Eletrobras (ELET3 ELET6): Não há sentido, seja qual for o governo, em desfazer capitalização, diz CEO

De volta ao comando da elétrica, Wilson Ferreira Júnior diz que empresa tem potencial para se tornar a mais competitiva do setor

Mitchel Diniz

Wilson Ferreira Junior, presidente da Vibra Energia

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De volta ao comando da Eletrobras (ELET3;ELET6), oficialmente há pouco mais de uma semana, Wilson Ferreira Júnior foi questionado, durante coletiva com jornalistas, nesta quinta-feira (29), se não temia que a capitalização da companhia fosse desfeita numa eventual mudança de governo. E não demonstrou preocupação.

“Não há sentido econômico – para qualquer que seja o governo – desfazer a capitalização da Eletrobras”, disse ele. O presidente da companhia também lembrou o mecanismo conhecido como “pílula de veneno” (poison pill), que inibe a tomada de controle por um acionista. “O poison pill é três vezes o valor [da Eletrobras] na Bolsa”, reforçou.

A Eletrobras foi privatizada no último mês de junho com a emissão de novas ações da companhia. O governo manteve os papéis da empresa que já tinha, mas como o capital foi diluído, perdeu seu posto de controlador, deixando de “mandar” na elétrica.

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“O governo segue com participação relevante na empresa e acredito que tem interesse em que ela cresça, independente de quem seja o governante”, disse Ferreira Júnior.

Novo Mercado e dividendos

Na coletiva, o presidente da Eletrobras confirmou os planos para listar a companhia no Novo Mercado B3, nível mais alto de governança da Bolsa brasileira. Essa listagem deve ocorrer até o final do primeiro semestre de 2023.

Outro ponto abordado na coletiva foi a  alocação de capital da companhia,  tema considerado crítico e que precisa passar por “revisita estratégica”, disse Ferreira Júnior.

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Ele ressaltou que a alavancagem da empresa está comportada e que a gestão busca por uma estrutura ótima de capital. Sobre proventos, o presidente ainda não vê retornos além do mínimo estabelecido, ao menos por enquanto.

“Não imagino que a gente esteja aumentando dividendos no curto prazo, mas vamos debater com o conselho [de administração] uma política de dividendos”, disse.

Volta ao comando da Eletrobras

O presidente da Eletrobras ocupou esse mesmo cargo, de CEO, entre 2017 e 2021, e lembrou dos tempos em que a empresa perdeu o controle de seu endividamento, atrasando obras e compromissos importantes, precisando até de aportes do Tesouro Nacional.

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“Qualquer que seja o governo que venha ser desenhado, vai encontrar uma companhia diferente, com possibilidade de se tornar, ainda este ano, uma das empresas mais eficientes do país no setor elétrico, com exemplo de governança para o mundo”, afirmou Ferreira Júnior.

Na ocasião, o presidente da Eletrobras anunciou a criação de um “escritório da transformação”, uma diretoria ligada diretamente à presidência da companhia. A estrutura foi montada para centralizar a gestão e acompanhar as ações da companhia.

Ferreira Júnior também falou de quatro pilares estratégicos para a Eletrobras nessa nova fase, entre eles, a comercialização de energia no mercado livre. Com a abertura desse segmento para consumidores de alta tensão com carga inferior a 500 quilowatts, a empresa tem um desafio.

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“A Eletrobras tem experiência com grandes consumidores. Vamos ter que desenvolver área comercial, uma marca que chegue nos menores e atraí-los. Mas é um mercado muito importante”, afirmou Ferreira Júnior.

Passivos judiciais e PDV

Os outros pilares, ressaltados pelo executivo, dizem respeito à otimização das provisões para passivos judiciais, eficiência tributária e redução de custos.

No início de novembro, a Eletrobras deve apresentar oficialmente um programa de demissão voluntária (PDV), já acertado previamente com sindicatos.

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“Devemos ter redução importante no quadro de funcionários a partir desse PDV. Teremos a possibilidade de empregar gente nova, com experiência na companhia”, disse Ferreira Júnior.

O CEO também diz que conta com disciplina das controladas regionais da empresa e que a Eletrobras não vai ser investidor financeiro dessas companhias. “Vamos continuar com as mesmas subsidiárias, avaliando redundâncias que as empresas têm”, disse.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados