dos papéis da Petrobras (PETR3 ; PETR4). O estrategista-chefe da Lavante acredita que sim.

“O petróleo não vai permanecer neste patamar nos próximos anos. É um choque temporário. A desvalorização do câmbio ajuda, ameniza um pouco a queda do petróleo”, disse.

“Com o petróleo em US$ 35, a gente vê as ações da Petrobras num patamar entre R$ 20 e R$ 25, dependendo do câmbio. Então temos um cenário que, mesmo com um patamar baixo, enxergamos o valuation da Petrobras de forma atrativa”, completou.

Já Canheu defendeu que há oportunidades melhores na Bolsa. “A gente tinha Petrobras no começo do ano. Quando a queda do petróleo começou, a gente foi se desfazendo do ativo e conseguimos sair totalmente”, disse.

“Por motivos óbvios, é um momento muito delicado para a empresa, que está muito endividada. No cenário atual, se você tem por um ano ou até por seis meses esses preços de commodities mais baixos, a gente vê um cenário operacional bastante complicado para a empresa. O endividamento pode voltar ao pico de 2016”, avaliou.

Entre as oportunidades na Bolsa que Canheu vê atualmente, ele destacou o setor elétrico, como Equatorial, Cesp e Cemig. “O setor de saneamento também não é nem um pouco afetado pela crise do coronavírus. Gostamos da Sabesp”, disse. Já Bevilacqua afirmou que vê como atraente o setor de alimentos, como frigoríficos.

Assista acima à entrevista completa.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.