Embraer (EMBR3) tem oportunidade que pode ser transformacional na Índia e analistas reiteram visão positiva

Conversas também podem ajudar a Embraer no desenvolvimento de seu modelo turboélice, aponta JPMorgan, que tem recomendação overweight

Lara Rizério

Publicidade

Uma notícia da última sexta-feira (3) da Bloomberg animou os investidores de Embraer (EMBR3) e foi visto como possivelmente transformacional para a fabricante de aeronaves, segundo o JPMorgan.

De acordo com informações da Bloomberg, citando fontes, a Índia busca parcerias com fabricantes globais de aeronaves, entre elas a Embraer e a russa Sukhoi, para produzir pequenos aviões localmente com o objetivo de melhorar a conectividade em cidades menores e áreas distantes.

O governo planeja ficar com 51% do capital de uma empresa indiana, enquanto o parceiro estrangeiro seria responsável pela transferência de tecnologia, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas, pois as deliberações estão em estágio inicial. Os jatos, que normalmente acomodam menos de 100 pessoas, devem ser produzidos em Gujarat, estado natal do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, segundo as fontes.

Continua depois da publicidade

O mercado de aviação indiano mostra o crescimento mais rápido do mundo e tenta aumentar sua frota de aviões pequenos, destaca a publicação.

Além disso, as estimativas sinalizadas no artigo apontam que a Índia demandará 2,2 mil aeronaves até 2040, com cerca de 1,7 mil sendo representados por aeronaves menores jatos (80%). Vale ressaltar que as companhias aéreas da Índia já operam com aeronaves da ATR e De Havilland.

O JPMorgan aponta que, mesmo que o artigo não comente sobre o potencial investimento que o governo da Índia quer fazer nesta parceria e o fato que as conversas ainda estão em fase inicial, o interesse em conversar com a Embraer é positivo para a empresa. Isso visto que o Embraer 175 é uma das aeronaves mais vendidas (bimotor a jato) com até 100 assentos.

Continua depois da publicidade

Além disso, essas conversas também podem ajudar a Embraer no desenvolvimento de seu modelo turboélice, já que a empresa espera apenas um parceiro estratégico para avançar com o projeto que foi pausado no início deste ano.

“A ação subiu mais de 10% na semana [passada] provavelmente ajudada por este fluxo de notícias positivas, bem como recentes acordos de serviço e apoio do governo filipino e a sinalização de que a empresa deve relatar fortes resultados do 4T22 [quarto trimestre de 2022] na próxima sexta-feira, 10 de março”, afirmam os analistas. O JPMorgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) ERJ, com preço-alvo de US$ 26,50, ou potencial de valorização de 96% em relação ao fechamento de sexta.

Cabe ressaltar que, no fim de fevereiro, a XP atualizou suas estimativas para a Embraer e reiterou recomendação de compra para as ações, introduzindo um preço-alvo de R$ 22,50 por ação para o final de 2023 (potencial de alta de 25%).

Continua depois da publicidade

“Acreditamos que o mercado não esteja precificando adequadamente as expectativas de crescimento da Embraer, com as tendências de recuperação da divisão comercial implicando em um múltiplo justo mais alto para a empresa consolidada versus os níveis atuais de valuation (nossa análise de “soma das partes” indica um múltiplo maior para a aviação comercial, considerando seu estágio no ciclo)”, apontaram os analistas.

Nesse sentido, destacaram esperar que 2023 continue refletindo uma melhoria operacional à medida que as entregas forem retomadas e a lucratividade aumente, com espaço limitado para um não atingimento do guidance este ano, em nossa opinião. “Finalmente, vemos opcionalidades promissoras, como Eve e uma eventual conclusão bem-sucedida no processo de arbitragem contra a Boeing”, apontaram na ocasião.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.