Em 2017 será possível ignorar totalmente o cartão físico, garante Itaú

Banco pretende que todas as operações sejam digitais “muito em breve”, e afirma que tarifa zero não existe

Paula Zogbi

Publicidade

SÃO PAULO – O lançamento do Samsung Pay em versão beta no Brasil nesta semana dá a letra: o pagamento pelo celular está chegando. E até o ano que vem estará disponível para todos os clientes do banco Itaú.

“Já estamos trabalhando em carteira digital e ela receberá toda a nossa base de clientes em julho”, garante Fernando Chacon, presidente da Rede, em coletiva conjunta com o Itaú. “Parceiros em e-commerce e varejo estarão preparados para compras sem cartão em aplicativos e sites já no mês que vem”.

Para as lojas, a previsão é um pouco mais distante, mas também quase imediata. “Entraremos em 2017 com essa possibilidade de [o cliente] não ter cartão quando for às lojas”, o que será possibilitado por meios de pagamento pelo celular, por exemplo, que já estão em testes internos tanto pelo banco como pela adquirente. “Todas as máquinas da Rede estarão equipadas com isso”, diz Fernando.

Continua depois da publicidade

Conta pela internet

“Fomos um dos bancos que fizeram o pleito com o Banco Central para permitir que clientes abrissem contas sem precisar ir à agência”, diz Ricardo Guerra Diretor-executivo de Tecnologia do Itaú Unibanco. “Vamos ter abertura de conta pela internet sim”.

A movimentação é natural, dado que a facilidade de fazer operações sem precisar comparecer a agências é uma tendência forte no Brasil, que ganha ainda mais espaço com a existência de empresas completamente digitais na área como Nubank e Banco Original.

Continua depois da publicidade

De acordo com ele, o Itaú trabalha de forma a trazer aos próprios clientes uma experiência semelhante, sem necessidade alguma de falar com atendentes ou ir à agência – mas sem ignorar as pessoas que ainda preferem os métodos tradicionais.

“Nãos sei e nem estou muito preocupado em saber quando a agência física vai acabar”, dispara Ricardo. “Eu tenho clientes que querem ir até a agência e eu preciso dar essa oportunidade para ele. [Ao mesmo tempo] temos uma suíte que visa atender de forma digital a todos os clientes que não querem [ir à agência]”.

Fintechs e preços

Publicidade

“As fintechs [startups que usam tecnologia em soluções financeiras] têm a vantagem de oferecer serviços em menor escala e com maior compreensão do cliente. Para nós, a fintech é uma sala de aula”, explica o diretor, sem ignorar a ameaça. “Algumas delas não vão querer parcerias e vão oferecer os mesmos serviços que nós, o que é obviamente uma concorrência, como todas as outras empresas que prestam os mesmos serviços são”, analisa.

Mesmo que eventualmente ofereçam serviços mais baratos, essas novas empresas provavelmente não ditarão os valores praticados pelo mercado em geral em transações. Para Fernando Chacon, da Rede, é mais importante focar em performance.

“Não vamos entrar na guerra dos preços, mas sim orientar nosso modelo de negócio pela performance. Teremos maior agressividade comercial no sentido de acompanhar os lojistas nessas operações e fazer uma ressegmentação do mercado, que prevê benefícios a correntistas, por exemplo”, explica Chacon.

Continua depois da publicidade

Tarifa zero não existe

Perguntado sobre a ameaça das operações de pagamentos sem taxas, o diretor é categórico: empresas não vivem sem rentabilizar.

“As startups funcionam, aqui ou no Vale do Silício, por meio de venture capital, um dinheiro que investidores colocam nas empresas pensando no médio prazo, quando a empresa vai ter que rentabilizar”, afirma Ricardo. Para ele, empresas como o Nubank, que oferece o cartão de crédito sem anuidade, precisarão encontrar alguma maneira de ganhar dinheiro. “Por enquanto a meta deles é ter uma base enorme de clientes sem ganhar dinheiro”, mas isso deve mudar, afirma.

Publicidade

De acordo com ele, ao mesmo tempo em que são mais baratas as operações digitais, o volume com que elas ocorrem acaba crescendo com o acesso ao digital. “As pessoas tiram muito mais extrato, fazem muito mais consultas e pagamentos. Não é mais barato [para o banco] porque existe um investimento por trás”, ele diz. “Mas claro que a ideia é nos tornarmos mais competitivo conforme a tecnologia permite a redução de custos”, encerra o diretor. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney