Equatorial (EQTL3) dispara quase 8%, na contramão do Ibovespa, com aquisição de Celg-D

A CELG-D passou a ser maior ativo da Equatorial em número de clientes: 3,3 milhões. Analistas apontam aquisição com desconto

Augusto Diniz

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As ações ordinárias da Equatorial (EQTL3) fecharam com alta de 7,75%, cotadas a R$ 26,97, após a elétrica anunciar a compra da Celg-D, distribuidora de energia de Goiás, por R$ 7,5 bilhões, divididos em R$ 5,7 bilhões de dívidas assumidas e R$ 1,6 bilhão em pagamento à Enel.

Os papéis companhia vão na contramão do Ibovespa, com analistas vendo a operação de maneira positiva – o principal índice da Bolsa brasileira recuou mais de 2%, em sessão de queda generalizada na B3.

“À primeira vista, o negócio parece positivo, uma vez que a Equatorial que está pagando, em nossa estimativa, um múltiplo de 1 vez, levando em conta o valor da empresa de mercado e a base de ativos regulatória (RAB, na sigla em inglês), sendo que a compradora é negociada a 1,7 vez”, escreveu a equipe de análise do Bradesco BBI, chefiada por Francisco Navarrete, mencionando um desconto no valuation da Celg-D.

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Segundo eles, a distribuidora, em seu cenário base, deve ter um valor patrimonial entre R$ 2,6 bilhões e R$ 3,5 bilhões.

“Nosso cenário base inclui faturamentos não recebidos de capex [despesas de capital] de cerca de 20% para os investimentos realizados desde a última revisão tarifária em 2018, de aproximadamente R$1,4 bilhão, classificado como ‘outros’  investimentos pela Enel, o que traz incerteza sobre a inclusão no cálculo do RAB para a revisão de outubro de 2023”, pontuam.

“Além disso, levamos em conta também que não haverão cortes significativos de opex [despesas operacionais], visto que vemos a área de concessão da Celg semelhante à distribuidora Energisa Mato Grosso”.

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O Credit Suisse também vê a movimentação como positiva, falando que o consenso leva em conta uma RAB entre R$ 6,7 bilhões e R$ 7,5 bilhões, com múltiplo indo de 1 a 1,3 – com de 13% a 14% de outros ganhos. O banco, no entanto, afirma que aguarda as informações de como a operação será financiada.

A Equatorial fez recentemente um follow on no qual levantou R$ 2,8 bilhões e tem mais de R$ 10 bilhões em caixa, que provavelmente serão usados para pagar a aquisição.

De maneira geral, os comentários, fora do valuation, são de que a aquisição é positiva no âmbito operacional, pois a Equatorial faz sua maior aquisição em um estado que tem demanda reprimida por energia e que cresce acima do Brasil.

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Equatorial (EQTL3) diz que pagamento de dívida está contratada

Durante teleconferência com analistas, Augusto Miranda, CEO Equatorial, disse que o pagamento da dívida já está 100% contratado. “Isso mitiga a adequação da operação em cenário de volatilidade macroeconômica”, afirmou.

Segundo a Equatorial, a dívida será paga em até 12 meses após closing da operação. O restante, de R$ 1,6 bilhão, será pago com capital próprio.

A Enel, que vendeu o ativo, mantinha um relacionamento difícil com o governo de Goiás devido aos serviços prestados e enfrentava risco de ter a concessão cassada. A italiana obteve a concessão em 2018.

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Miranda fez questão de dizer, na apresentação da aquisição do novo ativo da Equatorial, que a “prioridade será avançar no fortalecimento do relacionamento junto ao governo e comunidade, e principalmente na qualidade do fornecimento de energia”.

CELG-D maior operação

A CELG-D passou a ser o maior ativo da Equatorial em número de clientes: 3,3 milhões. Miranda destacou o alto potencial de crescimento da distribuidora em Goiás, já que possui elevado período ainda de concessão (até 2045) “com retorno atrativo”.

O CEO apontou que a proximidade da distribuidora de Goiás com a revisão tarifária (prevista para outubro de 2023) trará expressivo crescimento do Ebitda à companhia.

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O início da operação da CELG-D deve ocorrer até o final do ano ou início de 2023, segundo a Equatorial. Trata-se da primeira operação da companhia no Centro-Oeste e a sétima distribuidora a entrar no portfólio da empresa.

“Será o ativo de menor complexidade comercial”, disse o executivo. “Realizamos a aquisição em tempo perfeito, com ativos de transmissão e distribuição maduros, com exceção da CEEE-D com turnaround”, acrescentou.

“Foi também o maior movimento de aquisição já feito pela empresa”, disse o CEO. “Essa aquisição é um movimento transformacional para nossa companhia”, complementou.

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Disse ainda que a aquisição “fortalece o papel da empresa no sistema nacional como distribuidor”.