Erro de Musk já rendeu US$ 1,2 bilhão a quem apostou contra a Tesla

O tuíte de Elon Musk no início do mês mudou os rumos das ações da empresa e surpreendeu os investidores - ambos de maneira negativa  

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Tesla está sob os holofotes do mercado neste momento. O tuíte de Elon Musk no início do mês mudou os rumos das ações e surpreendeu os investidores – ambos de maneira negativa. O CEO afirmou que estaria pensando em fechar o capital da empresa quando as ações alcançassem o valor de US$ 420 e garantiu que tinha um financiamento garantido para a proposta.  

De lá para cá, as ações apresentam consecutivas quedas e a SEC (Securities and Exchange Comission), que tem atuação semelhante à CVM (Comissão de Valores Imobiliários) nos EUA, abriu uma investigação formal contra a empresa de carros elétricos justamente pelo tuíte. 

Nesta segunda-feira (20), o preço por ação era de US$ 301,52 e os papéis caíam 1,30% às 13h55 (horário de Brasília). Antes da abertura das negociações, a empresa caiu até 6%. A fase ruim é sinônimo de bons resultados para quem apostou contra a empresa: os ganhos chegam a US$ 1,2 bilhão, de acordo com um relatório da Suno Research. 

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Pressionado pela SEC para se posicionar em relação ao tuíte, Musk afirmou que está em contato desde do ano passado com o fundo soberano da Arábia Saudita, que demonstrou interesse em fechar o capital da empresa.  

A ideia faz sentido porque permitiria que a Tesla não precisasse se preocupar com os resultados financeiros de cada trimestre e poderia focar em novos objetivos futuros, segundo o que Musk afirmou em carta aos acionistas da empresa. Além disso, tirar a companhia da bolsa deixaria de lado a manipulação das ações com vendas a descoberto, evitando que terceiros utilizassem o mercado para espalhar rumores que derrubariam o preço das ações para gerar lucro. 

Tesla fora da Bolsa?

Por enquanto, nada foi oficializado. Mas quando ficou claro que esse negócio com os sauditas não estava certo, a confiança do mercado na empresa caiu drasticamente – o que pode indicar que fechar o capital pode ser a melhor saída para a fase turbulenta que a Tesla está enfrentando. 

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Mas quem apostou contra a empresa em meio a esse processo se deu bem: com as quedas recentes das ações da empresa, os ganhos totalizam US$ 1,2 bilhão para quem está vendido em Tesla, segundo aponta o relatório da Suno Research. O valor está sendo contabilizado desde 7 de agosto, data em que Musk comunicou no Twitter sobre sua intenção de sair da Bolsa de Valores.

Para Marcelo López gestor de recursos da L2 Capital Partners e blogueiro do InfoMoney, as atitudes do CEO da Tesla “estão extrapolando o bom-senso” e o caminho que Musk seguiu é errado e vai leva-lo ao abismo. Segundo o gestor, o tuíte que deu origem a toda a polêmica pode ter sido uma “triste combinação do uso de drogas e do ódio pelos short sellers [investidores que apostam nas quedas de ações das empresas para lucrar]”.

Alguns investidores têm reduzido suas posições – e é provável que isso acelere, em face a potenciais processos que a empresa vem sofrendo. Durante o último trimestre, dois dos maiores acionistas da empresa, T. Rowe Price e Fidelity, reduziram suas participações na empresa em 1,33% e 2,06%, respectivamente.

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Em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (20), o JP Morgan reduziu suas projeções para a montadora, afirmando que, embora tenha levado a sério em um primeiro momento a proposta de Musk, o financiamento do fundo saudita “parece não ter sido garantido”. O banco reduziu o preço-alvo de US$ 308 para US$ 195 para dezembro, devido a queda de 36% no fechamento do pregão de sexta-feira (17). 

Além disso, Musk admitiu na quinta-feira (16) em uma entrevista para o The New York Times que o ano tem sido desgastante, culpando os chamados shorts sellers por grande parte de seu estresse. Ele disse também que ele está sobrecarregado, trabalhando até 120 horas por semana e que toma remédios para dormir. 

Após a publicação da entrevista, a empresária Arianna Huffington pediu a Musk pelo Twitter que adotasse um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional – mas o executivo disse que essa não é uma opção viável. Ele afirmou à fundadora do The Huffington Post no domingo (19) que sua empresa automobilística e a Ford são as únicas duas montadoras americanas que evitaram a falência e que trabalhar menos não é uma possibilidade. “Você acha que isso é uma opção. Não é”, afirmou.  

Musk já havia dito esperar que a empresa comece a ser lucrativa no terceiro trimestre de 2018. Investidores estão preocupados com a quantidade de dinheiro que a Tesla vem ganhando e se precisaria levantar fundos adicionais para apoiar seus planos de crescimento, incluindo o lançamento de um caminhão, um SUV chamado Model Y, além de mais fábricas em todo o mundo.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.