Doméstico deixa exterior no chinelo e salva balanços de Alpargatas e Grendene no 1T24

As companhias do setor de calçados apresentaram resultados acima das expectativas, mesmo com setor ainda fragilizado

Camille Bocanegra

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A Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas, e a Grendene (GRND3), dona da Ipanema e Melissa, apresentaram seus balanços na noite da quinta-feira (9). Mesmo com setor ainda fragilizado por condições externas mais desafiadoras e cenário doméstico em recuperação, ambas trouxeram resultados considerados positivos por analistas.

A expectativa é que 2024 seja um ano positivo de acordo com as tendências apresentadas nos resultados. Com isso, ALPA4 avançou 3,31% (R$ 10,70), enquanto GRND3 subiu 0,51%, a R$ 5,96.
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A Grendene se destacou com volumes de venda domésticas robustos, que compensaram o impacto negativo das exportações ainda reduzidas, segundo o Bradesco BBI. A visão do banco é que os números apresentados foram relativamente positivos e demonstraram a capacidade de adaptação da companhia. Diante do cenário exterior mais pressionado, a companhia trouxe preços mais altos e apresentou capacidade de se apoiar em sua ampla gama de produtos de calçados no Brasil, de acordo com o BBI.

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“Além disso, o crescimento excepcional de 25% ao ano nas vendas da marca Melissa foi um ponto positivo no Brasil, juntamente com um crescimento de 21% nas vendas, destacando a resiliência da marca. A empresa demonstrou crescimento constante e retornos estáveis, apesar das mudanças no ambiente tributário”, considera o banco.

Os números mostram um bom início de 2024 para a marca, segundo a análise, que aposta em expansão contínua de volumes ao longo do ano. O múltiplo da relação entre o preço sobre lucro considerado para a Grendene é de 9 vezes para fim do ano, com os lucros estimados para 2024. A avaliação é vista como justa pelo banco, considerando a projeção de crescimento anual de 8,7% no lucro por ação. A classificação segue neutra e tem preço alvo de R$ 7,00 para fim de 2024.

Já a Alpargatas apresentou o que o Bradesco BBI considerou como “tendência subjacentes sólidas” e deve ter movimento positivo nas ações na sessão de hoje. O banco comenta que não esperava uma recuperação tão rápida de volumes domésticos e que os números das operações no Brasil trazem retomada da participação de mercado, além de dados positivos em operações fabris e controles de despesas.

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“Vemos tendências positivas se formando, uma vez que o trimestre deve indicar fortes resultados no Brasil para o ano fiscal de 2024. Além disso, as operações internacionais ainda apresentam forte contraste em termos de volumes, afetadas pela estratégia em curso de redução de estoques e saída de operações diretas em determinados mercados, embora tanto a margem bruta quanto as despesas gerais, com vendas e administrativas nos tenham surpreendido positivamente”, comenta a equipe de análise.

O otimismo com o nome, contudo, ainda vai depender de outra rodada de bons resultados para se consolidar, segundo a análise. Para garantir um verdadeiro impulso para os papéis, ainda é necessário que haja recuperação nos mercados internacionais e que a companhia apresente melhor qualidade de lucros (considerando amortizações e impactos não recorrentes). A avaliação para o nome fica em 13,7 vezes o múltiplo de preço sobre lucro para 2025, revisado após o balanço de ontem, e considera o retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 11% esperado para os próximos três anos.